Nos últimos anos, a Amazon.com gastou bilhões de dólares em novos depósitos que reduziram os lucros da companhia, explicando aos investidores que não tinha escolha a não ser atender à crescente demanda dos consumidores.
Acontece que a Amazon pode ter construído muitos depósitos, muito cedo, dizem os analistas.
A Amazon, maior varejista online do mundo, divulgou ontem (28) US$ 2 bilhões (R$ 9,8 bilhões) em custos incrementais devido ao excesso de capacidade de atendimento (fulfillment) e transporte, uma mudança dramática em relação a apenas dois anos atrás, quando a empresa teve que recusar mercadorias de fornecedores dado que tinha espaço apenas para produtos vitais.
A empresa está reduzindo os planos de investimentos para 2022, disse o diretor financeiro da Amazon, Brian Olsavsky. A varejista gastará menos em projetos de fulfillment este ano do que no ano passado, enquanto os investimentos em transporte serão estáveis ou ligeiramente mais baixos.
A nova realidade começou a surgir na metade de 2021. A Amazon estava a caminho de dobrar a rede de armazéns e entregas, passo necessário pela adoção das compras em casa pelos consumidores durante a pandemia. Pela primeira vez, o espaço não era a principal restrição do varejista, mas a mão de obra. Na escala da Amazon, isso significava contratar 270 mil trabalhadores em seis meses.
Após o feriado de Natal, a demanda do consumidor diminuiu, como sempre. As vendas online caíram em relação a um ano atrás, mostraram os resultados da Amazon, mas os padrões de pedidos permaneceram os mesmos, segundo a empresa.
A Amazon acabará precisando desses depósitos, disse Michael Pachter, analista da Wedbush Securities. Mas os resultados da empresa forneceram pouco consolo.
“Eles não previram isso quando construíram todos esses centros de fulfillment?” Pachter perguntou, observando como a Amazon dobrou a capacidade de duas décadas em apenas 24 meses. “Por que não fazê-lo em 48 [meses]?”
O lucro operacional da Amazon caiu 59%, para US$ 3,7 bilhões (R$ 18 bilhões), no primeiro trimestre, enquanto um declínio nas ações que a Amazon detém na fabricante de veículos elétricos Rivian resultou no primeiro prejuízo líquido da empresa desde 2015.