Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) – A colheita de café arábica dos cooperados da Cooxupé atingiu 9,55% do total projetado para a safra até o dia 10 de junho, registrando o ritmo mais lento desde ao menos 2017 para a época, com produtores esperando o melhor momento para iniciar os trabalhos, segundo dados da cooperativa divulgados nesta quarta-feira.
Na comparação com 2021, quando a safra foi de baixa no ciclo bianual do arábica, o atraso é de 2,5 pontos percentuais. Em relação ao último de alta produtividade da cultura (2020), os trabalhos estão 7 pontos percentuais atrás. Em 2017, somavam pouco mais de 11% nesta época.
Algumas áreas do Sul de Minas Gerais, principal região de atuação da Cooxupé, registraram algumas chuvas no início do mês, assim como precipitações ocorreram em praças de São Paulo, o que pode limitar trabalhos, segundo o Cepea e dados do terminal Eikon, da Refinitiv.
“Realmente está atrasada (a colheita). Produtores estão esperando o café secar bastante. Como a colheita é menor, estão esperando para que o processo de colheita estrague o mínimo possível os pés de café”, disse o superintendente comercial da Cooxupé, Lúcio Dias, à Reuters.
Dias notou, contudo, que as chuvas têm sido fracas, ficando entre 5 e 10 milímetros na semana passada.
Após geadas no ano passado e com os cafezais ainda sofrendo impacto da seca de 2021, a produção em 2022 não será tão grande quanto poderia ser em um ano de alta bianualidade do arábica.
A Cooxupé, maior cooperativa de café do Brasil e também principal exportadora, espera um aumento no recebimento de café em 2022, para 6,1 milhões de sacas de 60 kg, sendo 4,6 milhões dos cooperados e 1,5 milhão de terceiros. Em 2021, a cooperativa recebeu 5,6 milhões de sacas.
O volume esperado pela Cooxupé representa 17% da safra de arábica estimada no Brasil em 2022 pela estatal Conab, de 35,7 milhões de sacas.
Um atraso na safra em importante região produtora tem potencial de deixar mais lentos os fluxos de exportação da nova temporada do Brasil.
Entre as regiões de atuação da Cooxupé, a colheita está mais avançada no Sul de Minas Gerais, com 12,4% do café dos cooperados já colhido. Na região de São Paulo onde a cooperativa opera, pouco mais de 11% já foi retirado dos pés nesta safra, enquanto no Cerrado os trabalhos atingiram apenas 3,55% do projetado.
Agentes do setor também têm relatado dificuldades para a contratação de trabalhadores para a colheita.
(Por Roberto Samora)