Por Sybille de La Hamaide
PARIS (Reuters) – O grupo francês Tereos pode fechar parte de sua capacidade de produção de açúcar na França como parte de uma revisão de estratégia mais ampla, já que antecipa mais quedas na produção de beterraba sacarina, disse a empresa nesta quinta-feira.
A Tereos, maior produtora de açúcar da França e a segunda maior do mundo, com suas atividades de cana-de-açúcar no Brasil, sempre disse que não fecharia fábricas na França, em contraste com os concorrentes Cristal Union e Saint Louis Sucre, da Suedzucker, que fecharam algumas em 2020..
“A realidade de ontem não é necessariamente a realidade de amanhã”, disse o chefe da unidade de açúcar na Europa, Olivier Leducq, a repórteres após a apresentação dos resultados anuais do grupo.
Ele disse que a revisão está em andamento e um corte na capacidade não significa necessariamente o fechamento completo de uma fábrica.
A área de beterraba semeada pelos cooperados da Tereos encolheu 10% nos últimos cinco anos, e Leducq disse esperar que caia mais 10% até 2024.
A produção de beterraba sacarina na França diminuiu regularmente desde que as cotas da União Europeia terminaram em 2017. Os agricultores foram dissuadidos por preços baixos e, mais recentemente, por doenças que devastaram as plantações.
Ao mesmo tempo, a Tereos enfrenta excesso de capacidade no Brasil, onde o grupo suspendeu as operações por um ano em sua usina de açúcar e etanol Severínia, no noroeste de São Paulo, para otimizar a produção após uma colheita de cana ruim.
O diretor financeiro Gwenael Elies disse que a decisão de interromper as atividades em Severínia foi temporária e será revisada no próximo ano. O grupo não tem intenção de vender a unidade, disse ele.
A menor produção e os altos custos, principalmente por causa do aumento dos preços do gás, provavelmente elevarão os preços do açúcar na Europa no ano fiscal até 31 de março de 2023, enquanto os preços mundiais do açúcar devem permanecer próximos dos altos níveis atuais, disse ele.
Os altos preços do etanol e do açúcar aumentaram o interesse dos investidores no Brasil, onde quase 30% da capacidade de moagem de cana-de-açúcar está ociosa.