Muita gente chorou com a quebra do Silicon Valley Bank (SVB), instituição norte-americana conhecida como o banco das startups. Porém, os fundadores da fintech brasileira Trace Finance, Bernardo Brites, Leone Parisi e Rafael Luz, podem agradecer todos os dias pelo ocorrido.
A Trace nasceu há pouco mais de um ano e meio, com a intenção de facilitar o processo de câmbio das rodadas de investimento feitas por startups fora do país. Em português simples, o grupo de fundadores percebeu que muitas startups brasileiras recebiam dinheiro de investidores no exterior e tinham que pagar valores altos para transferir os recursos para o Brasil.
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“Ao longo do tempo, nós percebemos que quase todas as startups que atendíamos tinham conta no Silicon Valley Bank”, afirma o CEO da companhia, Bernardo Brites. “Só que os processos de remessa deles eram muito falhos, o dinheiro demorava horas ou até dias para chegar ao Brasil e muitas vezes era depositado nas contas de pessoas erradas.”
Desta forma, a empresa começou a planejar tornar-se uma opção brasileira do SVB, muito antes da queda do banco. A intenção era lançar o produto de Global Banking no fim de abril, mas o processo precisou ser agilizado.
“Na quinta-feira (9), quando o SVB começou a apresentar sinais de problemas mais sérios, nós tivemos que virar a noite para ajudar os nossos clientes a tirar o dinheiro de lá”, diz Brites. “Começamos a transferir o dinheiro para contas de câmbio, onde ele ficaria salvo em qualquer problema, e na própria sexta-feira (10) já iniciamos o processo de abertura de contas no nosso banco para eles.”
No momento, a Trace era uma das únicas opções para as startups, já que os bancos tradicionais pediam até 60 dias para abrir uma conta. O processo teve que ser feito na marra. O que era esperado para acontecer em um mês, foi desenvolvido em três dias. Logo no início, mais de 350 empresas se cadastraram na lista de espera para virar correntista do novo banco, totalizando um montante de US$ 3 bilhões em conta.
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De acordo com o CEO, o Global Banking é segurado pelo FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation) e ainda conta com seguros adicionais que somam até US$ 2 milhões de dólares, ferramentas que buscam trazer segurança para os executivos que ficaram traumatizados com o processo do SVB.
“Nós esperamos conseguir converter boa parte dos clientes e estamos buscando melhorias para que o nosso produto seja cada vez mais seguro, como aumentar a cobertura do seguro diversificando o dinheiro entre diversos bancos, o que minimiza os problemas em casa de mais alguma quebra”, afirma Brites.
Ele ainda diz que acha muito interessante ter cartão com limite, cashback e outras funcionalidades, mas a preocupação com a segurança hoje ultrapassa qualquer uma dessas ferramentas.
Durante o pouco tempo de vida da Trace, a companhia levantou apenas R$ 22 milhões. De acordo com o CEO, a expectativa daqui pra frente é de conseguir se manter com as próprias pernas. No momento, a fintech tem 200 clientes e quase R$ 2 bilhões em aportes.