O setor de varejo brasileiro iniciou 2023 com mais força do que o esperado e com alta recorde nas vendas para janeiro, mesmo em um cenário de crédito apertado e economia fraca no Brasil, com juros elevados.
Em janeiro, as vendas no varejo tiveram alta de 3,8% em comparação com o mês anterior, marcando a maior variação para o mês desde o início da série histórica, em 2000. O avanço também é o maior para qualquer mês desde julho de 2021.
Os dados divulgados hoje (12) pelo IBGE também apontam alta de 2,6% na comparação com janeiro do ano passado.
Ambas as leituras superaram as expectativas em pesquisa da Reuters de alta de 3,2% na base mensal e de 1,4% na anual.
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Com isso, o comércio varejista diminui a distância para o nível recorde da série, de outubro de 2021, que agora é de -2,9%.
“É um resultado importante, porque o comércio vinha de resultados negativos ou estabilidade”, afirmou Cristiano Santos, gerente da pesquisa.
Entre as oito atividades pesquisadas, sete apresentaram aumento das vendas no primeiro mês do ano. Os destaques foram os crescimentos de 27,9% no setor de tecidos, vestuário e calçados; e de 2,3% em hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo.
“Ambos os setores sinalizam uma recuperação em janeiro. Com as quedas anteriores e a base de comparação mais baixa, houve um crescimento importante em janeiro, motivado principalmente por iniciativas pós-Natal”, explicou Santos.
O único setor que registrou queda nas vendas em janeiro foi o de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, de 1,2%.
As vendas no comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças; material de construção e agora atacado especializado em alimentos, bebidas e fumo, avançaram 0,2% em janeiro na comparação com dezembro.
O desempenho do varejo no país contrasta com a produção industrial, que em janeiro registrou contração de 0,3% na produção em relação ao mês anterior, e os varejistas tendem a enfrentar agora as consequências dos juros altos no país, que encarecem o crédito.
O IBGE informou ainda que esta foi a primeira divulgação da nova série da pesquisa, que passou por atualizações na seleção da amostra de empresas, ajustes nos pesos dos produtos e das atividades, além de alterações metodológicas, para retratar mudanças econômicas da sociedade.