O futebol brasileiro sempre chamou a atenção do mercado internacional, em especial pela qualidade dos atletas formados por aqui. Porém, desde os anos 1950, quando Pelé começou a se destacar e mudou a história da modalidade, muita coisa mudou até hoje – e deve mudar ainda mais.
Empresas de entretenimento como a Roc Nation, fundada pelo rapper e empresário Jay-Z – e , como se não bastasse, marido de Beyoncé –, começaram a olhar para o nosso mercado, que movimentou cerca de R$ 52,9 bilhões em 2022, de outra maneira e se mostram dispostas a investir no que veem. Não por acaso, há pouco mais de um mês a empresa comprou a agência brasileira TFM Agency, que representa diversos atletas de renome, como Vinícius Júnior, jogador do Real Madrid.
“Eu acredito que a chegada da Roc Nation reflete a entrada dos americanos no esporte em geral. Hoje, clubes de todas as ligas europeias estão sendo adquiridos por grupos de investidores americanos e isso mostra o valor do futebol com entretenimento e conteúdo, que no fim é o que eles procuram”, afirma Frederico Pena, CEO da ex-TFM Agency, que agora se chama Roc Nation Sports Brazil.
Na visão de Pena, o que prende as pessoas ao esporte hoje em dia não é só o placar e o campeonato em si, mas também o entretenimento “premium” que aquilo proporciona, desde a transmissão ao vivo, até tudo que aquele clube ou atleta trazem de valor. O CEO compara a perspectiva do futebol com a da Fórmula 1, que viu seu público mudar após o lançamento da série dos bastidores do esporte “Drive To Survive”, produzida pela Netflix.
“Os americanos perceberam essa tendência em outros esportes e querem trazer isso para o futebol. Pensando nisso, a primeira coisa que vem à cabeça é: de onde saíram os maiores talentos do esporte nos últimos 70 anos? A resposta é simples: do Brasil”, afirma Pena.
A escolha de comprar a agência, que gerencia em torno de R$ 550 milhões em salários de atletas ao ano, foi pioneira. Mas não é só a Roc Nation que está querendo investir no futebol brasileiro. Com a mudança da legislação, na qual os clubes agora podem se tornar SAFs (Sociedade Anônima do Futebol), muitos fundos norte-americanos estão adquirindo o futebol de clubes como o Vasco e Botafogo.
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Para Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo e sócio-diretor da Wolff Sports, o momento realmente não poderia ser melhor para a mudança de pensamento em relação ao esporte. “A entrada de um player global é sempre impactante, ainda mais no futebol brasileiro, em que o mercado começou a entender a importância de valorizar o jogador como marca”, afirma.
Em sua visão, os efeitos da aquisição devem ser sentidos tanto no futebol nacional quanto no internacional, já que o meio de contato com os grandes times de fora se torna muito mais simples e aberto. “A fusão da Roc Nation amplifica a capacidade do grupo em conectar os atletas nacionais com estrelas mundialmente conhecidas, o que também é bastante positivo”, complementa Wolff.
Quais são os próximos passos?
Pensando na visão que os americanos têm dos esportes, é esperado que o posicionamento dos atletas mude e que eles se tornem, cada vez mais, suas próprias marcas. Na visão de Pena, ter acesso ao conhecimento de conteúdo da Roc Nation é uma das grandes vantagens da aquisição, já que boa parte dos atletas tem a pretensão de contar a sua história ao mundo.
“Hoje, com as redes sociais, não é mais suficiente fazer o seu trabalho em campo e pronto. É preciso se comunicar diretamente com o público, ter controle da sua própria história e narrativa. Na minha visão, estar dentro de uma empresa que faz esse trabalho há muito tempo é muito benéfico para os atletas que temos em casa”, explica Pena.
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Para ele, o Brasil ainda está um pouco atrasado em relação à promoção dos jogadores que estão em clubes nacionais. “É isso que eu acho que a Roc Nation vai trazer para o nosso mercado”, afirma o CEO.
Que faz a Roc Nation?
Jay-Z criou a Roc Nation em 2008 com o intuito de gerenciar a carreira de grandes artistas como Rihanna, Alicia Keys e Christina Aguilera e se tornou uma das maiores empresas de entretenimento do mundo. Cinco anos após a sua fundação, a empresa lançou a sua divisão de esportes, a Roc Nation Sports, baseada no amor do rapper pelo setor.
Com sede também no Reino Unido, o portfólio da Roc Nation Sports inclui atletas de destaque como LaMelo Ball, Kevin De Bruyne, Romelu Lukaku, Saquon Barkley, Dez Bryant, Danny Green, Rudy Gay, Todd Gurley e agora conta com a entrada de craques brasileiros como Vinícius Júnior, Lucas Paquetá e Endrick em seu portfólio.
Veja quais são os times mais endividados do Brasil em 2023:
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Getty Images/Eurasia Sport Images 1. Atlético-MG
Dívida: R$ 1,5 bilhão
Origem: Minas Gerais -
Getty Images/Eurasia Sport Images 2. Cruzeiro
Dívida: R$ 1,1 bilhão
Origem: Minas Gerais -
Getty Images/ Alexandre Schneider 3. Botafogo
Dívida: R$ 1,04 bilhão
Origem: Rio de Janeiro -
Getty Images/ Alexandre Schneider 4. Corinthians
Dívida: R$ 927 milhões
Origem: São Paulo -
Anúncio publicitário -
Getty Images/ Buda Mendes 5. Vasco
Dívida: R$ 679 milhões
Origem: Rio de Janeiro -
Getty Images/ Wagner Meier 6. Fluminense
Dívida: R$ 678 milhões
Origem: Rio de Janeiro -
Getty Images/ Fernando Alves 7. Internacional
Dívida: R$ 653 milhões
Origem: Rio Grande do Sul -
Getty Images/ Alexandre Schneider 8. São Paulo
Dívida: R$ 587 milhões
Origem: São Paulo -
Getty Images/ Ricardo Moreira 9. Santos
Dívida: R$ 540 milhões
Origem: São Paulo -
Getty Images/ Eurasia Sport Images 10. Grêmio
Dívida: R$ 518 milhões
Origem: Rio Grande do Sul
1. Atlético-MG
Dívida: R$ 1,5 bilhão
Origem: Minas Gerais