Espera-se para as próximas horas a confirmação de que o fundo de private equity americano Advent vendeu sua participação controladora na tradicional empresa de varejo de chocolates Kopenhagen para a Nestlé do Brasil. Se a transação for confirmada, será o segundo desinvestimento da Advent no varejo brasileiro neste trimestre.
No início de agosto, o fundo zerou sua participação acionária no Carrefour. A Advent havia se tornado um investidor importante na rede de varejo em 2021, quando vendeu a rede de supermercados Big – sucessora das operação da americana WalMart – para o Carrefour.
As dez maiores varejistas do Brasil
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Gabriela Melo/Reuters 1- Grupo Carrefour Brasil (CRFB3)
Segmento: Super, Hiper, Atacarejo e Conveniência
Faturamento em 2022: R$ 108 bilhões -
Paulo Whitaker/Reuters 2- Assaí (ASAI3)
Segmento: Super, Hiper, Atacarejo e Conveniência
Faturamento: R$ 59,7 bilhões -
Divulgação/Magazine Luiza 3- Magazine Luiza (MGLU3)
Segmento: Lojas de Departamento, Artigos do Lar e Mercadorias em Geral
Faturamento: R$ 44,7 bilhões -
Divulgação/Casas Bahia 4- Via (VIIA3)
Segmento: Eletromóveis
Faturamento: R$ 39 bilhões -
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Reprodução 5- Americanas (AMER3)
Segmento: Lojas de Departamento, Artigos do Lar e Mercadorias em Geral
Faturamento: R$ 34,4 bilhões
*Rombo contábil foi divulgado em janeiro de 2023. -
RaiaDrogasil/ Reprodução 6- RaiaDrogasil (RADL3)
Segmento: Drogaria e Perfumaria
Faturamento: R$ 30,9 bilhões -
Divulgação 7- Grupo Boticário
Segmento: Drogaria e Perfumaria
Faturamento: R$ 23,6 bilhões -
Divulgação/Natura 8- Natura&CO (NTCO3)
Segmento: Drogaria e Perfumaria
Faturamento: R$ 20,7 bilhões -
Divulgação/Grupo Mateus 9- Grupo Mateus (GMAT3)
Segmento: Super, Hiper, Atacarejo e Conveniência
Faturamento: R$ 20,4 bilhões -
Divulgação/Pão de Açúcar 10- Grupo Pão de Açúcar (PCAR3)
Segmento: Super, Hiper, Atacarejo e Conveniência
Faturamento: R$ 18,4 bilhões
1- Grupo Carrefour Brasil (CRFB3)
Segmento: Super, Hiper, Atacarejo e Conveniência
Faturamento em 2022: R$ 108 bilhões
Apesar de envolverem o mesmo setor, as duas vendas têm motivações diferentes. O desinvestimento no Carrefour justifica-se pela redução da exposição a um setor sujeito a inúmeros desafios. O varejo tem enfrentado compressão de margens devido aos juros elevados e ao aumento da inadimplência. Isso vale para todos os segmentos, apesar de o varejo de alimentos ser menos cíclico.
Já no caso da Kopenhagen, a venda deveu-se ao bom momento da empresa. Em 2020 o Advent adquiriu o grupo CRM, controlador da Kopenhagen, por um valor não revelado. Recentemente, os bons resultados do negócio fizeram o fundo considerar uma realização dos lucros. A estimativa dos profissionais de fusões e aquisições é que a aquisição envolve múltiplos de 12 a 15 vezes a geração de caixa medida pelo Ebitda.
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A transação tem algumas particularidades. No Brasil, assim como em quase todos os países em que atua, a Nestlé é uma empresa industrial. Sua atuação no varejo é indireta, por meio de representantes.
Mais recentemente, a companhia passou a considerar a participação no comércio eletrônico, segundo o executivo Bernard Meunier, vice-presidente de Unidades Estratégicas, Marketing e Vendas da Nestlé global. “O consumidor tem de poder encontrar nossos produtos em diversos locais”, disse ele em uma entrevista exclusiva à Forbes. No entanto, a empresa nunca apostou no varejo por aqui.
Isso muda com a compra da Kopenhagen. Incluindo a controlada Brasil Cacau, que atua em um segmento mais popular, o grupo tem uma rede de cerca de 800 lojas em quase todos os Estados brasileiros e é um exemplo de franqueadora bem-sucedida.
Caso confirmado, o negócio ocorre cerca de três meses depois que o Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a compra da Garoto pela Nestlé, após sete anos de tramitação. Na ocasião, um dos termos do acordo com a autarquia estabelecia que o grupo suíço se comprometesse a não adquirir ativos que representassem pelo menos 5% do mercado de chocolates no Brasil por cinco anos.
Procuradas, Advent, Nestlé e Kopenhagen não atenderam às solicitações imediatas de entrevistas da Forbes Brasil.
* (atualizado, com Reuters)