Mark Schneider, recém-destituído presidente-executivo da Nestlé, conduziu a maior fabricante de alimentos do mundo durante a pandemia da covid-19. Na época, ele teve êxito em aumentar as margens da empresa, apesar da subsequente crise na cadeia de suprimentos. Além disso, realizou uma reorganização histórica na estrutura da companhia.
Desde o pico da pandemia, no início de 2022, as ações da gigante do setor acumulam queda de 30%. Daí porque a saída dele após oito anos como CEO, anunciada na semana passada, levantou preocupações quanto à intenção dos consumidores em comprar produtos de marcas premium.
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Embora a Nestlé tenha se recusado a comentar sobre os motivos da saída doe Schneider e ele tampouco não tenha respondido a uma solicitação nesse sentido, fontes disseram à Reuters na última sexta-feira (23) que o executivo havia sido demitido.
Seja como for, ele é o mais recente CEO do setor de bens de consumo a ser demitido. Na semana passada, Laxman Narasimhan perdeu o cargo de CEO da Starbucks depois de menos de dois anos. Ao mesmo tempo, o CEO da Estée Lauder, Fabrizio Freda, planeja se aposentar em 2025, depois que a empresa de cosméticos enfrentou problemas nos últimos meses.
Já em 2023, novos CEOs começaram a trabalhar na Unilever; na Reckitt Benckiser, e na Diageo.
Bastidores da saída
Conforme relatos à Reuters, a diretoria da Nestlé estava preocupada com o fraco crescimento das vendas.
Afinal, até que ponto a inflação está mudando os hábitos de consumo? Analistas do mercado financeiro avaliam que após um longo período de alta generalizada dos preços, os consumidores simplesmente passaram a optar por outras marcas.
A Nestlé não conseguiu reduzir seus aumentos de preços e, quando fez isso, no ano passado, os volumes de vendas continuaram fracos.
Além disso, também é crescente a preocupação com o ritmo mais lento de desenvolvimento de novos produtos. Por sua vez, os lançamentos têm levando mais tempo para serem planejados.
Dados da Nielsen deste ano até junho analisados pelo Barclays mostram que a participação da Nestlé no mercado de varejo caiu drasticamente na Europa em relação ao ano anterior. Além disso, foi profundamente prejudicada nos Estados Unidos.
Outras empresas também perderam participação no mercado e volumes de vendas devido aos preços mais altos. Entretanto, nos últimos trimestres, rivais como PepsiCo e Unilever conseguiram aumentar os volumes novamente, com apoio em inovação e publicidade.
De um modo geral, as empresas do setor de bens de consumo tentam reconquistar a confiança dos consumidores em um ambiente de taxas de juros elevadas e maior controle dos gastos das famílias.
Quem é Mark Schneider?
Schneider, de 58 anos, tornou-se em 2017 a primeira pessoa de fora da empresa a liderar a Nestlé em quase um século. As ações atingiram o pico durante seu mandato, batendo um recorde de 129,5 francos suíços (US$ 152,73) no início de 2022.
Naquele ano, ele liderou uma reformulação da empresa, mudando a diretoria executiva para se alinhar com uma nova estrutura geográfica.
Enquanto isso, empresas rivais não conseguiram sustentar o crescimento da margem operacional nos sete anos até 2023. Já Schneider fez a margem da Nestlé aumentar de 16,5% para 17,3%. Esse feito foi particularmente notável, dado o impacto que as margens do setor sofreram durante a pandemia.
No entanto, a Nestlé registrou um crescimento irregular das vendas durante os quase oito anos de mandato de Schneider em comparação com alguns de seus concorrentes. O ritmo perdeu o impulso ganho durante a pandemia ao afastar os consumidores com preços muito altos em 2023.
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O substituto, Laurent Freixe, um francês de 62 anos, começou a trabalhar na Nestlé há 40 anos nas funções de marketing antes de subir na hierarquia para cargos executivos. O novo CEO mostrou foco no crescimento orgânico, em vez de aquisições.
(*Com agências internacionais)
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