Ao longo dos últimos anos, FORBES tem se interessado cada vez mais por um dos países mais pobres do mundo: a Libéria. Porém, além de ocupar esse posto, o país tem uma ótima promessa de desenvolvimento agora que é liderado pela primeira presidente mulher e vencedora do Prêmio Nobel, Ellen Johnson Sirleaf. Uma delegação de filantropos e empresários como Kathe Meyler e Dr. Raj Panjabi, reconhecidos mundialmente por seus esforços contra a crise do Ebola e reformas na educação e no sistema de saúde, viajaram ao país.
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Um dos grandes pilares do progresso da Libéria nessa última década, Rita K. Levinson, uma conselheira da presidente Ellen, publicou recentemente um excelente livro que conta tudo o que aconteceu nos últimos dez anos, chamado “Choosing the Hero” (Escolhendo o Herói). A Rita fala sobre o legado de Ellen no país africano.
Como você se interessou pela Libéria?
Meu interesse pela Libéria surgiu logo depois do meu primeiro encontro com Ellen. Foi em julho de 1996 e ela estava trabalhando na ONU, exilada de sua terra natal, esperando que seu país fosse aberto novamente para que ela pudesse voltar para casa. Eu tinha quase 30 anos e já estava cansada e entediada com o meu trabalho como lobista internacional. Quando conheci Ellen, vi nela uma determinação que nunca tinha visto antes – um compromisso com a democracia e com os direitos humanos. Por sorte, ela também viu algo em mim. Algo que eu mesma nunca tinha visto.
O que mudou desde que você chegou?
Tudo mudou. Quando comecei a trabalhar aqui, havia apenas medo e guerra. Charles Taylor, um comandante brutal, estava no controle do país. Uma geração de jovens havia sido perdida para a guerra. Adolescentes, homens e mulheres nunca tiveram a chance de estudar ou até mesmo aprender a ler e escrever. Então, em 2005, Ellen fez história ao ser a primeira mulher eleita para liderar uma nação africana.
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Atualmente, a Libéria já está muito à frente do que era quando chegamos. Houve um progresso muito grande na reconstrução da infraestrutura, na inauguração de escolas, direito a assistência médica, além de outros serviços sociais e o restabelecimento das instituições democráticas.
A crise do Ebola chegou a abalar vocês?
A crise do Ebola não abalou nem a minha fé nem a fé da presidente. Porém, estaríamos mentindo se dissermos que não sentimos medo. Muitos liberianos me disseram que preferiam correr risco de morrer na guerra, porque pelo menos, eles podiam fugir do inimigo.
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No verão de 2014, quando a taxa de infecção estava crescendo exponencialmente, houve um momento em que todos nós realmente duvidamos se a Libéria conseguiria combater a doença. E foi isso que os liberianos fizeram.
Como o fato de você e a presidente Ellen serem mulheres em um continente que ainda precisa evoluir muito na questão da igualdade de gênero moldou sua experiência?
A presidente foi bem-sucedida, apesar de ser mulher. Como eu explico em meu livro, tudo e todos se voltaram contra ela quando concorreu à presidência em 2005. Mas o que não viram foi que o povo estava cansado de guerra. Eles queriam uma vida melhor para suas famílias, e viram em Ellen uma solução para seus problemas.
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Qual você acha que vai ser o seu legado? E quão estável ele será quando Ellen sair do poder?
Penso que o legado da presidente da Libéria será as instituições democráticas que ela construiu. O país pode ter altos e baixos, mas as mudanças dela são irreversíveis e eu acredito que o povo demandará o melhor de seus líderes.