Quando Sheryl e Nate Santee ficaram noivos em setembro, o casal de Houston decidiu por um luxuoso casamento, com 300 convidados. Mas então o coronavírus chegou e os forçou a reconsiderar os planos.
“Inicialmente, eu queria esperar até 2021, mas tinha certeza da minha decisão e não via o momento de acontecer”, diz Nate. “Com tudo isso acontecendo, o amanhã não é uma certeza. Devemos apenas fazer o que nos propomos”.
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Foi então que Sheryl recebeu uma mensagem de sua mãe sobre o The Post Oak Hotel com uma oferta virtual de casamento no Uptown Houston. “Foi uma surpresa, porque o The Post Oak Hotel foi o primeiro que vimos quando queríamos fazer uma celebração maior”, diz Sheryl. “Desde a juventude, em todos os casamentos em que participei, os noivos sempre se casavam em um hotel. Eu queria fazer a coisa toda assim também.”
Embora o casal já tivesse visitado o hotel de luxo antes da Covid-19, eles foram ao espaço dois dias depois para estudar a ideia do casamento virtual. Um olhar determinou a decisão. “Parecia um conto de fadas para mim”, diz Nate. “Quando penso em um casamento, penso nesse tipo de ambiente”.
Como o futuro da pandemia permanece incerto, as pessoas não tem mais esperado o vírus para se casar. Em vez disso, estão se planejando para micro-casamentos ou comemorações de menor escala, com 50 pessoas ou menos.
Micro-casamentos não são novidade. Mas na era da Covid, quando grandes grupos não podem se reunir, esse tipo de núpcias registrou um aumento. Os hotéis mais experientes adicionaram um componente virtual para permitir que familiares e amigos de perto e de longe participem das festividades. O Langham, na 5ª Avenida, em Nova York, por exemplo, lançou recentemente o The Essential Langham Wedding, um pacote que inclui uma sala para até 25 participantes, um juiz de paz, uma sessão de fotos de duas horas, champanhe, bolo, uma noite no o hotel e, é claro, serviços de teleconferência para convidados virtuais.
O The Post Oak teve a ideia de casamentos virtuais em meados de março. “Todos os eventos, reuniões e celebrações foram paralisados”, diz o gerente, Steven Chou. “Os casamentos planejados para a primavera e o início do verão foram cancelados. Então, analisamos nossa situação, nossos eventos e equipes de vendas, e nos perguntamos: o que poderíamos fazer para nos ajustar aos tempos e ser sensíveis à pandemia, mas ao mesmo tempo permitir que as pessoas comemorem esse momento marcante na vida?”
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O hotel encontrou a resposta. O The Post Oak já recebeu seis casamentos virtuais (com outro planejado em julho) mas continua a estudar a situação. “O feedback foi excepcional”, diz Leo Hamel, diretor de eventos especiais do hotel. “Acho que é algo que continuaremos fazendo no futuro com uma oferta para os casais, mesmo depois que [a pandemia] acabar”.
Os Santees conseguiram fazer o casamento em 6 de junho depois de dois meses de planejamento. “É uma loucura, porque estávamos trabalhando nisso na época da pandemia, não tínhamos nada –vestido, smoking, vestidos de dama de honra, nada. Nós apenas seguimos em frente”, diz Sheryl. “Mal tínhamos escolhido as pessoas que estariam no casamento”, acrescenta Nate.
Os dois começaram a trabalhar rapidamente. Na época, as determinações locais orientavam que as reuniões não pudessem exceder 10 pessoas, o que incluiria todos, desde o pastor até o fotógrafo. À medida que o dia do casamento se aproximava, a lei foi flexibilizada e permitiu até 30 pessoas em um espaço para 90, de modo que o casal convidou convidou quem pôde, o que tornou a cerimônia um dos maiores casamentos virtuais que o hotel organizou. Normalmente, os casais têm de 15 a 20 convidados, diz Hamel.
“A parte mais difícil foi tentar encontrar os trajes porque tudo estava fechado”, diz Nate. Como não havia lojas abertas, ele acabou comprando um smoking branco feito sob medida com gola, lapela, punhos e gravata borboleta em um tom azul esverdeado. E, finalmente, ele encontrou uma loja que estava fechada, mas disposta a equipar os padrinhos com smoking marrom, gravatas pretas e lenços de bolso.
“Foi engraçado, eu dizia a ele: ‘eu sou a noiva, mas você que está recebendo um smoking personalizado’”, diz Sheryl. “Eu precisava seguir o mesmo caminho”. Sheryl teve mais sorte e, ao pesquisar na internet, encontrou um vestido. Mas, quando as lojas reabriram, ela trocou por outro modelo de silhueta sereia que fluía como seu véu e longos cabelos cacheados pretos.
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Felizmente, o hotel fez boa parte do trabalho pesado da cerimônia. Forneceu um assessor de casamento para orientar o casal durante o processo. O The Post Oak também converteu uma sala de reuniões em um espaço para transmissão ao vivo, com tecido branco em cascata do teto e dois arranjos amplos de orquídeas e hortênsias brancas artificiais no altar.
As câmeras foram colocadas estrategicamente para capturar tudo, desde a troca de votos ao champanhe com discurso, até os noivos cortando o bolo (os dois últimos foram incluídos no pacote). Os Santees fizeram um ensaio prévio para saber onde as câmeras estariam posicionadas.
Para personalizar o casamento, o casal usou seu próprio juiz de paz e trouxe uma cantora de R&B para se apresentar enquanto Sheryl andava pelo corredor branco pontilhado com velas brancas. Eles também puderam escolher as músicas para a entrada da festa nupcial (“Why I Love You”, de MAJOR). Para a primeira dança como marido e mulher escolheram “Spend My Life With You”, de Eric Benét, e para a dança de pai-filha, “Daddy”, de Beyoncé. Tudo isso dentro da uma hora e meia que tinham para usar o espaço. Os dois enviaram fotos para uma apresentação de slides que os espectadores virtuais assistiram durante o intervalo entre a cerimônia e a primeira dança.
“Mesmo que fizéssemos diferente do planejamento inicial, eu ainda queria tornar tudo especial para ter o sentimento de um casamento tradicional”, diz Nate.
A equipe audiovisual do hotel lidou com toda a transmissão ao vivo e forneceu a Nate e Sheryl um vídeo editado para download e um arquivo bruto. Tudo o que o casal precisava fazer era enviar o link para sua família e amigos dois dias antes do grande dia. Centenas de pessoas sintonizaram na transmissão ao vivo de todo o país, incluindo Nova York, Houston e Kansas City.
Mesmo que os participantes virtuais não pudessem comparecer pessoalmente, eles encontraram maneiras de comemorar por conta própria. Os amigos de Sheryl se vestiram e fizeram uma festa no pátio de um bar local, tomando um coquetel enquanto acompanhavam os votos de um iPad. Os colegas de trabalho de Nate se amontoaram na sala de descanso no trabalho para ver a cerimônia ao vivo. Os convidados remotos enviaram seus votos de felicidades no bate-papo ao vivo, que Sheryl e Nate leram mais tarde naquela noite.
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O pacote de casamento virtual (que custa US$ 3.000) inclui uma noite em uma suíte executiva com vista para a cidade e possui comodidades como um banheiro de mármore com produtos de cuidados pessoais da Acqua di Parma. O serviço acompanha o café da manhã do dia seguinte, por meio do serviço de quarto ou no restaurante do hotel.
Os Santees acrescentaram alguns dias à sua estadia, mas pretendem ter uma lua de mel em Bora Bora ou nas Maldivas quando as restrições de viagem diminuírem. Eles também planejam retornar ao hotel em breve. “Talvez nas bodas de dois meses”, brinca Sheryl.
Segundo Hamel, todas as noivas e noivos que contrataram o pacote eram locais, alguns dos quais com casamentos planejados fora da cidade. “O primeiro que fizemos, foi em um fim de semana e eles ficaram algumas noites extras hospedados. O casal promoveu um pequeno jantar para seis pessoas após o casamento em nosso restaurante”, diz ele. “Eles pretendiam se casar em Las Vegas, então ficaram muito satisfeitos por poder fazer algo e ainda se divertir com isso”.
Mas o casamento virtual foi mais do que apenas uma novidade para os Santees. “Durante um período de incerteza, ainda conseguimos compartilhar nosso amor um pelo outro com todos, sem colocá-los em risco”, diz Sheryl. “Foi especial por conseguirmos trazer algo positivo diante de tudo o que está acontecendo de ruim no momento”.
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