Dan Mayeko, natural do Quênia, diz que ganhava cerca de US$ 5 por dia trabalhando na capital, Nairóbi. Mas depois de passar pelo treinamento fornecido pela organização sem fins lucrativos Educate! –que incluía aulas na auto-escola e aprender a usar o Google Maps– ele diz que seu salário diário como motorista de moto e serviço de entrega cresceu para mais de US$ 30.
Transformações como a de Mayeko são o objetivo do Educate!, que tem trabalhado para fornecer treinamento de habilidades para jovens na África Oriental por mais de uma década. “Os motoboys são a força vital do e-commerce no Quênia”, disse Boris Bulayev, cofundador e CEO do Educate!. Mas os motoristas –muitos dos quais não cursaram o ensino médio– precisam de ajuda com habilidades básicas, como ler mapas e aprender a usar aplicativos como o Uber, explica Bulayev.
Millicent “Missy” Kachigiri, que trabalha no Educate!, fundou com seus colegas a NawiriPro, uma iniciativa de aprendizagem móvel para ensinar habilidades de negócios. Depois de um programa piloto no ano passado, os participantes do campo de treinamento da NawiriPro para motoboys mais do que dobraram sua renda. O Educate! também trabalhou para fornecer empréstimos aos motoboys para a compra de smartphones, necessários para o trabalho.
“Vimos em um curto treinamento presencial de três semanas que os jovens podem mais do que dobrar sua renda depois de apenas alguns meses”, diz Bulayev. “Estamos produzindo o conteúdo para uma plataforma de aprendizagem virtual. Está gerando muito interesse para os jovens.”
Esse sucesso inicial levou a Fundação Bill & Melinda Gates a selecionar recentemente o Educate! e sua plataforma NawiriPro como um dos dois “aceleradores” para 2020 –apoio institucional que não é acompanhado por nenhuma doação financeira pela fundação. A seleção faz parte do Goalkeepers, um programa da Fundação Gates que visa atingir as metas de desenvolvimento sustentável acordadas pelos líderes mundiais em 2015. O campo de treinamento e o aplicativo do Educate! estão trabalhando para cumprir uma das metas de desenvolvimento: fornecer “trabalho decente e crescimento econômico.”
O maior desafio na África é contemplar o grande número de pessoas que estão entrando na força de trabalho no continente atualmente e nas próximas décadas por conta da escassez de empregos. No Quênia, estima-se que 83% das pessoas trabalham no setor informal, segundo o Banco Mundial, em funções como entregar mercadorias em motos, vender itens em barracas de beira de estrada e administrar quiosques de comida. Muitos dos jovens do país que ingressam no setor informal não têm ensino médio ou treinamento em habilidades básicas. E, segundo o Educate!, existe uma alta taxa de desemprego juvenil.
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O objetivo definido pela Fundação Gates para o Educate! deve usar sua plataforma online NawiriPro para treinar 100 mil serviços de entrega e motoboys jovens no Quênia até 2023, ensinando-os sobre registro de empresas, requisitos legais e uso de tecnologia. No próximo ano, a Fundação ainda pretende lançar um programa de treinamento para mulheres e pessoas em áreas rurais do país, provavelmente com foco em como administrar uma barraca de restaurante ou quiosque de varejo. Outra meta é expandir para seis outras regiões do Quênia e, possivelmente, para outro país também.
A equipe de Bulayev no Educate! está atualmente oferecendo treinamento de motoboy gratuito e recebeu apoio financeiro de várias instituições de caridade, incluindo a Imaginable Futures (fundação apoiada por Pierre Omidyar e Pam Omdiyar), a Rippleworks Foundation (financiada principalmente pelo bilionário norte-americano de criptomoeda Chris Larsen) e a fundação da Atlassian, empresa australiana de software. O Educate! também tem o apoio do Ministério da Saúde e do Ministério do Comércio do Quênia. O objetivo de Bulayev é que o programa seja financeiramente sustentável, então, seu grupo está procurando diferentes modelos de pagamento, incluindo assinaturas ou cobrança pelos treinamentos.
O Educate! tem grandes planos, como ensinar habilidades sociais como falar em público, trabalho em equipe, criatividade e autoconfiança, bem como habilidades de negócios como orçamento, economia e pesquisa de mercado. Além disso, a instituição quer agregar acesso a financiamento e outros serviços. Por fim, Bulayev afirma: “a longo prazo, nossa meta é atender 100 mil novos jovens por ano com um modelo financeiramente sustentável”.
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