Novos dados disponibilizados pelo Federal Reserve dos Estados Unidos mostram que a desigualdade econômica no país aumentou em 2020. Isso ocorre em meio à pandemia de coronavírus que afetou desproporcionalmente trabalhadores baixa renda e pretos, o que coincide com um relatório publicado no início desta semana mostrando que, ao mesmo tempo, a riqueza global de bilionários disparou a uma taxa sem precedentes.
De acordo com os últimos dados do Fed, o 1% que representa as famílias americanas mais ricas têm um patrimônio líquido combinado de US$ 34,2 trilhões (ou 30,4% de toda a riqueza familiar nos EUA), enquanto os 50% mais pobres da população detém apenas US$ 2,1 trilhões juntos (ou 1,9% de toda a riqueza).
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Um estudo publicado no início desta semana pelo banco suíço UBS e pela empresa de contabilidade PwC descobriu que a riqueza total dos 2.189 bilionários do mundo atingiu um recorde de US$ 10,2 trilhões no final de julho, obliterando o recorde anterior de US$ 8,9 trilhões registrado no final de 2017.
Os bilionários norte-americanos ficaram significativamente mais ricos durante a pandemia, liderados por Elon Musk, que ultrapassou a marca de US$ 100 bilhões em agosto para se tornar o quinto centibilionário do mundo e viu sua riqueza aumentar 242% nos primeiros oito meses de 2020 (Jeff Bezos adicionou mais US$ 65 bilhões a seu patrimônio neste ano).
Um fator crítico na explosão da riqueza entre um segmento específico da população dos EUA tem sido o acesso e a exposição ao mercado de ações.
O Fed estima que os 10% mais ricos detêm mais de 88% de todo o patrimônio disponível em empresas e ações de fundos mútuos –o 1% mais rico controla mais do que o dobro do patrimônio líquido dos 50% mais pobres de todo o país.
Os números caminham nessa direção há muito tempo. Dados fornecidos pelo Federal Reserve remontam a 1989 e mostram que nas últimas três décadas, os 10% mais ricos viram sua riqueza aumentar em quase dez pontos percentuais (de menos de 61% para 69%), enquanto a riqueza total controlada pelos 50% da base foi cortada quase pela metade (de 3,6% para 1,9%). Embora muitos norte-americanos de classe média e média alta tenham conseguido trabalhar em casa e colher os frutos de um mercado de ações robusto por meio de suas contas de aposentadoria, aqueles que estão perto do fim da escada econômica foram atingidos pela pandemia de Covid-19, que custou a vida a mais de 210 mil norte-americanos e serviu para exacerbar as desigualdades financeiras. Na semana passada, 840 mil pessoas entraram com novos pedidos de seguro desemprego. É a sexta semana consecutiva que as novas reivindicações ultrapassam 800 mil. Um total de 25,5 milhões estão atualmente recebendo alguma forma de seguro-desemprego do governo.
A diferença de riqueza relacionada a desigualdade racial nos EUA também continuou a se expandir. De acordo com os dados mais recentes do Fed, brancos detêm quase 85% da riqueza do país, contra apenas 4,1% das famílias negras. O patrimônio líquido mediano das famílias negras em 2016 era de US$ 17.150 de acordo com o Fed, enquanto o de famílias brancas era de US$ 171 mil.
“Se não apoiarmos as pessoas que perderam seus empregos, elas não poderão pagar suas contas, e isso afetará a economia. A recessão será muito pior do que deveria ser”, disse Neel Kashkari, presidente do Federal Reserve Bank de Minneapolis, na quarta-feira (7).
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