O que acontece quando três CEOs deixam o comando de suas companhias por algumas horas para pilotar o fogão? Marcos Scaldelai, da Bombril; Marco Leone, da Micro Focus; e Fernando Moller, da BIC, aceitaram o desafio proposto por FORBES Brasil. Apaixonados por gastronomia, cada um dos executivos cozinhou sua especialidade para o chef mais mal-humorado e divertido do Brasil, Erick Jacquin, chef dos restaurantes La Cocotte e Tartar&Co.
O encontro com o jurado do programa “MasterChef”, da Band, aconteceu na Escola Wilma Kovesi de Cozinha, em São Paulo. Eles tiveram apenas uma hora para convencer Jacquin de que não são bons apenas em fritar a concorrência, mas também aguentam a pressão de uma cozinha profissional. Veja o resultado desse encontro inusitado na galeria de fotos:
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Fernando Moller, CEO da BIC
“Para de picar essa cebola porque ainda não comecei a contar o tempo!”, diz Jacquin para Fernando Moller. Ao lado, está Marco Leone que aproveita o tema para dizer que tem em casa todo o tipo de item para facilitar a vida na cozinha. “Quando meus amigos viajam, eles costumam trazer eletroeletrônicos; eu prefiro comprar panelas e acessórios. Tenho até um descascador de tomates”, afirma. “Marco, ninguém tem um descascador de tomates em casa!”, diz Fernando, aos risos.
Logo o CEO da BIC deixa o bate-papo de lado para focar em seu bacalhau com purê gratinado. O prato é o único que irá ao forno e ele precisa correr contra o tempo. Mas o estresse ele deixou no escritório. “Para mim, a culinária é uma forma de lazer e de compartilhar o tempo com a família e os amigos. Cozinhar me ajuda na renovação das energias para as atividades diárias”, afirma.
Fernando começou a cozinhar há dez anos, quando ainda morava em Charenton-le-Pont, na França. Na época, ele era o gerente de novos projetos da BIC. Quando passava as férias no Brasil, aproveitava para receber os amigos em casa e cozinhar. Atualmente, além de preparar suas especialidades para a família, ele faz parte de um grupo de cinco amigos que se reúne a cada dois meses apenas para colocar em prática novas receitas. “Desenvolver habilidades diferentes da sua área de atuação é um dos caminhos para estimular a criatividade, além de colaborar para o desenvolvimento da inteligência emocional, extremamente necessária no comando das organizações”, diz.
Enquanto isso, o vizinho de bancada de Fernando segue com suas histórias. Marco lembra que dona Iolanda, sua mãe, foi uma cozinheira de mão cheia no passado, mas que agora não consegue fazer um café sequer. “Já é difícil aguentar uma mulher com saúde, imagina com Alzheimer”, dispara Jacquin arrancando risadas de todos na sala, inclusive de Marco.
“Está salgado, chef?”, Fernando pergunta apreensivo enquanto Jacquin experimenta o pimentão refogado. “Essa receita é a preferida da minha esposa. Ela sempre me pede para fazê-la”, diz o executivo. O tempo está passando e CEO da BIC começa a perceber que está atrasado. Jacquin ajuda Marcos Scaldelai a colocar o macarrão no escorredor, enquanto Marco Leone já está montando seus pratos. Fernando acabou de colocar o bacalhau com purê no forno para gratinar…
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Bacalhau com purê gratinado
Ingredientes:
1 kg de bacalhau dessalgado
5 batatas
1 xícara de chá de creme de leite
3 cebolas
1 pimentão vermelho
1 xícara de chá de azeitonas pretas picadas
1 xícara de chá de requeijão
Azeite de oliva a gosto
Sal, pimenta-do-reino e cheiro-verde a gosto
Queijo parmesão ralado a gostoModo de fazer:
Coloque o bacalhau em uma panela com água, tempere com sal e pimenta e deixe ferver. Quando o peixe estiver no ponto, retire-o e deixe-o esfriar. Desfie o bacalhau e retire os espinhos. Corte as cebolas em meias rodelas e o pimentão em fatias bem finas e deixe-os refogando no azeite. Cozinhe as batatas, descasque-as e, com o espremedor, faça
o purê, misturando gradativamente o creme de leite e o requeijão.Finalização:
Comece com a primeira camada de cebola e pimentão, depois acrescente o bacalhau, as azeitonas e o cheiro-verde. Finalize com uma camada de purê. Polvilhe com o queijo ralado e leve ao forno pré-aquecido para gratinar.
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O veredicto do chef
O Fernando fez um clássico, ficou muito bom! Mas ele poderia ter cortado os pimentões em pedaços menores para facilitar na hora de comer. A comida ficou boa, mas a bancada dele está uma bagunça: coitada da esposa dele!
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Marcos Scaldelai, CEO da Bombril
Marcos Scaldelai deixou a cidade de Catanduva, interior de São Paulo, para fazer faculdade na capital e foi nessa época, morando em uma república, que teve de aprender a cozinhar. “Lembro que minha mãe fez um caderninho com o passo a passo para preparar coisas simples, de chá a macarrão.” Foi assim que pegou gosto pela culinária. Aos fins de semana, quando prepara a casa junto com a esposa para receber os amigos, é ele que vai para a cozinha. Suas especialidades? Massas e risotos.
Hoje, ele vai apostar em um farfalle, o qual apelidou de macarrão do grand chef. “As mulheres não resistem. É um prato muito leve, o público masculino também gosta, mas o feminino adora”, gaba-se.
Jacquin chega à bancada a tempo de escutar o comentário pretensioso de Marcos. “Eu não sei se este prato vai me convencer”, diz o francês, fazendo cara de mau, enquanto enfia a mão no creme de mascarpone preparado pelo CEO da Bombril. Na sequência sai em busca de outro competidor lambendo as pontas dos dedos, num sinal de que talvez não tenha sido totalmente sincero.“O que temos para beber?”, pergunta Jacquin. O chef, que gosta de cozinhar degustando um bom vinho, abre uma garrafa de Château d’Aussières, da família Lafite Rothschild, e faz questão de servir cada um dos competidores com uma taça. “Estes três executivos estão acostumados a competir. A vida deles é uma eterna disputa com a concorrência. Eles vão tirar de letra”, diz. Entre um gole e outro, o jurado do MasterChef aproveita para soltar mais uma de suas piadinhas. “Quem corta batata mais rápido, o assistente de cozinha ou o chef? O chef, claro, porque ele só precisa entrar na cozinha e dizer: corte a batata agora!”, diz, às gargalhadas.
Jacquin volta para a bancada de Marcos para conferir o andamento da receita e rouba alguns cubos de tomate. O executivo aproveita para vender seu peixe, ou melhor, sua massa. “O creme gelado com o macarrão quente criará um contraponto”, diz. “Contraponto?”, pergunta o chef com ar de que a palavra ainda não fazia parte de seu repertório de 20 anos de português. Agora, os competidores têm apenas mais meia hora para terminar seus pratos. Marcos é o primeiro a deixar a bancada e seguir para o fogão. Será que essa vantagem vai contar a seu favor?
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Macarrão do gran chef
Ingredientes:
1 pacote de 500 g de macarrão farfalle
1 cebola picada
2 tomates picados
200 g de aspargos verdes e picados
1 pote de creme de ricota
1 pote de queijo mascarpone cremoso
Azeite a gosto
Queijo parmesão ralado a gostoModo de fazer:
Cozinhe o macarrão em água fervente e sal até que ele fique al dente. Em uma frigideira aquecida em fogo médio, acrescente a cebola e cubra-a com azeite. Quando a cebola dourar, coloque os tomates, os aspargos e o macarrão. Deixe em fogo alto por dez minutos e retire do fogo. Em um recipiente, misture o creme de ricota e o queijo mascarpone.
Finalização:
Sirva o macarrão polvilhado com queijo parmesão ao lado de uma porção do creme.
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O veredicto do chef
Ficou bom e bem temperado! Mas o Marcos poderia ter deixado este prato um pouco mais refinado. Os aspargos frescos foram flambados no saquê e ficaram parecidos com os de conserva. Se ele tivesse deixado os aspargos crus, eles ficariam mais crocantes.
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Marco Leone, CEO da MicroFocus
Filho de uma mama calabresa, famosa por sua lasanha e outras iguarias italianas, Marco Leone foi criado praticamente na cozinha — na época o ambiente mais importante de sua casa. A intimidade com a culinária começou cedo. Além de observar dona Iolanda cozinhar, ele era o responsável pela compra dos ingredientes que ela precisava para executar seus pratos. Muito exigente com a qualidade dos produtos, era comum que a chef da família Leone pedisse para o filho trocar o que não estivesse do seu gosto. “Volta lá e taca isso na cara daquele quitandeiro”, dizia devolvendo a alface.
“Você vai fazer dois pratos? Será que vai dar tempo?”, pergunta Erick Jacquin com olhar desconfiado enquanto ajuda Marco a desembrulhar o pacote de beterrabas. O filho da dona Iolanda fará um tartar de salmão de entrada e, como prato principal, um black cod with miso (peixe-carvão- do-pacífico com missô), criação do renomado chef Nobu Matsuhisa, da rede de restaurantes Nobu. Marco é o único que decidiu preparar dois pratos. Sem contar a ousada escolha da entrada, especialidade de um dos restaurantes de Jacquin, o Tartar&Co. O chef decide pagar para ver.
Quando ainda morava com a mãe, Marco arriscava-se na preparação de algumas receitas mais simples como omeletes e sanduíches. Após casar-se, passou a fazer risotos e massas para receber os amigos. Com o tempo, decidiu imitar pratos de restaurantes. Fez cursos e também aprendeu por meio de viagens, livros e revistas. Quando vê Leone cortando o salmão, Jacquin corre atrás de cubos de gelo. “Salmão sempre precisa de gelo”, aconselha. Vestindo um terno Alexandre Won e com seus tradicionais suspensórios, o chef caminha entre as bancadas dos competidores fazendo uma de suas piadinhas que irritaria as feministas mais inflamadas. “Antigamente a mulher gostava de cozinhar igual a mãe e, de vez em quando, fazia um prato da sogra para agradar o marido. Hoje em dia a mulher não cozinha p…. nenhuma e ainda bebe como o pai”, diz no mais hilariante sotaque francês.
Marco termina o tartar e começa a despejá-los nas folhas de endívia. Ele ainda vai começar o preparo do black cod, que já trouxe marinado. Será que vai dar tempo?
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Tartar de Salmão a La Leone
Ingredientes:
300 g de lombo de salmão fresco
1 colher de sopa com mostardas de dijon e à l’ancienne
1 colher de sopa de azeite extravirgem
1 limão-siciliano
8 folhas de endívia roxaPara finalização:
Ovas de salmão
Romã
Gergelim branco e gergelim preto
Flor de sal
Pimenta-rosa moída
Geleia de pimenta vermelhaModo de fazer:
Corte o salmão em cubos pequenos. Em uma tigela, misture o salmão, a mostarda, o azeite, as raspas da casca do limão-siciliano, o suco coado do mesmo limão e a pimenta-rosa moída na hora. Coloque uma 1 colher de sopa de tartar sobre cada folha de endívia. Disponha sobre o tartar 1 colher de café de geleia de pimenta vermelha. Sobre a geleia coloque 1 colher de café de ovas de salmão e 1 colher de café de romã. Finalize com gergelim branco, gergelim preto e flor de sal a gosto.
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Black Cod with Miso
Ingredientes:
800 g de peixe-carvão-do-pacífico
1 xícara de mirin (saquê doce de uso culinário)
1 xícara de saquê básico
1 xícara de pasta de missô branco
1 xícara de shoyo light
½ xícara de açúcar cristal
100 g de shitake
200 g de miniaspargos
100 g de minibeterrabas
Cebolinha francesa a gostoMarinada:
Em uma panela pequena, coloque o mirin e o saquê para ferver por 1 minuto até o álcool evaporar. Abaixe o fogo e adicione o missô, mexendo até que se dissolva completamente. Acrescente o açúcar e mantenha o fogo moderado, mexendo até a mistura engrossar um pouco. Quando o líquido esfriar, transfira-o para um pote com tampa, adicione o peixe e deixe na geladeira por até 48 horas.
Preparo do peixe:
Pré-aqueça o forno a 2000 C. Retire o peixe marinado do pote
e deixe escorrer o excesso de molho. Grelhe cada posta por
três minutos (de cada lado) em uma frigideira com um pouco
de azeite e 1 colher de shoyo. Em uma assadeira forrada com
papel-alumínio, asse o peixe por 15 minutos. Enquanto aguarda
o peixe assar, prepare a guarnição.Guarnição:
Prepare os miniaspargos salteados no azeite de oliva. Depois, prepare o shitake no azeite por cinco minutos. Em seguida, adicione um pouco de saquê e de mirin e continue a mexer. Acrescente o shoyo e mexa por mais alguns minutos. Prepare a beterraba no vapor até que fique um pouco crocante.
Finalização:
Disponha o peixe, enfeitado com cebolinha francesa, sobre os aspargos. Sirva uma porção de shitake e outra de beterraba. Acrescente flor de sal a gosto.
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O veredicto do chef
O Marco é o grande vencedor. Ele foi o mais original e criativo. Tudo bem que no tartar ele poderia ter dosado melhor a pimenta, mas levei em consideração o fato de ele ter sido o único a fazer uma entrada. No prato principal ele acertou o ponto do peixe. Também gostei da apresentação dos pratos. Parabéns!
Fernando Moller, CEO da BIC
“Para de picar essa cebola porque ainda não comecei a contar o tempo!”, diz Jacquin para Fernando Moller. Ao lado, está Marco Leone que aproveita o tema para dizer que tem em casa todo o tipo de item para facilitar a vida na cozinha. “Quando meus amigos viajam, eles costumam trazer eletroeletrônicos; eu prefiro comprar panelas e acessórios. Tenho até um descascador de tomates”, afirma. “Marco, ninguém tem um descascador de tomates em casa!”, diz Fernando, aos risos.
Logo o CEO da BIC deixa o bate-papo de lado para focar em seu bacalhau com purê gratinado. O prato é o único que irá ao forno e ele precisa correr contra o tempo. Mas o estresse ele deixou no escritório. “Para mim, a culinária é uma forma de lazer e de compartilhar o tempo com a família e os amigos. Cozinhar me ajuda na renovação das energias para as atividades diárias”, afirma.
Fernando começou a cozinhar há dez anos, quando ainda morava em Charenton-le-Pont, na França. Na época, ele era o gerente de novos projetos da BIC. Quando passava as férias no Brasil, aproveitava para receber os amigos em casa e cozinhar. Atualmente, além de preparar suas especialidades para a família, ele faz parte de um grupo de cinco amigos que se reúne a cada dois meses apenas para colocar em prática novas receitas. “Desenvolver habilidades diferentes da sua área de atuação é um dos caminhos para estimular a criatividade, além de colaborar para o desenvolvimento da inteligência emocional, extremamente necessária no comando das organizações”, diz.
Enquanto isso, o vizinho de bancada de Fernando segue com suas histórias. Marco lembra que dona Iolanda, sua mãe, foi uma cozinheira de mão cheia no passado, mas que agora não consegue fazer um café sequer. “Já é difícil aguentar uma mulher com saúde, imagina com Alzheimer”, dispara Jacquin arrancando risadas de todos na sala, inclusive de Marco.
“Está salgado, chef?”, Fernando pergunta apreensivo enquanto Jacquin experimenta o pimentão refogado. “Essa receita é a preferida da minha esposa. Ela sempre me pede para fazê-la”, diz o executivo. O tempo está passando e CEO da BIC começa a perceber que está atrasado. Jacquin ajuda Marcos Scaldelai a colocar o macarrão no escorredor, enquanto Marco Leone já está montando seus pratos. Fernando acabou de colocar o bacalhau com purê no forno para gratinar…