O dólar abriu em forte alta em relação ao real, mantendo o ritmo da véspera, quando a moeda norte-americana fechou no maior valor em dois anos e meio (desde dezembro de 2021). Logo nos primeiros minutos de sessão, o dólar à vista aproximou-se da marca de R$ 5,80, batendo R$ 5,7933 na máxima do dia.
Porém, os dados fracos de emprego nos Estados Unidos reforçaram a chance de corte nos juros pelo Federal Reserve em setembro, o que inverteu o sinal do dólar, favorecendo o apetite por risco dos ativos emergentes. Mas o Ibovespa não conseguiu manter os ganhos, pressionado pelo sinal negativo vindo das bolsas de Nova York, onde as big techs pesam.
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Por volta das 10h50, o dólar à vista caía 0,50%, cotado a R$ 5,7232 na venda. Já o Ibovespa recuava 0,20%, aos 127.081 pontos, depois de ir além dos 128 mil pontos, na máxima do dia, logo após a abertura do pregão. No mesmo horário, o S&P 500 recuava quase 1,5% e o do Nasdaq mais de 2,00%, em meio aos tombos de Amazon e Intel.
Aliás, as ações da Intel estão prestes a perder cerca de US$ 25 bilhões (R$ 142,50 bilhões, na cotação atual) em valor de mercado nesta sexta-feira (2), no que deve marcar a maior queda diária do papel desde 2000. A empresa suspendeu o pagamento de dividendos e anunciou demissões em massa para financiar o programa de reestruturação.
Mercado se prepara para corte do Fed
Mas a dinâmica dos mercados globais é ditada pelos dados abaixo do esperado sobre a criação de emprego nos EUA. No mês passado, houve a abertura de 114 mil vagas, ante 179 mil no mês anterior (dado revisado para baixo). Economistas consultados pela Reuters projetavam a criação de 175 mil postos de trabalho em julho.
O número reforça o argumento de que o mercado de trabalho norte-americano está esfriando, em meio a um cenário de juros altos nos EUA. Com isso, os investidores alimentam as apostas de início de um ciclo de cortes nos juros pelo Fed em setembro.
Esse cenário, na teoria, seria bom para o real. “Contudo, a queda dos juros nos EUA quer dizer, ao mesmo tempo, uma maior demanda por dólar”, explicou em nota o economista André Perfeito.
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Ele lembra que as taxas dos títulos norte-americanos (Treasuries) são inversamente proporcionais ao preço. Ou seja, se o juro projetado pelo bônus recua, os preços sobem. Logo, há maior demanda pela moeda norte-americana para buscar o rendimento.
Perfeito reconhece que não é simples explicar esse movimento. Mas, segundo ele, o que acontece agora é que os investidores estão correndo para ganhar com a elevação do preço (PU) dos títulos dos EUA. “Se for este o caso, o movimento (dos mercados doméstico) é pontual” – ou seja, de ajuste ao corte dos juros nos EUA em breve. “Vale notar que as apostas por mais cortes por lá se avolumaram”, ressalta.