
O Brasil teve em fevereiro uma entrada de investimentos estrangeiros diretos bem acima do esperado por analistas, enquanto o déficit em transações correntes do país registrou alta, informou o Banco Central nesta quarta-feira (26).
Os investimentos diretos no país (IDP) alcançaram US$9,3 bilhões (R$53,19 bilhões) no mês passado, acima dos US$5,5 bilhões (R$31,46 bilhões) projetados em pesquisa da Reuters e dos US$5,332 bilhões (R$30,51 bilhões) observados em fevereiro do ano passado.
O indicador — importante sinalizador de fluxo de recursos destinados a investimentos de longo prazo, além de ajudar a compensar rombos na conta corrente do país — somou o equivalente a 3,38% do Produto Interno Bruto (PIB) em 12 meses, ante 3,18% no mês anterior e 2,89% em fevereiro de 2024.
No mês passado, foi observado saldo negativo nas transações correntes de US$8,758 bilhões (R$50,08 bilhões), ante rombo de US$3,903 bilhões (R$22,32 bilhões) no mesmo período do ano anterior, com o déficit acumulado em 12 meses totalizando o equivalente a 3,28% do Produto Interno Bruto (PIB).
O resultado veio ligeiramente melhor do que a expectativa do mercado, conforme pesquisa da Reuters com especialistas, que apontava para um saldo negativo de US$9,104 bilhões (R$52,08 bilhões) em fevereiro.
Mesmo com o resultado forte do investimento direto até o momento, a economista da XP Luiza Pinese avaliou que o déficit em conta corrente pode superar o IDP em 2025, sob pressão de dados de importações mais persistentes do que o esperado. “No entanto, nosso cenário base não prevê deterioração da conta corrente em 2026. Além disso, o Brasil continua se beneficiando de um sólido estoque de reservas internacionais e de uma baixa dívida em moeda estrangeira”, disse em relatório.
Ela acrescentou que o déficit do balanço de pagamentos observado em fevereiro deve ser visto com cautela tendo em vista a importação de uma plataforma de petróleo da China, avaliada em US$2,7 bilhões (R$15,46 bilhões), e um atraso em exportações agrícolas.
Ainda assim, Pinese avaliou que as importações foram mais persistentes do que o previsto. Ela disse esperar que essa dinâmica seja mantida no primeiro semestre, aliviando apenas com a desaceleração da atividade e impactos da taxa de câmbio.
Em fevereiro, a balança comercial teve saldo negativo de US$979 milhões (R$5,60 bilhões), contra superávit de US$4,387 bilhões (R$25,10 bilhões) no mesmo mês de 2024. Já o rombo na conta de serviços ficou em US$3,889 bilhões (R$22,24 bilhões), contra saldo negativo de US$3,849 bilhões (R$22,02 bilhões) em fevereiro do ano anterior.
A conta de renda primária, por sua vez, apresentou déficit de US$4,104 bilhões (R$23,48 bilhões), ante saldo negativo de US$4,630 bilhões (R$26,47 bilhões) no mesmo período do ano anterior.