Certa noite, quando minha filha tinha 12 anos, pedi para ela pegar a chaves do carro na minha mesa. Ela voltou, nós entramos no carro e seguimos para a aula de piano dela.
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“Mãe, vi um currículo na sua mesa”, disse ela durante o caminho.
“Tinha alguma coisa nele que a impressionou?”, perguntei.
“Sim. Ele dizia que o homem é o melhor vendedor técnico de Chicago. Como isso pode ser verdade? Existe um ranking para algo assim?”, perguntou.
“Não”, respondi. “Aquela é apenas a maneira como ele se descreve, é sua própria designação. “
“Isso é tão triste…”, comentou. “Qualquer um poderia achar isso. Soa tão infantil, como se uma criança da minha escola dissesse às outras que é a melhor cantora ou a melhor jogadora de vôlei da classe.”
“É meio triste mesmo. O problema é que as pessoas não sabem como fazer uma marca pessoal. Não é algo ensinado na escola”, expliquei.
“Então é por isso que o homem que lhe enviou o currículo criou um título falso para si mesmo?”, ela continuou.
“Sim. Quando uma pessoa está procurando um emprego, ela quer se destacar. Como não sabe como fazer isso, acaba dizendo coisas como essas.”
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Chamar a si mesmo de melhor vendedor da cidade, principal advogado em seu campo de atuação ou o maior contador de todos os tempos não é uma boa escolha para vender sua marca pessoal – e faz parte da lista das seis piores maneiras de se destacar.
O problema com apresentações do tipo “eu sou o melhor” é que elas marcam você como alguém que carece de confiança para simplesmente dizer “eu sou um contador e aqui estão as coisas que fiz até agora na minha carreira“.
Louvar a si mesmo é algo desfavorável. Deixe que outras pessoas o elogiem. Elogiar não é sua tarefa.
Veja, na galeria de fotos a seguir, as 6 piores maneiras de fazer sua marca pessoal:
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Getty Images Chamar a si mesmo de guru, mestre ou especialista
Chamar a si mesmo de guru, mestre ou especialista ou utilizar “adjetivos positivos” como experiente, estratégico ou visionário para se descrever é um posicionamento baseado no medo que não impressionará ninguém. É muito mais impactante, convincente e humano simplesmente contar sua história em seu perfil do LinkedIn e em seu currículo.
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Getty Images Branding zumbi
Um branding zumbi é a utilização de uma descrição corporativa e institucional maçante e empoeirada, que a maioria de nós aprendeu no trabalho (querendo ou não). “Profissional de negócios focado em resultados, com habilidade para liderar equipes, desenvolvendo soluções de ponta a ponta e agregando valor por meio de iniciativas estratégicas para mudar o jogo” é um exemplo de branding zumbi.
Há inúmeras razões para evitar essa estratégia. Ela é impessoal demais e faz você soar como um robô e não como uma pessoa de verdade. É genérico e banal. Qualquer um pode dizer essas frases prontas. Além do mais, essa é uma descrição que não conta nada da sua história. Você é muito mais poderoso do que o branding zumbi faz você parecer.
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Getty Images Citar troféus
Algumas pessoas estabelecem a marca pessoal com base em seus troféus: “Formado por uma das universidades da Ivy League e ex-funcionário das empresas Apple, Google e Snapchat”. Dessa maneira, você deixa claro que foi capaz de entrar em uma universidade da Ivy League e que, posteriormente, trabalhou para Apple, Google e Snapchat e que essas quatro entidades acharam seu perfil satisfatório.
Isso é tudo que você quer que o contratante saiba? Seus troféus são realmente a coisa mais significativa sobre a sua carreira?
Ele quer saber de onde você veio, o que viu e o que conquistou em cada fase de sua vida profissional. Ou seja: quer saber mais sobre você e não sobre seus impressionantes troféus.
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Getty Images Autointitular-se o melhor, o maior ou o único
Chamar a si mesmo de melhor, maior ou único profissional qualificado para o cargo é uma abordagem de branding amadora pessoal que não vai chamar atenção.
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Getty Images “Minhas tarefas, minhas habilidades”
Uma escolha muito comum e infeliz na hora de fazer a marca pessoal é listar todas as tarefas que você consegue executar, definindo-se com base nessas atividades.
Esta é uma maneira desesperada de descrever a si mesmo, pois o que é importante sobre você certamente não é a lista de coisas que é capaz de fazer.
Todos os dias, ainda vemos perfis no LinkedIn descritos da seguinte forma: “Relações públicas, marketing, atendimento ao cliente, TI e administração de escritórios profissionais que buscam novos desafios”.
Poucas organizações têm a necessidade de contratar uma pessoa capaz de fazer RP, marketing, TI, atendimento ao cliente e gerenciamento de escritórios ao mesmo tempo.
A pessoa que faz seu branding desta maneira está dizendo ao mundo: “Eu não tenho ideia do que eu quero fazer com a minha vida neste momento. Vou jogar todas as minhas habilidades ao vento para que alguém encontre algo interessante e me contrate”.
No entanto, não é assim que as pessoas costumam ser contratadas. Seu dever como candidato a uma vaga de emprego é decidir com antecedência em que tipo de negócios quer se envolver e fazer um branding específico para o trabalho que quer, não para qualquer trabalho que possa realizar.
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Getty Images Abordagem disruptora ou catalisadora
O último erro a ser cometido com sua marca pessoal é optar por uma abordagem disruptora ou catalisadora, como um profissional que vai mudar a situação da empresa se for contratado.
Alguns termos são clichês demais e não dizem nada sobre você. Em vez de se chamar de disruptor, conte uma história em seu resumo do LinkedIn ou no resumo no topo do seu currículo com uma abordagem mais humana, como por exemplo: “Sou um gerente de produtos cuja paixão é orientar boas ideias por meio do processo de desenvolvimento para obter uma produção no tempo certo e dentro do orçamento. Já liderei a equipe de desenvolvimento de produtos em determinada empresa e, entre 2014 e 2016, apresentamos ao mercado seis novos itens”.
Assim, você ganha uma voz, uma história e uma missão. Você compartilhou um exemplo concreto do que você pode fazer logo no resumo de seu currículo ou de seu perfil no LinkedIn.
Além disso, você se refere a si mesmo da maneira como os seres humanos fazem. O uso da palavra “eu” na hora de fazer sua marca pessoal não está proibido. Você não está se gabando ou se autointitulando como o melhor vendedor técnico de Chicago. Você não está listando as inúmeras tarefas que você sabe executar. Você está apenas contando um pouco de sua história de forma humana para que o contratante entenda quem você é e o que você faz profissionalmente.
É difícil fazer um branding pessoal à altura do ser humano poderoso que você é. Só é preciso uma mudança de mentalidade. E você pode começar a colocá-la em prática agora mesmo.
Chamar a si mesmo de guru, mestre ou especialista
Chamar a si mesmo de guru, mestre ou especialista ou utilizar “adjetivos positivos” como experiente, estratégico ou visionário para se descrever é um posicionamento baseado no medo que não impressionará ninguém. É muito mais impactante, convincente e humano simplesmente contar sua história em seu perfil do LinkedIn e em seu currículo.