Resumo da matéria:
- Uma carreira de sucesso depende do entendimento de que a intuição é crucial para tomar decisões;
- O sexto sentido opera nas áreas cerebrais instintivas, sensoriais e analíticas;
- A supervalorização intelectual pode levar à inibição da intuição;
- As mulheres são mais intuitivas pelos papéis assumidos durante a evolução humana;
- Observar os sinais corporais, entender que o instinto procura avisar sobre o que é melhor para alcançar seus objetivos e deixar o ego de lado são formas de trabalhar a intuição.
Oprah tem. Steve Jobs tinha. Mark Zuckerberg tem, mas recentemente não deu atenção e pagou um preço enorme por isso. Elon Musk cometeu o mesmo erro.
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Estamos falando de intuição, sexto sentido. Seja qual for o nome, essa é uma característica que afeta diretamente as decisões mais importantes da vida. Os executivos mais bem-sucedidos a quem presto consultoria têm isso em mente.
Mas como – e onde – a intuição trabalha?
Primeiro, vamos considerar como – e onde – os seres humanos pensam. Eles têm três cérebros. Assim como nosso coração e intestino têm tecido neural, temos o coração-cérebro, o intestino-cérebro e o cérebro que está em nosso crânio. Se separarmos o que está no crânio em três – réptil, mamífero e o neocórtex humano – então, na verdade, temos cinco cérebros. A intuição opera em todos esses setores, por isso é essencial entender como ela realmente funciona.
Cérebro reptiliano: instinto
- Uma inclinação inata para um comportamento particular em resposta a um certo estímulo;
- Está ligado no corpo desde o nascimento para nos manter “não mortos”.
Exemplos desse tipo de instinto é quando nos afastamos de algo quente ou fugimos do perigo.
Cérebro mamífero: onde ocorre muita intuição ou “sexto sentido”
- Um processo natural e impensado que não requer análise ou pensamento profundo;
- Inconscientemente desenvolvido ao longo do tempo a partir de nossas experiências e crenças;
- Aqui operam fatores inconscientes – e é por isso que podem ser problemáticos.
Exemplos: confiar em alguém que é semelhante a você e sentir-se bem com outra pessoa.
Córtex pré-frontal: pensamento analítico
- Pensamentos intencionais, organizados e conscientes;
- Usado para planejamento, solução de problemas, tomada de decisão;
- Alguns fatores operam neste lugar também, como tomar decisões com base em um conjunto de dados limitado ou experiências passadas.
Exemplos: analisar os prós e contras de uma decisão antes de tomá-la e identificar o potencial retorno do investimento antes de patrocinar um projeto.
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Confira alguns exemplos famosos de intuição e que partes do cérebro estavam envolvidas:
44 a.C.: Calpúrnia, a esposa de Júlio César, sonha com o assassinato de seu marido e o aconselha a não ir ao Senado. Ele não ouve as súplicas da mulher e é morto.
Não trata-se de mágica. Calpúrnia estava inconscientemente reagindo às tensões e sinais de divergências políticas no Império Romano. Neste caso, ela usou parte do cérebro do coração, do cérebro intestinal, ativações cerebrais reptilianas e mamíferas.
1936: Em um palpite, o magnata dos automóveis Charles Howard compra um potro de baixo peso chamado Seabiscuit, que acaba por se tornar um dos maiores cavalos de corrida da história.
Mais uma vez: não estamos falando de mágica. O conhecimento empresarial e o treinamento de cavalaria militar de Howard deram a ele a experiência de reconhecer um cavalo talentoso e uma sólida aposta financeira. Neste caso, foi acionada uma parceria do cérebro intestinal, algumas ativações cerebrais do córtex pré-frontal e mamífero.
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1962: Depois de ser rejeitada por dúzias de editoras, a obra “Uma Dobra no Tempo”, de Madeleine L’Engle, é aceita por John Farrar, da Farrar, Straus, & Giroux, que nunca havia publicado livros infantis antes. Aqui, o publisher usou um pouco do cérebro cardíaco, cérebro intestinal, mamífero e possivelmente ativação cerebral do córtex pré-frontal.
A maioria das culturas hoje venera o intelecto – funções do córtex pré-frontal – e, portanto, muitas vezes involuntariamente condiciona as crianças a desprezarem sua intuição. Então, vamos considerar Albert Einstein e a descoberta da teoria da relatividade. Ele disse: “Primeiro eu senti, então eu vi e, em seguida, eu pude explicá-la”. Isso soa, para mim, como um grupo de cinco atividades cerebrais.
Como a intuição funciona
A intuição é muito mais rápida do que a mente analítica e depende de sentimentos – observe acima, refiro-me ao tecido neural que todos temos em nosso intestino e em nosso coração.
Muitas vezes, ouvimos sobre a intuição das mulheres e como elas são mais fortes do que as masculinas. Por quê? Por duas razões. A primeira é que a ínsula – área cerebral tão desconhecida quanto essencial para entender o nosso comportamento – é maior nas mulheres do que nos homens. Esse lobo é frequentemente chamado de sede da intuição nos seres humanos, e é onde os sentimentos de mágoa e palpites muitas vezes surgem. Em segundo lugar, nossas ancestrais femininas precisavam garantir não apenas sua própria sobrevivência, mas também a de seus filhos. Por outro lado, os homens costumavam ser incumbidos de uma única tarefa – normalmente a caça (o que exige amígdalas maiores). As mulheres cuidavam das crianças, ficavam atentas ao perigo enquanto coletavam alimentos, rastreavam sinais não-verbais de outros indivíduos, organizavam insumos e informações ambientais.
3 passos para otimizar sua intuição
1. Observe as reações do seu corpo (alterações no batimento cardíaco, respiração, tensão muscular);
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2. Entenda que a sua intuição quer o que você mais valoriza (felicidade, saúde, prosperidade), e ela pode estar sinalizando que, mesmo que uma decisão pareça lógica, ela não o aproximará de seus objetivos principais;
3. Observe também que a sua intuição é mais sábia do que o ego, que pode querer que você tome uma decisão específica para um determinado ganho, mas essa vantagem pode acabar tendo um custo muito alto – e sua intuição estará tentando freá-la.
Como equilibrar a intuição e a lógica
- Observe o significado que você está atribuindo sobre uma determinada situação para verificar suas suposições;
- Olhe para os direitos do seu organismo e se eles serão honrados e expandidos por essa decisão;
- Verifique se há preconceitos inconscientes que possam estar atrapalhando.
Siga sua intuição quando:
- Estiver trabalhando em cenários de conformidade ou quando sob processo público ou regulatório;
- Estiver fazendo algo que nunca fez antes;
- Contratar novos talentos ou delegar tarefas aos funcionários.
“Tenha coragem para seguir seu coração e intuição. Eles, de alguma forma, já sabem o que você quer. Todo o restante é secundário”, disse Steve Jobs em seu discurso de formatura em Stanford, em 2005.
A conexão
A intuição é uma combinação dos cinco cérebros funcionais. Ela pode ser cultivada e melhorada com atenção ao sinais que seu cérebro oferece.
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Muitas decisões importantes merecem uma combinação de intuição e pensamento analítico. Então não deixe sua intuição de lado e lembre-se de que ela pode estar apenas querendo dizer como tomar melhores decisões. Você está pronto para ouvi-la?
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