Resumo:
- Liderança criativa de Elon Musk levou seus negócios ao sucesso, mas também resultou em consequências negativas;
- Tuíte publicado por Musk sobre a privatização da Tesla resultou em um processo da Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos (SEC) por fraude de valores imobiliários;
- Ao tratar de projetos inovadores, um líder criativo deve evitar se jogar de cabeça, mas experimentar aos poucos;
- Líderes criativos ouvem sua própria intuição e seu time para poder ampliar as perspectivas;
- Segundo pesquisa, as pessoas são mais propensas a seguir líderes se eles forem criativos;
- Arriscar e entender o fracasso como uma oportunidade para fazer de outra forma é o que diferencia um líder.
Elon Musk, um dos líderes mais criativos do nosso tempo, é amplamente visto como um visionário. No entanto, enquanto sua personalidade única e criatividade ilimitada levaram a um sucesso incrível de seus empreendimentos empresariais, elas também resultaram em graves consequências.
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“A razão pela qual Elon parece atrair dramas é que ele é transparente e aberto de uma maneira que pode prejudicá-lo”, disse seu irmão e integrante do conselho da Tesla, Kimbal Musk, ao “New York Times”. “Ele não sabe como fazer isso de forma diferente. É assim que ele é.”
Um exemplo disso é o tuíte de 7 de agosto de 2018 que dizia: “Estou pensando em privatizar a Tesla por US$ 420. Financiamento garantido”. Além de impulsionar as ações da empresa em 11% no dia do anúncio, esses 61 caracteres causaram uma tempestade de relações públicas e controvérsia legal.
A Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos (SEC) processou Musk por fraude de valores mobiliários. O acordo resultante da ação custou US$ 40 milhões e exigiu que o empresário deixasse sua posição como presidente e permitisse que um advogado administrasse seus tuítes. Quase oito meses depois, a questão ainda não foi resolvida: a SEC anunciou recentemente o desejo de que Musk seja notificado por violar os termos acordados.
Liderança criativa funciona?
Embora seja óbvio que Musk, às vezes, leva seu status de líder além dos limites, isso não significa que a liderança criativa deva ser negligenciada como um estilo de gestão. Dez anos atrás, uma pesquisa da IBM com 1,5 mil CEOs relatou que a criatividade seria a qualidade de liderança mais importante nos próximos cinco anos.
“Há pesquisas que mostram que aqueles que têm seus próprios insights criativos são melhores líderes”, disse Jennifer Mueller, professora da Universidade de San Diego que estuda criatividade. “Essas pessoas sabem reconhecer boas ideias, estão abertas a elas e identificam como conseguir projetos inovadores por meio da organização.”
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Sue Siddall, diretora executiva da IDEO Europe e líder em design thinking, concorda. “O fator humano, a liderança criativa e as culturas criativas estão se tornando muito mais importantes do que o design”, explicou ela.
Veja, na galeria de imagens a seguir, três maneiras para liderar de forma criativa sem colocar suas organizações em risco:
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GettyImages Comece aos poucos
Ao se deparar com uma nova ideia, os líderes criativos podem ser tentados a se jogar nela imediatamente – mas a história mostrou que é mais sensato começar com pequenas experiências. Jim Hackett, o atual CEO da Ford, é um excelente exemplo. Antes de ingressar na Ford, Hackett era o CEO de uma empresa de móveis de escritório chamada Steelcase. Na esperança de se tornar um pioneiro em escritórios abertos, o empresário queria eliminar os espaços privados. Sabendo, no entanto, que uma mudança radical poderia causar retrocesso, ele pediu aos executivos que participassem de um experimento de seis meses.
“Quando um líder respeitado pede para que você participe de uma pequena experiência, é muito difícil dizer não ou até mesmo reclamar”, explica Tom Kelley, sócio da IDEO, na Harvard Business Review. “E ninguém recusou. Embora tenha evoluído ao longo do tempo, o experimento de seis meses da Steelcase se transformou em 20 anos. Os executivos nunca retomaram suas salas fechadas.”
Caryn Seidman Becker é outra líder que entende o poder de começar aos poucos. Em 2010, ela comprou a CLEAR, uma empresa falida de segurança de aeroportos. Depois de restabelecer a presença da companhia nesses locais, ela começou a experimentar outros, como estádios esportivos. Mais de uma dúzia deles agora utilizam o sistema da CLEAR.
Embora bem-sucedido, esse passo singular é apenas uma parte da visão mais ampla de Seidman Becker: CLEAR em todo o país. “Toda vertical – hospitais, imóveis, prédios de escritórios, universidades – pensa em como garantir a segurança e ainda ter ambientes abertos”, disse ela à “Fast Company”, que a nomeou a sétima pessoa mais criativa nos negócios em 2018.
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GettyImages Ouça sua equipe e seus instintos
Os líderes criativos, segundo a “Harvard Business Review”, “agem menos como comandantes e mais como treinadores, menos como gerentes e mais como facilitadores”. Eles também promovem o auto-respeito em vez de exigir isso. Para atingir tais níveis, os líderes devem ouvir tanto, senão mais, do que falar.
Ouvir não apenas permite que eles absorvam diferentes perspectivas, mas que possam melhorar a visão da equipe sobre sua capacidade de liderança. Uma pesquisa da Wharton School descobriu que os indivíduos são mais propensos a seguir líderes criativos se estes forem carismáticos – e uma das características do carisma é saber ouvir.
Líderes criativos eficazes também ouvem sua intuição. “Os melhores líderes são aqueles que sabem que percepções – aquelas possibilidades que estão além do reino do conhecido – possuem um valor especial”, escreveu Erik Wahl no artigo “Redescubra Seu Gênio Criativo”, publicado na “Fast Company”. “Ouvi-las é a maneira de fazer as descobertas reais acontecerem.”
Quando Fidji Simo, vice-presidente de desenvolvimento de produtos do Facebook e outro nome entre os líderes mais criativos eleitos pela “Fast Company”, está no processo de criação de um novo produto, ela não diz a sua equipe o que fazer. Em vez disso, ela faz uma pergunta simples: “O que queremos que as pessoas sintam?”. Essa abordagem levou seu time a desenvolver os recursos inovadores do Facebook Live, uma tecnologia que cativou o público norte-americano.
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GettyImages Aprenda com os seus erros
Embora os grandes líderes errem, eles falham de maneira diferente de todos os outros. “O que uma pessoa vê como uma decepção desestimulante, outra transformará em uma oportunidade”, explica Valeria Mecozzi e Menno van Dijk em um artigo na THNK. “A engenharia da falha permitirá que você domine a natureza apaixonada da liderança criativa.”
Líderes criativos não têm medo do fracasso porque sabem que aprenderão com isso. Essa intrepidez, escreveu Doug Guthrie na Forbes, permite que eles “explorem mais caminhos com resultados desconhecidos” e, em última análise, “construam uma organização melhor”.
De fato, o fracasso pode até ser um sinal positivo para líderes criativos – e a falta dele pode ser preocupante. Quando a Netflix estava fazendo sucesso após a popularidade do seu conteúdo original, o CEO Reed Hastings disse: “Nossa taxa de acerto é alta demais agora… Precisamos correr mais riscos. Temos que tentar mais coisas impensáveis, porque é possível que tenhamos uma taxa de cancelamento mais alta no geral.”
Jeff Bezos, da Amazon, também acredita no poder do fracasso. Pouco depois de comprar a Whole Foods, ele disse ao “New York Times”: “Se você vai fazer apostas arrojadas, elas serão experiências… Os experimentos são, por sua própria natureza, propensos ao fracasso. Mas alguns grandes sucessos compensam as dezenas de coisas que não funcionaram.”
São líderes criativos como Simo, Bezos e, claro, Musk, que estão preparando o caminho da sociedade para o futuro. Como eles e seus sucessos demonstraram, a criatividade pode ser uma ferramenta de negócios inestimável – desde que não se sustente por si só e, ao contrário, seja equilibrada com reflexão e humildade. Até o próprio Musk está aprendendo: no ano passado, depois de tentar automatizar toda a linha de produção da Tesla, ele escreveu: “A automação excessiva na Tesla foi um erro. Para ser preciso, meu erro”.
Comece aos poucos
Ao se deparar com uma nova ideia, os líderes criativos podem ser tentados a se jogar nela imediatamente – mas a história mostrou que é mais sensato começar com pequenas experiências. Jim Hackett, o atual CEO da Ford, é um excelente exemplo. Antes de ingressar na Ford, Hackett era o CEO de uma empresa de móveis de escritório chamada Steelcase. Na esperança de se tornar um pioneiro em escritórios abertos, o empresário queria eliminar os espaços privados. Sabendo, no entanto, que uma mudança radical poderia causar retrocesso, ele pediu aos executivos que participassem de um experimento de seis meses.
“Quando um líder respeitado pede para que você participe de uma pequena experiência, é muito difícil dizer não ou até mesmo reclamar”, explica Tom Kelley, sócio da IDEO, na Harvard Business Review. “E ninguém recusou. Embora tenha evoluído ao longo do tempo, o experimento de seis meses da Steelcase se transformou em 20 anos. Os executivos nunca retomaram suas salas fechadas.”
Caryn Seidman Becker é outra líder que entende o poder de começar aos poucos. Em 2010, ela comprou a CLEAR, uma empresa falida de segurança de aeroportos. Depois de restabelecer a presença da companhia nesses locais, ela começou a experimentar outros, como estádios esportivos. Mais de uma dúzia deles agora utilizam o sistema da CLEAR.
Embora bem-sucedido, esse passo singular é apenas uma parte da visão mais ampla de Seidman Becker: CLEAR em todo o país. “Toda vertical – hospitais, imóveis, prédios de escritórios, universidades – pensa em como garantir a segurança e ainda ter ambientes abertos”, disse ela à “Fast Company”, que a nomeou a sétima pessoa mais criativa nos negócios em 2018.
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