Resumo:
- A maioria das dez principais escolas de negócios dos Estados Unidos registraram quedas no número de inscrições para seus programas de MBA;
- Os reitores das principais faculdades do país estão lutando para conseguir manter o número de estudantes igual de um ano para o outro;
- A previsão de alguns profissionais da área é a de que muitos cursos renomados encerrem as atividades nos próximos anos;
- O fim do MBA abre oportunidade para outros tipos de graduação online ou em cursos mais especializados.
Alunos que terminaram seus MBAs neste ano não tiveram problemas para encontrar ótimos empregos. Na maioria dos casos, os salários iniciais bateram níveis jamais vistos e a taxa de empregabilidade para as instituições também está em nível recorde.
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Porém, pelo segundo ano consecutivo, até as melhores escolas de negócios nos Estados Unidos reportaram um declínio significativo nas procuras por MBAs. Mas o pior ainda está por vir, já que diversos programas estão sofrendo baixas que chegam a dois dígitos. No ano passado, o grupo das dez maiores escolas de negócios do país sofreu uma queda de 3.400 inscrições (53.907 candidatos em 2018 contra as 57.311 do ano anterior).
A Escola de Negócios Ross da University of Michigan sofreu uma baixa de 8,5% nas inscrições (3.485 para 3.188), a pior queda do grupo. As inscrições de MBA em Harvard encolheram 4,5%, as da Universidade da Califórnia (Berkeley Haas) 7,5%, as da Universidade da Pensilvânia (Wharton) 6,7%, as de Stanford 4,6% e as da Universidade de Chicago (Booth) 8,2%.
“Pelo segundo ano consecutivo, as dez melhores escolas de negócios experimentaram declínios significativos nas inscrições”, afirma William Boulding, reitor da Escola de Negócios Fuqua, na Universidade de Duke. “Fiquei sabendo que algumas das dez melhores instituições do país estão com perdas que chegam a dois dígitos, então imagino que, no final das contas, o resultado será pior do que o do ano passado.”
Apesar de algumas poucas exceções, as notícias iniciais das inscrições em 2018 e 2019 são sombrias. Na Escola de Fuqua (Duke) as inscrições integrais diminuíram 14,6%, na Escola de Negócios de Yale a baixa foi de 15,6%, e as inscrições para a Escola de Negócios Tuck (Dartmouth College) despencaram 22,5%. Entre as desacelerações gerais, a Escola de Negócios Booth (Chicago) apresentou um resultado positivo, com as inscrições para o programa de MBA crescendo em 3,4%, resultado que não foi suficiente para recuperar a queda de 8,2% do ano anterior.
Algumas outras escolas de negócios importantes reportaram quedas menores, mas a tendência de novos profissionais da área se interessarem menos pelo programa de MBA é clara. A Escola Wharton (Universidade da Pensilvânia) anunciou recentemente que as inscrições para o curso de outono de 2019 chegaram em 5.905, uma queda de 5,4% em relação a 2018 e 11,8% menor do que o recorde da instituição de 6.692 em 2017. Esta foi a primeira vez nos últimos oito anos em que as inscrições não alcançaram a marca de 6.000 na escola, além de produzir o menor índice de chegada de estudantes estrangeiros no mesmo período, com 30%.
As inscrições na Escola de Negócios Stern (NYU) para a turma mais recente diminuíram mais de 5%, passando de 3.718 no ano anterior para 3.518. Em conjunto com a queda de 3,7% nas inscrições do ano anterior, o índice de aprovação da instituição subiu para 26%, 3 pontos percentuais a mais do que os 23% do ano passado. Outra mudança ocorreu no tamanho das turmas, que passaram a ter 359 estudantes, um número menor do que os 370 aprovados no período passado.
“O mercado de MBA está em uma situação delicada no momento”, admite Andrew Ainslie, reitor da Escola de Negócios Simon (University of Rochester). “Os reitores brincam que ‘ficar neutro é o novo aumento’. Se nós conseguimos segurar os números como estão, já é uma realização incrível.” Ainslie diz que, quando encontra outros reitores, “metade de nossas discussões giram em torno de saber o que cada um está fazendo com o respectivo programa de MBA.”
Ainslie participou recentemente de uma revisão para aprovação em uma das grandes escolas de negócios e ficou surpreso ao saber que o programa de MBA integral recebe apenas três inscrições para cada aluno matriculado. “A maioria de nós entende que precisamos fazer três ofertas para conseguir um estudante”, afirma. “Então, quando chegamos a este índice, significa que ofertas estão sendo feitas para todo mundo. E esta é uma escola conhecida internacionalmente.”
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Ainslie prevê que um número de 10% a 20% dos cem melhores programas de MBA nos Estados Unidos têm grandes chances de encerrar as atividades nos próximos anos, com resultados ainda piores para cursos de instituições menores. Apenas três meses atrás, a Escola de Negocios Gies (University of Illinois) anunciou o cancelamento do seu programa integral e presencial de MBA.
Simon viu o volume de suas inscrições permanecer estável no ano que passou, em grande parte por ter se tornado a primeira escola de negócios americana a ganhar a designação STEM (de exatas) para seu programa de MBA integral. A mudança possibilitou a alunos estrangeiros tentar uma extensão de 24 meses para um treinamento prático opcional, que diminui a distância entre um visto de estudante para um visto de trabalhador. “Nós pensamos que o STEM nos colocaria em uma posição incrível. Mas, depois de ouvir as últimas notícias, estou feliz de termos mantido os números do ano passado,” diz Ainslie.
Reitores atribuem a diminuição a um conjunto de fatores que inclui o fortalecimento da economia americana, que mantém mais pessoas empregadas, e também as incertezas sobre vistos de emprego para estudantes estrangeiros, que estão receosos com os últimos discursos anti-imigração veiculados na imprensa. Outras razões foram o aumento do preço do programa e a concorrência de graduações menores em negócios, como programas de MBA online e programas de mestrado especializados em áreas de negócios como finanças, contabilidade, análise, marketing e administração de redes de fornecimento.
O volume de inscrições para MBA varia de acordo com os ciclos econômicos, como é esperado. Normalmente, períodos de recessão provocam maior procura pela graduação, já que as oportunidades de carreira diminuem e os profissionais buscam se livrar da fase ruim com mais especializações. Ainslie conta que ouve alguns colegas reitores brincarem ao afirmar que “Tudo o que eles precisam é uma pequena recessão”. Segundo ele, “os reitores são as únicas pessoas que gostam de recessões, nós achamos que ainda vai ser bom o suficiente para a nossa situação.”
Mas, quando a próxima recessão chegar, ele espera uma recuperação temporária e mais amena do que a história mostrou. Ted Snyder, que deixou recentemente a reitoria da Escola de Administração da Universidade de Yale, concorda com Ainslie, citando o alto custo do MBA como uma das razões pelas quais uma recessão não vai gerar um aumento que chegue a dígitos duplos no volume de inscrições.
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“Os aumentos anuais nas mensalidades do curso que chegaram a ultrapassar a inflação em 2% por mais de 25 anos” afirma ele, “fizeram com que muitas escolas se encontrassem em uma armadilha de mensalidades, na qual não é possível achar mercado para os cursos oferecidos. Eu entendo que o principal motivo que impede um reviravolta é o alto preço do curso, então, uma recessão não teria um grande efeito no caso. As escolas devem parar de aumentar seus preços.”
Nem todas as notícias são ruins, é verdade. “O mercado online está amadurecendo e existem excelente oportunidades por aí. Programas de mestrado em negócios estão lentamente mudando de um produto exclusivamente voltado a estudantes internacionais para estudantes domésticos. Estamos presenciando o fim do MBA, mas ainda estamos recebendo muitos estudantes em programas de graduação diferentes.”
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