No livro “How Universities Die” (“Como as Universidades Morrem”, em tradução livre), o acadêmico australiano Peter Fleming lamenta a influência neoliberal presente na academia nos últimos 20 anos. Ele acredita que essa linha de pensamento está resultando no lento desaparecimento de instituições que já foram grandes no passado. Uma parte central de sua tese é que as universidades deixaram de ser locais de exploração intelectual para se transformar em criadouros para a próxima geração de trabalhadores.
A grande e velha questão é se as universidades devem apoiar pesquisas acadêmicas generalizadas ou se devem agir mais como uma preparação para carreiras específicas. Sobre isso, uma pesquisa recente da Rice University sugeriu que os estudantes ganham mais quando sua graduação está estreitamente vinculada a seus empregos.
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“A ligação entre a faculdade e a ocupação foram positivamente relacionadas aos salários”, escreveram os pesquisadores. “Em particular, esse vínculo foi capaz de aumentar o valor recebido por trabalhadores que atuavam especificamente com o que estudaram, quando comparado aos demais”
HABILIDADES TRANSFERÍVEIS
O outro lado do argumento é fornecido por um relatório da London School of Economics, que destaca a importância das competências transferíveis. Os autores sugerem que, em um mundo em que os empregos mudam tão rapidamente, esse tipo de habilidade é cada vez mais importante. O problema é que nem as universidades conseguem ensiná-la, nem os empregadores estão dispostos a investir nisso – apesar de admitirem sua importância.
“A maioria das habilidades que os empregadores descobrem que faltam entre os funcionários são as transferíveis: só as lacunas envolvendo a capacidade analítica contribuem para 40% de todas as vagas com escassez de talentos, assim como conhecimentos envolvendo tecnologia e TI, que são responsáveis por um terço do mesmo problema”, escreveram os pesquisadores. “Em relação às competências pessoais, tanto em 2015 como em 2017, a habilidade mais escassa no mercado de trabalho foi a capacidade de gerir o próprio tempo e a priorização de tarefas.”
Como estamos em meio à chamada “Grande Renúncia”, onde muitos profissionais estão pensando em mudar para novos empregos ou novas carreiras, ter um bom domínio das competências que possuímos e que podem possibilitar tais transições é fundamental. No livro “Next Move, Best Move” (“Próximo Passo, Melhor Movimento”, em tradução livre), a especialista em desenvolvimento de carreira Kimberly Cummings descreve como você pode conduzir uma “auditoria de habilidades” adquiridas em cada função desempenhada ao longo da sua vida. Kimberly defende que você deve separar as competências a partir do que você quer ou não continuar usando no futuro.
DESCOBRINDO SUAS HABILIDADES
A autora ensina um modelo que você pode usar para colocar em prática essa auditoria de habilidades, embora, é claro, você também possa usar apenas um caderno e uma caneta. O importante é que você seja capaz de realizar uma avaliação precisa das habilidades que você já adquiriu e também das que você deseja desenvolver na sua futura carreira. Kimberly recomenda as seguintes perguntas:
- Quais são as principais habilidades que você adquiriu ao longo de sua carreira?
- Quais habilidades você considera seus pontos fortes?
- Que habilidades o ajudaram a obter os melhores resultados?
- Que habilidades se vê ensinando aos outros?
- No seu futuro profissional, quais habilidades você prefere não usar?
- E quais habilidades você deseja usar em sua próxima função?
“Depois de responder a essas perguntas, você deve ter uma lista clara das habilidades transferíveis que você gostaria de continuar a usar em sua carreira”, escreve a especialista.
DEMANDA DE HABILIDADES
Não apenas as habilidades sociais estão entre as mais transferíveis, mas também entre as mais solicitadas. Uma análise realizada há alguns anos pela plataforma de aprendizado Udemy descreveu as competências mais valiosas no mercado de trabalho atualmente. Elas incluem:
- Conflito de gestão;
- Gerenciamento de tempo;
- Gerenciamento de estresse;
- Habilidades de comunicação;
- Atendimento ao cliente;
- Inteligência emocional;
- Narrativa;
- Mudar a gestão.
Compreender não apenas as habilidades transferíveis que você possui, mas também as que são consideradas valiosas em uma grande variedade de profissões, provavelmente será importante em um futuro do trabalho onde teremos várias carreiras diferentes. Ser capaz de ligar os pontos entre eles e entender o que pode ser aplicado de maneira nova é uma habilidade que por si só será cada vez mais importante.
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