Nas duas últimas décadas, as empresas redefiniram o papel de seus executivos C-Level. Cargos que antes exigiam amplo conhecimento técnico, hoje estão mais voltados a habilidades emocionais, capacidade de gerir pessoas e preocupação com a diversidade.
A Harvard Business Review analisou 5 mil job descriptions que a empresa global de recrutamento de altos executivos Russell Reynolds desenvolveu com seus clientes entre 2000 e 2017.
A análise, publicada em artigo recente, mostrou que as empresas continuam em busca de profissionais com capacidades operacionais e de gestão de recursos financeiros. Mas essas habilidades são menos importantes à medida que as soft skills se tornam prioridade para altos líderes – CFOs, CIOs, CHROs, CMOs e principalmente CEOs.
O que são soft skills
As soft skills são habilidades subjetivas, de difícil identificação e diretamente relacionadas à inteligência emocional das pessoas. Elas geralmente são adquiridas por meio das experiências vivenciadas ao longo do tempo – e não em livros ou cursos.
Diferentes das chamadas “hard skills” – aquelas que normalmente entram no currículo e são aprendidas em cursos, faculdades, escolas e outros empregos, e que são específicas para cada área – as “soft skills” são importantes para qualquer tipo de atuação profissional.
Nas grandes empresas
De acordo com um levantamento do LinkedIn, essas habilidades seriam uma das prioridades para 92% dos recrutadores neste ano. O foco nas soft skills é observado especialmente em grandes empresas – especialmente as multinacionais de capital aberto e aquelas envolvidas em M&As (fusões e aquisições).
Em ambientes maiores e mais complexos, líderes que sejam bons comunicadores e saibam gerir bem as equipes e suas necessidades e dificuldades são bem-vindos. Eles também são essenciais para manter bons relacionamentos de negócios com equipes externas e outras empresas.
Tecnologia e comunicação
Habilidades de comunicação também se tornam mais importantes à medida que as operações e relações entre equipes migram para o digital. Estudos mostram como os modelos de trabalho remoto e híbrido aumentaram a produtividade dos times, mas os líderes precisam estar atentos em como fazer a gestão dos seus funcionários em ambiente online e, muitas vezes, assíncrono.
Quando as empresas automatizam tarefas – geralmente com o uso de tecnologias e plataformas semelhantes –, a competitividade passa a depender de recursos que as máquinas não possuem, como criatividade, julgamento, e percepção, que são melhor executados por líderes com fortes habilidades sociais.
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CEOs estrelas
Se há pouco tempo a maioria dos CEOs não eram pessoas públicas, hoje é comum que empresas usem seus executivos para humanizar a marca e transmitir informações e posicionamentos interna e externamente. Muitos deles, inclusive, têm forte presença nas redes sociais. Eles precisam saber se comunicar também no online e entender como suas palavras e ações podem repercutir para além do momento.
Diversidade e inclusão
Diversidade nas equipes permite uma maior variedade de ideias e melhores resultados financeiros. Os líderes devem entender isso e abraçar a diversidade de forma empática e proativa – o que também exige habilidades sociais e emocionais. Os que fizerem isso melhor, garantem a retenção de seus talentos ao construir um ambiente em que os funcionários se sentem valorizados, ouvidos e representados.
Seleção dos novos CEOs
Se antes os futuros líderes eram preparados com experiências técnicas e atuação em diferentes países, hoje os processos de recrutamento precisam ser repensados para dar a devida importância às habilidades emocionais.
Poucas empresas, no entanto, já investem em formas de recrutamento que valorizam essas competências. Também é difícil exemplificar as que já vêm testando novos modelos, já que os processos de seleção de profissionais C-Level geralmente é confidencial.
Para fazer a análise dessas capacidades mais subjetivas, empresas podem investir em testes que medem traços de personalidade e comportamento, além de simulações de como a pessoa agiria em determinadas situações. Os potenciais líderes também devem ser colocados em simulações que os obriguem a interagir com pessoas e demonstrar suas habilidades emocionais – ou a falta delas.
As companhias também podem desenvolver novas ferramentas para essas capacidades sem ficar refém de vieses. O teste de ler a mente por meio dos olhos, por exemplo, em que a pessoa deve escolher a emoção que melhor descreve uma fotografia de olhos, é eficaz em medir a performance social de candidatos, segundo estudos recentes.
E as capacidades sociais não são usadas apenas para contratar, mas também para medir a performance de executivos e promovê-los ou dar bônus e compensações. Em vez de buscar profissionais com soft kills fora da empresa, as companhias podem se beneficiar com o movimento que permite que seus funcionários ascendam demonstrando habilidades socioemocionais.
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