Cinco gerações fazem parte da força de trabalho atual. A “geração silenciosa” – fazendo referência àqueles nascidos entre 1925 e 1942 –, os baby boomers, a geração Z, os millenials e a geração X trazem diferentes perspectivas e expectativas para o ambiente de trabalho. É fácil colocar um estereótipo em cada uma: de que os boomers são inflexíveis e têm medo de tecnologias, que a geração X não se importa com o que as pessoas pensam sobre eles, que millennials querem reconhecimento para tudo que fazem e a geração Z – o maior grupo demográfico dos EUA com mais de 90 milhões de pessoas – só querem ser influenciadores do TikTok.
Como as gerações se sentem em relação ao trabalho
Iniciativas de diversidade, equidade e inclusão, posicionamento social e flexibilidade no trabalho são fatores importantes para o recrutamento e a retenção de talentos, de acordo com uma pesquisa sobre cultura corporativa. Mais de 90% dos funcionários disseram que a cultura do empregador impacta a decisão deles de continuar na empresa.
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Os baby boomers não se importam tanto com a cultura da empresa, com menos de 30% deles dizendo que a cultura tem pouco, ou não tem nenhum, impacto na decisão de continuar no emprego. Por outro lado, aproximadamente 40% dos millennials e da geração Z afirmam que a cultura tem um relevante papel na vontade deles de ficar na companhia em que trabalham.
Por sua vez, os trabalhadores da geração Z estão mais interessados e preocupados com gerar impacto social à comunidade por meio de iniciativas de responsabilidade social corporativa, fazendo parte de grupos de funcionários voluntários. Questões sociais e políticas são de extrema importância aos empregados mais novos. Quase metade da força de trabalho mais jovem e de trabalhadores LBGTQ+ dizem que o posicionamento de suas empresas em questões em alta nas redes sociais fazem diferença na permanência deles com o empregador. De forma menos impactante, millennials afirmam que eles deixariam um empregador se a companhia não estivesse alinhada com suas perspectivas pessoais.
Um ponto valorizado por todos os diferentes grupos geracionais foi no recebimento de remuneração e de benefícios competitivos no mercado, no trabalho em regimes remoto ou híbrido, em oportunidades de crescer na carreira e na flexibilidade no trabalho. Todo mundo quer ganhar bem e crescer.
A mistura de gerações no ambiente de trabalho
As carreiras têm se tornado mais dinâmicas e complexas, diminuindo a histórica correlação entre a idade e o nível de senioridade na carreira. As rápidas mudanças tecnológicas e organizacionais significam que os trabalhadores precisarão, a partir de agora, se reinventar milhares de vezes durante suas carreiras. Ao mesmo tempo, a ampliação da cultura corporativa tornou aceitável – e, até mesmo, desejável – a promoção de funcionários jovens a posições de liderança. Estamos em um mundo profissional no qual um estagiário de 60 anos pode ser mentorado por alguém de 27 anos, afastando o pensamento antiquado de que somente funcionários mais velhos podem ser gestores.
A dificuldade de equilibrar interesses
A comunicação é a chave desse processo. Os líderes estarão trabalhando com funcionários de idades muito variadas e, por isso, vão precisar aprender e entender as perspectivas de cada grupo. Você não precisa ter cinco estilos de gestão para lidar com cada geração, mas sim, cultivar uma comunicação efetiva. Pergunte aos seus empregados o que eles precisam para ter sucesso, o que é importante para eles e quais são as expectativas deles.
O principal desafio de tudo isso é equilibrar esses interesses diversos. A perspectiva política de alguém a respeito de algo, por exemplo, pode ser totalmente oposta a de outra pessoa, independente das gerações delas – o que pode gerar caos e conflitos.
Brian Armstrong, o CEO da Coinbase, uma plataforma de criptoativos do Vale do Silício, disse aos seus funcionários que não podiam mais discutir política no ambiente de trabalho, oferecendo pagar benefícios àqueles que quisessem sair por não estarem confortáveis com a nova política da empresa de “neutralidade política”. “A vida é curta demais para trabalhar em uma empresa que não faz sentido para você. Esse pacote de benefícios é uma vitória para aqueles que desejarem sair da companhia”, disse o CEO em um informativo para os trabalhadores.
Como fazer as coisas darem certo
Para trazer harmonia ao ambiente de trabalho, é importante refletir sobre si mesmo e como você vê outras pessoas. Você deve ser consciente dos vieses inconscientes que pode ter e que afetarão seus colegas de trabalho. Não assuma coisas sobre os outros a partir de estereótipos. Ao invés disso, veja todos por uma perspectiva imparcial.
Se envolva com funcionários em diferentes estágios da vida em relação a onde você está agora. Tenha conversas abertas e honestas com esses colegas para aprender como eles pensam, agem, processam informações e para conhecer suas habilidades, métodos de comunicação e estilo de trabalho.
Você pode aprender com cada geração. Estar envolvido com pessoas que trazem ideias e experiências únicas torna as coisas mais interessantes. Preserve seus funcionários mais geracionalmente diferentes, como os mais velhos que não se dão bem com tecnologia e os mais jovens que só pensam em ser famosos no TikTok.
* Jack Kelly é colaborador sênior da Forbes USA. Ele é CEO, fundador e recrutador executivo da WeCruitr, uma startup de recrutamento e consultoria de carreira.
(Traduzido por Gabriela Guido)