Um terço dos profissionais que se identificam como LGBTQIA+ estão pensando em deixar seus empregos e mudar para uma empresa mais inclusiva, de acordo com uma nova pesquisa realizada pela consultoria Deloitte.
Com base nas experiências de quase 5.500 pessoas LGBTQIA+ em 13 países, incluindo o Brasil, o estudo descobriu que a proporção dos que consideram trocar de empresa atualmente é ainda maior entre os profissionais LGBTQIA+ e os que pertencem a minorias étnicas. Neste último grupo demográfico, cerca de 52% dos entrevistados disseram que estavam pensando em trocar de emprego.
Uma força de trabalho diversa é o principal fator observado pelos profissionais ao escolher um empregador — foi citado por 69% das pessoas ouvidas pela pesquisa. A oportunidade de participar de iniciativas de diversidade e inclusão também é relevante para 64%, seguida pelo compromisso interno com a inclusão de pessoas LGBTQIA+ (63%), o compromisso externo (56%) na mesma direção e a existência de líderes assumidamente LGBTQIA+ (53%) na empresa.
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Maioria dos profissionais LGBTQIA+ não fala sobre orientação sexual no trabalho
Em consonância com esses resultados, apenas 43% disseram se sentir à vontade para assumir sua orientação sexual no trabalho e 47% disseram o mesmo sobre sua identidade de gênero.
Um terço dos profissionais ouvidos diz que se sente confortável em expor sua sexualidade no trabalho, mas apenas para um grupo restrito de pessoas. E 3 em cada 10 relataram que se sentem desconfortáveis, mas estão tentando ser mais abertos.
“Quando as organizações promovem a diversidade e mostram seu compromisso com a inclusão de pessoas LGBTQ+, isso pode ter um impacto significativamente positivo nas experiências de seus funcionários no local de trabalho”, disse Jackie Henry, sócio-gerente de pessoas da Deloitte. “No entanto, os resultados mostram que as organizações ainda precisam fazer mais para fornecer um ambiente seguro no qual os funcionários LGBTQ+ se sintam capazes de serem eles mesmos no trabalho”, completa.
A Deloitte descobriu que, quanto mais velhos, mais à vontade as pessoas tendem a se sentir em relação ao tema no trabalho. Apenas 37% dos funcionários no início da carreira disseram que se sentiam confortáveis em expor sua orientação sexual, contra 43% dos funcionários de nível médio e sênior e 51% daqueles em cargos de liderança.
O principal motivo citado foi a preocupação de ser tratado de maneira diferente por causa de sua orientação sexual (39%) ou identidade de gênero (46%). Quando se trata da orientação sexual, a preferência por não discutir a vida privada no trabalho é o segundo motivo mais citado (37%). Os profissionais também temem o tratamento adverso por outras pessoas (32%) e que expor sua sexualidade possa afetar suas perspectivas de carreira (26%) e ameaçar sua segurança pessoal (19%).
As diferenças geracionais também aparecem em relação à importância da diversidade no trabalho. Esse fator é relevante para 71% dos profissionais da geração Z e para 73% dos millennials – alguns pontos percentuais acima em relação à geração X (62%).
Como esperado, ter aliados no ambiente de trabalho também é extremamente importante para os profissionais. Cerca de 61% dos que falavam sobre sua orientação sexual com pelo menos algumas pessoas no trabalho disseram que esse apoio os encorajou a se assumir.
*Josie Cox é colaboradora da Forbes USA. Ela é jornalista e cobre negócios, economia e futuro do trabalho. Já trabalhou em veículos internacionais como Reuters, The Wall Street Journal e The Independent.
(traduzido por Fernanda de Almeida)