Pensamentos intrusivos afetam seis milhões de pessoas nos EUA, de acordo com a Sociedade de Ansiedade e Depressão. Eles podem trazer imagens perturbadoras ou sugestões de natureza violenta, sexual ou assustadora. Imagine algo tão surpreendente quanto empurrar seu chefe do telhado de um prédio, xingar o padre no meio da missa ou se encontrar em um ninho de tarântulas.
Especialistas em saúde mental descrevem essas reflexões preocupantes como pensamentos indesejados e repetitivos, imagens ou impulsos. “Pensamentos intrusivos podem variar de algo que faz você se sentir um pouco desconfortável a ser totalmente perturbador”, diz a psiquiatra Lauren Edwards, professora assistente do Centro Médico da Universidade de Nebraska. “E geralmente é a última coisa em que você quer pensar.”
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De acordo com a organização de saúde Nebraska Medicine, muitos pensamentos intrusivos podem ser considerados normais e passam pela mente de uma pessoa sem deixar marcas. Mas o que acontece quando esses pensamentos intrusivos persistem, eliminando outras ideias e dificultando o foco e a produtividade?
“Pensamentos intrusivos tendem a refletir nossos maiores medos ou cenários mais indesejados, então você pode tratá-los como um sinal de algo importante para você”, diz a Dr. Edwards. Mas nossos pensamentos nem sempre estão prevendo algo. Frequentemente, são bastante aleatórios e inexplicáveis. Só porque uma linha de pensamento aparece não significa que você tenha que embarcar nela. Pensamentos e ações são duas coisas muito diferentes. Não importa o que você esteja pensando, ou quão intrusivo um pensamento possa ser, é apenas um pensamento.
Aqui estão três maneiras de lidar com pensamentos intrusivos em sua carreira:
- Pensamentos não são reais: de que são feitos os pensamentos, afinal? Impulsos dentro de nossos cérebros, certo? Mas de onde vêm esses impulsos? Pensamentos intrusivos e ideias aleatórias não fazem de você uma pessoa ruim – eles são um sinal de que você não é um chatbot. Pensamentos intrusivos fazem parte do sistema operacional humano – não são uma falha, mas um recurso. Ideias aleatórias não são motivo de vergonha ou culpa, elas fazem parte de ser humano.
- Você não é seus pensamentos: Freud propôs que os pensamentos são inatos a quem somos. No entanto, terapeutas comportamentais modernos identificaram que os pensamentos não são indicadores fixos do eu. Os pensamentos muitas vezes estão em oposição direta ao pensador – é assim que funciona o ser humano. Em seu blog, “Pensamentos bizarros e eu: confissões de um terapeuta com TOC”, Stacey Kuhl Wochner compartilha o seguinte: “Sou uma terapeuta que trata do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e tenho pensamentos bizarros. Aqui está a minha grande revelação. Todos nós temos isso. Não é só você.” Nossas mentes, assim como nosso ambiente, estão mudando constantemente. A chave, diz Wochner, é ver os pensamentos pelo que eles são – apenas pensamentos – e deixar os negativos e intrusivos irem.
- Aceitação é a chave: Para aqueles que sofrem de TOC, pensamentos intrusivos podem ser particularmente preocupantes. Wochner diz a seus pacientes: “O medo é simplesmente a resposta do seu cérebro a um pensamento específico, porque você tem TOC. O pensamento não é especial e você não tem absolutamente nenhum controle sobre a chegada ou partida dele.” O que ela compartilha também vale para aqueles que não tem diagnóstico de TOC. Se quisermos ser eficazes em nosso trabalho, temos que reconhecer que sim, existem pensamentos intrusivos. E se eles persistirem, procure atendimento médico. “A causa primária da infelicidade nunca é a situação, mas os pensamentos sobre isso”, diz o autor best-seller Eckhart Tolle. “Esteja ciente do que você está pensando”, sugere. Ele não diz “controle seus pensamentos”, “desautorize seus pensamentos” ou “tenha vergonha de certos pensamentos”. Esteja ciente de que todos nós temos pensamentos intrusivos de tempos em tempos.
Pesquisadores canadenses determinaram que temos mais de 6 mil pensamentos por dia. Nem todos serão produtivos ou úteis. Alguns pensamentos nos interrompem aleatoriamente, mas são pensamentos intrusivos? O estresse pode levar ao desencadeamento de pensamentos intrusivos, diz a Dra. Edwards, incluindo interrupções na rotina, falta de sono e alterações hormonais.
“As pessoas tendem a se concentrar mais em coisas negativas do que em coisas boas. Então a mente fica obcecada com coisas negativas, com julgamentos, culpa e ansiedade produzidos por pensamentos sobre o futuro e assim por diante”, afirma Eckhart Tolle em “O Poder do Agora”. “Em vez de ser seus pensamentos e emoções, seja a consciência por trás deles.”
Pensamentos intrusivos não precisam atrapalhar sua carreira, seus relacionamentos ou sua vida. Se estiverem fazendo isso, você pode considerar falar com um profissional sobre isso. Talvez essa simples compreensão de como o pensamento funciona possa nos revelar um pequeno segredo: os pensamentos vêm e vão. É por isso que não precisamos nos apegar a eles. Mesmo os intrusivos.
*Chris Westfall é colaborador da Forbes USA. Ele é autor de livros, escreve sobre a importância da comunicação para a liderança e também é consultor de empresas e empreendedores, ajudando a criar culturas com melhor engajamento e colaboração.
(traduzido por Fernanda de Almeida)