Google, Microsoft e Apple, além de estarem entre as marcas mais valiosas do mundo, têm algo mais em comum: foram fundadas por amigos. Airbnb, Ben & Jerry ‘s, Starbucks, entre tantas outras empresas de sucesso, também são exemplos de sociedades que começaram com uma amizade.
Os brasileiros Henrique Dubugras, 26 anos, e Pedro Franceschi, 25 anos, provam que a famosa frase “amigos, amigos, negócios à parte” pode estar equivocada. Eles largaram o curso de programação em Stanford e se tornaram bilionários em 2022 quando a sua empresa, a fintech Brex, de cartões de crédito corporativos, atingiu uma avaliação de mercado de US$ 12,3 bilhões (R$ 59 bilhões).
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Esse não foi o primeiro negócio da dupla, que em 2014 fundou a Pagar.me, de pagamentos online, vendida para a Stone. Henrique e Pedro se conheceram no Twitter em uma conversa sobre programação. “Começou a ficar muito difícil discutir em 140 caracteres e passamos para o Skype. Ficamos bem amigos pelo fato de sermos adolescentes que gostavam de programar”, lembra Dugubras.
Como eles, muitos empresários conseguiram unir amizade e negócios e hoje, no Dia do Amigo (20), contam como identificar um bom sócio em um amigo e como fazer da amizade um ativo para a sua empresa.
12 amizades que se tornaram negócios de sucesso
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David Politanski e Felipe Lombardi – Sweet Secrets
Ligados pela comunidade judaica e colegas em comum, David Politanski e Felipe Lombardi se aproximaram há mais de 10 anos em uma oportunidade de negócio e desde 2021 são sócios do Sweet Secrets, um bar secreto com clube de membros em São Paulo. David é head de vendas do Google na América Latina e investidor de bares como o Seu Justino, fundado por Lombardi, que também está por trás da festa de réveillon de Carneiros, em Pernambuco, e da criação da Baw Clothing, comprada pela Arezzo em 2021.
Os sócios, que investiram R$ 9 milhões no negócio, têm características e habilidades complementares: David é expert em negócios e Felipe, em bares e grandes eventos. “Eu tenho mais facilidade com tecnologia, números e networking no mundo corporativo, enquanto o Felipe é um expert em business para bares, festas e networking com diferentes formadores de opinião”, diz David. Para ele, a complementaridade ajuda nas tomadas de decisão e fortalece a assertividade do trabalho em equipe.
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Maria Eduarda Camargo e Emily Ewell – Pantys
Maria Eduarda Camargo e Emily Ewell se conheceram por conta de laços familiares. Em uma de suas viagens a trabalho ao Brasil, há mais de 10 anos, Emily, nascida nos Estados Unidos, conheceu seu atual marido. Ela só não esperava também conhecer sua futura sócia, já que Duda é sobrinha de seu esposo. Elas se aproximaram para além da família e, em 2017, a amizade se tornou também uma parceria profissional, com a criação da Pantys, femtech que criou as primeiras calcinhas absorventes da América Latina. Para as empresárias, a base de uma amizade é também a de um negócio de sucesso, e amigos podem ser ótimos sócios, especialmente se há um objetivo em comum. “Transparência e confiança é a base principal de tudo. Se sua relação foi construída dessa forma com um amigo, tem muito a agregar para ser um bom sócio”, diz Maria Eduarda.
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Reprodução/Vox Capital Carlos Humberto Filho e Antonio Pita – Diaspora.Black
Em 2016, Carlos Humberto ligava para o amigo e jornalista Antonio Pita para trazer a ideia de uma plataforma de hospedagem para turistas negros – que, mais tarde, se tornaria a empresa de turismo Diaspora.Black. O pesquisador e geógrafo já estava cansado de ouvir casos de racismo e de passar por experiências ruins com outras companhias de turismo. Assim, a dupla criou o que hoje é um marketplace de turismo voltado para passeios voltados à cultura africana e hospedagem segura e receptiva para turistas negros. Depois de enfrentar a pandemia e a dificuldade de conseguir investimentos, hoje a Diaspora.Black já gerou R$ 1,5 milhão para os que anunciam seus estabelecimentos e roteiros na plataforma.
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Márcia Queirós e Michelle Wadhy – Fast Escova
Márcia Queirós e Michelle Wadhy, fundadoras da rede de salões de beleza Fast Escova, se conheceram quando trabalhavam juntas na Avon Cosméticos. A ideia do negócio nasceu em uma conversa por Whatsapp, que surgiu da dificuldade delas de encontrar um salão que atendesse de forma rápida e sem agendamento. Em poucos minutos, as amigas já tinham as amigas o modelo de negócio, empréstimo requisitado e o plano de expansão da rede de franquias. “Temos nosso momento de amizade que falamos assuntos pessoais, mas acabam entrando também em questões voltadas para negócios. É uma mistura saudável”, diz Michelle Wadhy, CEO da empresa. Em menos de cinco anos, Márcia e Michelle já venderam mais de 200 unidades e faturaram 75 milhões em 2022.
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Flávio Santos, Gabriel Lima, Gustavo Almeida e Victor Godoy – MField
Gabriel, Gustavo e Victor são amigos de infância, cresceram juntos em Santos, litoral de São Paulo. Estavam sempre juntos em festas até que encontraram objetivos comuns também nos negócios. Enquanto idealizavam o projeto inicial do que viria a ser a MField, especialista em marketing de influência, conheceram Flávio Santos em uma feira de negócios. O match profissional veio logo de cara, mas em pouco tempo os quatro se tornaram também grandes amigos. O desafio é conseguir usar a amizade como um ativo para o crescimento da empresa. “É um dever de casa diário virar a chave do relacionamento interpessoal e das cobranças corporativas, mas trabalhamos em um mercado em que o relacionamento é diferencial e usamos o nosso relacionamento interno para escalar nosso negócio”, diz Flávio, CEO da MField. Fundada em 2018, a empresa tem cases de sucesso para marcas como Activision, Consul, Ambev e Telecine e fechou 2022 com um faturamento de R$ 40 milhões.
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Eduardo Vanzak e Lohran Schmidt – Desinchá
Amigos da época da faculdade de administração em Belo Horizonte, Eduardo e Lohran tinham negócios separados, em áreas diferentes, mas compartilhavam certa insatisfação com o que faziam. Depois de muitas conversas, decidiram correr atrás de algo que contemplasse ambos. Em 2015, pausaram tudo e partiram para o Vale do Silício, na Califórnia, para pesquisar o que havia de mais moderno no mercado de bem-estar.
“Descobrimos que o chá é a segunda bebida mais consumida no mundo, mas o Brasil não tinha esse hábito. Vimos a oportunidade”, conta Lohran. Ao voltar, passaram dois anos testando fórmulas. “Focamos em construir um produto que fosse saudável e gostoso o suficiente para que as pessoas menos acostumadas começassem a consumir”, lembra. Depois de mais de 50 tentativas, chegaram ao Desinchá, lançado em dezembro de 2017.
O produto caiu rápido nas graças de famosos e musas fit do Instagram e, em dois anos, tornou-se a segunda marca de chá mais vendida no país, com 20 mil pontos de venda e duas lojas físicas em São Paulo. Em 2019, a empresa expandiu para a Desinchá Company, que oferece café, cursos sobre vida saudável (gratuitos e pagos) e uma linha de cosméticos naturais e orgânicos.
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Edu Lyra, Le Maestro, Amanda Boliarini e Mayara Lyra – Gerando Falcões
A Ong brasileira Gerando Falcões nasceu em uma pequena casa na periferia de São Paulo, fundada por Edy Lyra, os amigos Le Maestro e Amanda Boliarini e a esposa Mayara Lyra. Ainda hoje, todos ocupam funções dentro da organização, que recebeu um aporte da filantropa e bilionária Mackenzie Scott e conseguiu empregar 95% dos moradores de duas favelas que atende com seus programas. Em 2023, a Gerando Falcões tem a meta de gerar renda a 12 mil pessoas nos seus projetos de empregabilidade e quer qualificar mais de 20 mil pessoas para entrar nessas oportunidades.
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Ana Abreu e Rodolfo Reis – WeClever
Ana Abreu e Rodolfo Reis se conheceram em 2015, quando Ana começou a trabalhar na Leiturinha, uma startup de leitura infantil fundada por Rodolfo. Foi em um almoço, anos depois, que surgiu a ideia de criar a WeClever, uma plataforma de marketing de linguagem humanizada que faturou R$ 15 milhões no ano passado. “Discutimos sobre como grande parte das empresas não sabe como criar um relacionamento duradouro com seus clientes e também não sabem lidar com os potenciais clientes”, diz Ana Abreu, COO da empresa.
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Victor Lira, André Bain, Nadav Peretz e Rafael Goldenberg – Siprocal
Colegas da faculdade de engenharia da USP (Universidade de São Paulo), André Bain, Victor Lira e Nadav Peretz fundaram em 2016 a Flowsense, uma empresa de experiência do usuário para aplicativos. Fundida à Gamersclub e parte do grupo DigitalReef, a empresa que fundaram se tornou a Siprocal, que atua com publicidade digital para aplicativos. Logo após a primeira rodada de investimentos, Rafael Goldenberg, que também é egresso da Poli-USP entrou na sociedade.
André Bain, VP de marketing da Siprocal, reconhece que a amizade entre os sócios minimiza o risco da empresa fracassar por conflitos entre os sócios. “Se, por um lado, [abrir um negócio] é um risco para a amizade, por outro, é preciso confiar em seus sócios quando se começa uma empresa”, ele diz. “Muitas startups falham não por motivos de mercado, mas por “implosão” entre seus sócios. Com amigos, isso é bem menos provável.” Hoje, Siprocal já tem escritórios em sete países e mais de 200 funcionários.
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Paula Raimo e Camila Piccini – Casar.com
Amigas desde os seis anos de idade, Paula Raimo e Camila Piccini se afastaram com o tempo e se reencontraram no mercado de trabalho. Elas se tornaram sócias ao comprarem a feira Casar, evento fundado em 2001 em São Paulo, principalmente pela experiência de Raimo na área de casamentos. As duas depois se uniram a Fabio Camillo, que, de consultor, passou também a fazer parte da sociedade. Além do evento, a marca passou a oferecer um produto digital, uma plataforma de listas de casamentos convertidas em dinheiro. Neste ano, a feira está na sua 21ª edição.
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Nahim Francis e Rodrigo e Rafael Figueiredo – D4Sign
Rafael Figueiredo, Nahim Francis e Rodrigo Figueiredo são três amigos de infância que fundaram em 2015 a D4Sign, empresa de assinatura digital. A ideia surgiu depois de Nahim enfrentar o desafio de digitalizar os processos e eliminar o uso de papel na última empresa em que trabalhava. Ele convidou Rafael para trabalhar com ele em cima disso e, juntos, chamaram Rodrigo – que também é irmão de Rafael – para comandar a área comercial da companhia. Com a necessidade de realizar burocracias a distância, a D4Sign cresceu mais de 400% e, desde então, atendeu mais de 500 mil clientes. “Saber lidar com cobranças, feedbacks e situações desafiadoras é essencial para garantir o sucesso dos negócios e a manutenção da amizade, sem deixar que questões pessoais interfiram”, diz Rafael, CEO da D4Sign.
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Patrick McDougall Sterea e Paulo Albuquerque – Drip
Patrick McDougall Sterea e Paulo Albuquerque firmaram uma parceria tão sólida enquanto trabalhavam no Nubank que deixaram o banco para criar sua própria fintech. A Drip, empresa de meios de pagamento online, usa soluções de Pix parcelado em três vezes, sem cartões de créditos ou taxas. Em dois anos de operação do app, lançado em dezembro de 2022, a fintech já possui 17 mil clientes pagantes, dezenas de marcas adicionadas no app, como Nike, Shein, Farm, Netshoes, O Boticário, Natura, Shopee, e 200 lojas ativas cadastradas no aplicativo. A fintech recebeu investimentos de R$ 15 milhões de empresas de venture capital em três rodadas de investimentos em um ano.
David Politanski e Felipe Lombardi – Sweet Secrets
Ligados pela comunidade judaica e colegas em comum, David Politanski e Felipe Lombardi se aproximaram há mais de 10 anos em uma oportunidade de negócio e desde 2021 são sócios do Sweet Secrets, um bar secreto com clube de membros em São Paulo. David é head de vendas do Google na América Latina e investidor de bares como o Seu Justino, fundado por Lombardi, que também está por trás da festa de réveillon de Carneiros, em Pernambuco, e da criação da Baw Clothing, comprada pela Arezzo em 2021.
Os sócios, que investiram R$ 9 milhões no negócio, têm características e habilidades complementares: David é expert em negócios e Felipe, em bares e grandes eventos. “Eu tenho mais facilidade com tecnologia, números e networking no mundo corporativo, enquanto o Felipe é um expert em business para bares, festas e networking com diferentes formadores de opinião”, diz David. Para ele, a complementaridade ajuda nas tomadas de decisão e fortalece a assertividade do trabalho em equipe.