Nossa identidade está muito ligada ao nosso emprego e à carreira. Quando saímos de um cargo, nos sentimos perdidos. Não sabemos mais quem somos sem a rotina de trabalho e um senso de propósito. Com a demissão, vem uma enxurrada de emoções — depressão, raiva, ressentimento.
Embora seja fácil cair no desespero, ele não vai te levar a lugar nenhum, além de acabar com a sua autoconfiança. “O mais importante nesse momento é não deixar que a autoestima impacte a sua busca por emprego, porque quando você não está bem e demonstra isso na entrevista, a empresa provavelmente não vai te ligar mais”, diz Karin Parodi, sócia-diretora da Career Group, consultoria de recolocação profissional.
Quando você perde o emprego, o primeiro instinto é se retirar socialmente, até porque quando você conhece alguém, é muito provável que essa pessoa te pergunte “O que você faz da vida?” Mas esse está longe de ser o melhor caminho. “70% das pessoas trocam de emprego por indicação, então é importante que as pessoas saibam que você está disponível para novas oportunidades”, diz Parodi.
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Veja, a seguir, como se conectar com as pessoas certas e se recolocar no mercado após uma demissão.
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Fale sobre sua demissão
Você precisa se abrir para as pessoas sobre sua perda de emprego. Seus amigos, familiares e ex-colegas de trabalho podem oferecer apoio emocional, além de ajuda prática com simulações de entrevistas ou até mesmo oportunidades de trabalho.
Para ter sucesso na busca por emprego e avançar na carreira, você deve se cercar de uma equipe para te ajudar. Em vez de fazer isso sozinho, procure recrutadores, um coach de carreira, consultores de currículo e mentores.
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Faça um planejamento financeiro
Estruturar a sua situação financeira deve ser um dos primeiros passos a serem tomados depois de perder o emprego. “É importante se organizar porque a pessoa pode encontrar um emprego em dois meses ou até um ano e meio ou dois”, afirma Paula Esteves, co-CEO da Cia de Talentos. Isso não deve te assustar, e sim te orientar para que esse período de transição possa ser focado apenas na sua recolocação.
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Conecte-se com um recrutador
Procure recrutadores que são especializados na sua área. Ter uma pessoa experiente e bem relacionada trabalhando para você pode fazer toda a diferença. Bons recrutadores têm relacionamentos com empresas e gerentes de contratação. Muitas vezes, eles vão ficar sabendo sobre as vagas abertas antes de qualquer outra pessoa. Cerca de 70% das vagas não são anunciadas publicamente, são preenchidas por meio de indicações.
Os recrutadores vão te dar informações privilegiadas sobre a contratação e a cultura corporativa. Você vai conseguir dicas sobre o que o RH realmente busca em um possível funcionário, o que você deve evitar dizer e quais são os atalhos para conquistar seu futuro chefe.
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Aproveite para estudar
Além de procurar um recrutador, aproveite esse momento para estudar sobre a sua área e como a tecnologia pode estar impactando o trabalho. “Quando você olha as descrições das vagas e conversa com recrutadores, procure saber se tem algum conhecimento técnico que você não possui e trabalhe nisso”, diz Esteves, da Cia de Talentos. Segundo ela, isso não necessariamente envolve custos. “Há muitas ferramentas, cursos até de Harvard, podcasts e vídeos na internet para continuar se desenvolvendo e estar cada vez mais preparado para a posição.”
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Faça networking dentro e fora do LinkedIn
O LinkedIn é o lugar ideal para quem está procurando emprego. A rede social profissional permite que você coloque o selo #opentowork na sua foto de perfil, sinalizando que está procurando ativamente um novo emprego.
No entanto, não basta apenas usar esse selo, você vai precisar falar claramente sobre sua formação, experiências anteriores, o que quer fazer a seguir, o tipo de empresa, setor, cargo e remuneração que está buscando. Se você quer mudar de carreira ou explorar algo novo, destaque as habilidades que podem te ajudar nesse momento de transição.
Quando se deparar com pessoas que estão em empresas que você gostaria de trabalhar, envie convites para se conectar e estabeleça uma conversa, perguntando se eles podem indicar a pessoa responsável pelo processo de contratação para a função desejada.
Ao se candidatar a um emprego, procure pessoas que você conhece que trabalham lá. Se você não conhece ninguém na empresa, acesse sua rede, tanto online quanto pessoalmente, para ver se alguém tem uma conexão com um tomador de decisões na empresa.
Quando se sentir confiante, comece a escrever suas próprias postagens ou compartilhe vídeos que você fez sobre um tema relevante sobre sua profissão e que pode agregar a outras pessoas da sua área.
Para além do LinkedIn, procure entrar em grupos da sua área, que se organizam no WhatsApp, fazem eventos, oferecem trocas e, quem sabe, podem divulgar oportunidades de emprego.
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Cuide do emocional
A demissão é sempre um momento difícil, mas pode ser ainda pior se você não esperava por isso. “É um período de muitos ‘nãos’, então é importante ter um momento de relaxamento”, diz Paula Esteves.
Para Karin Parodi, do Career Group, a busca pela recolocação exige o tempo e dedicação de um emprego em tempo integral. “No mínimo seis horas de dedicação, fazendo contatos, identificando oportunidades no LinkedIn, se atualizando e enviando currículo para consultorias.”
Gerencie o tempo para que sua rotina contenha todos os itens acima e, também, momentos de lazer, com atividades que te permitam espairecer por algumas horas. Além disso, fazer terapia e cuidar da saúde mental pode ajudar a colocar a cabeça no lugar e ajudar a lidar com a rejeição, que faz parte desse momento.
Fale sobre sua demissão
Você precisa se abrir para as pessoas sobre sua perda de emprego. Seus amigos, familiares e ex-colegas de trabalho podem oferecer apoio emocional, além de ajuda prática com simulações de entrevistas ou até mesmo oportunidades de trabalho.
Para ter sucesso na busca por emprego e avançar na carreira, você deve se cercar de uma equipe para te ajudar. Em vez de fazer isso sozinho, procure recrutadores, um coach de carreira, consultores de currículo e mentores.
* Jack Kelly é colaborador sênior da Forbes USA. Ele é CEO, fundador e recrutador executivo da WeCruitr, uma startup de recrutamento e consultoria de carreira.
(Traduzido e com reportagem adicional de Fernanda de Almeida)