Em um vídeo que viralizou recentemente no X, antigo Twitter, o bilionário e empresário de tecnologia Elon Musk caminhava por uma das fábricas de automóveis da Tesla, uma de suas empresas, mostrando a um entrevistador sua mesa de trabalho.
While most CEOs sit in ivory towers, @elonmusk put his desk in the middle of the factory 👏 pic.twitter.com/dlSMqJJCWi
— 🚀Technodoge🔴 (@astro_greek) August 23, 2023
No vídeo, com mais de 700 mil visualizações até o momento, Musk disse: “Acho que é importante para um líder estar na linha de frente. Os desafios estão em aumentar a produção. Trata-se de estar na fábrica e entender onde estão os problemas, e eu quero exatamente o oposto de estar em uma torre de marfim. Quero estar no meio da batalha, e isso significa colocar minha mesa no meio da fábrica.”
Embora Musk e seu estilo de liderança sejam controversos – o bilionário coleciona comportamentos questionáveis que o colocaram no centro de ações judiciais nos últimos anos –, não dá para negar: ele resumiu perfeitamente a essência da verdadeira liderança em um vídeo de 51 segundos, sendo um líder prático e “mão na massa”. “Eu simplesmente movia minha mesa pela fábrica para onde quer que estivesse o maior problema. Hoje em dia, não tenho mesa, mas a sala que uso para reuniões na sede tem vista para o final da linha do Modelo Y”, comentou Musk no vídeo, em referência a um dos modelos da sua fabricante de veículos elétricos.
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Musk entendeu que se houvesse problemas específicos em uma extremidade da linha de produção, seria sua responsabilidade se deslocar fisicamente para resolver aquilo. Dessa forma, ele poderia ver por si mesmo, orientar em tempo real e influenciar as operações e o desenvolvimento o mais rápido possível.
O que isso significa para os líderes de hoje?
Tradicionalmente, espera-se que os líderes forneçam a direção estratégica e definam a visão, enquanto os gestores sejam mais orientados para a operação e se concentrem na implementação diária dessa visão.
É claro que hoje em dia é muitas vezes impossível não confundir um pouco os limites, e tendemos a ver um cruzamento entre essas funções. Ou seja, os diretores sêniores estão frequentemente mais envolvidos no dia a dia das operações, especialmente em organizações menores.
No entanto, como Musk ressaltou, em tempos de crise, as pessoas se voltam para líderes envolvidos na rotina do negócio e que adotam uma abordagem prática, em vez de atuarem de forma autoritária.
Embora delegar e orientar os colaboradores seja uma habilidade profissional importante que os líderes devem dominar, eles também precisam estar abertos para intervir, treinar e guiar de forma mais detalhada quando necessário.
É claro que, por razões de escalabilidade e produtividade, não é possível estar envolvido em todos os mínimos detalhes das operações, nem deveria ser o caso.
Em vez disso, as lideranças devem se concentrar nas áreas do negócio que requerem mais atenção, por exemplo, onde há mudanças, crises ou problemas perceptíveis. Depois de chegar ao estágio em que a operação saiu da zona vermelha e agora está em boas mãos, é hora de dar um passo atrás com segurança.
Para que a liderança mão na massa seja eficaz, os líderes devem estar amplamente conscientes do lado técnico do trabalho dos seus subordinados e familiarizados com os gargalos da empresa, ao mesmo tempo que têm envolvimento direto na cocriação de soluções detalhadas para resolver esses problemas.
Microgerenciamento ou liderança mão na massa?
Mas atenção: é preciso tomar cuidado para não confundir uma abordagem prática com microgerenciamento. Os dois podem até parecer semelhantes, mas são totalmente contrastantes na realidade.
Com o microgerenciamento, os colaboradores são monitorados constantemente; há relatórios minuciosos de cada detalhe, verificações e questionamentos constantes, o que enfraquece as equipes, criando uma cultura de desconfiança.
A liderança prática e mão na massa, por outro lado, direciona e treina os funcionários enquanto trabalha ao lado deles, mostrando o que eles devem fazer. Esse estilo de gestão garante entregas com maior qualidade, estímulo nas carreiras e mais conexão e envolvimento com o próprio líder e a sua visão de negócios.
Esteja totalmente presente, tanto na linha de frente quanto nos bastidores. Coloque-se à disposição para receber feedbacks, para que os funcionários façam perguntas e forneça motivação e incentivo, construindo assim respeito e credibilidade para você como líder, ao mesmo tempo que melhora o ambiente e aumenta a vontade da equipe.
Se você quer aumentar a confiança dos seus stakeholders, manter a relevância, aumentar o valor da sua marca empregadora e melhorar a qualidade e desempenho dos seus produtos e serviços, arregace as mangas e entre no meio do processo. Envolva sua equipe e crie soluções transformadoras, mantendo um olhar firme para o panorama geral. É hora de acabar com a ideia tradicional de ficar preso no elegante escritório no canto do prédio.
*Rachel Wells é fundadora e CEO da Rachel Wells Coaching, uma empresa dedicada a desbloquear o potencial de carreira e liderança da GenZ e dos millennials.
(traduzido por Fernanda de Almeida)