O ambiente de trabalho multigeracional como vemos hoje é algo sem precedentes. Pela primeira vez, quatro gerações convivem nos escritórios. Baby boomers, geração X, millennials e Zs têm diferentes demandas e prioridades em relação ao trabalho.
À medida que uma nova geração entra no mercado, traz consigo a sua visão única do mundo e suas experiências passadas. Mas uma característica une profissionais de todas as idades: a flexibilidade. Esse é um benefício inegociável para 46% dos profissionais, segundo uma pesquisa da WeWork em parceria com a consultoria PageGroup, que ouviu as opiniões de mais de 10 mil profissionais em cinco países da América Latina.
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Salário e reconhecimento
A flexibilidade vale para todos, mas outras demandas têm pesos diferentes a depender da geração. O salário, por exemplo, é mais importante para os baby boomers, assim como o reconhecimento para a geração Z. “O contexto ao que cada geração foi exposta pesa muito nas prioridades de cada uma”, afirma Bruna Neves, CEO da WeWork no Brasil.
As gerações mais jovens, e especialmente os GenZ, ganharam fama de desengajados por movimentos como o quiet quitting, que defende fazer nada mais que o mínimo no trabalho. “Os líderes não estão conseguindo lidar com a geração Z, mas o que esses jovens querem é saber que o seu líder se importa com o seu crescimento pessoal e profissional”, diz Letícia Pavim, 24 anos, que trabalhou em multinacionais antes de fundar a Rede Pavim, empresa que ajuda grandes companhias a desvendar e treinar a geração Z por meio de palestras e programas de desenvolvimento.
Gerações mais velhas criticando os jovens não é novidade. Mas, para Bruna Neves, as discussões em torno de novas possibilidades no trabalho surgiram graças à vocalidade desses jovens. “A verdade é que todos estavam insatisfeitos, mas alguns não sabiam que podiam mudar.”
Veja o que cada geração busca no trabalho
Baby boomers (1945-1964)
Consolidados como os profissionais mais experientes no mercado de trabalho, os baby boomers cresceram em um período em que a estabilidade era um valor central. “Antes da pandemia, eles sequer consideravam que trabalhar de casa fosse uma opção. São forçados a se adaptar a tecnologias novas, mas percebem que isso tem seu lado bom”, diz Bruna Neves.
De acordo com levantamento do LinkedIn em parceria com a Censuswide, empresa especializada em pesquisa de mercado, 43% dos profissionais dessa geração priorizam a flexibilidade no trabalho. Segundo o estudo da WeWork, 30% dos baby boomers se mostram particularmente interessados em um aumento salarial e 20% valorizam o reconhecimento e o apoio na tomada de decisões.
Geração X (1965-1981)
A geração X, cujos profissionais hoje têm entre 44 e 59 anos, compõe 25.4% da força de trabalho no Brasil, aponta a pesquisa da WeWork. Entre as prioridades desse grupo, as demandas se expandem para uma distribuição equilibrada das atividades em casa e no trabalho. “Eles estão preocupados com a flexibilidade, mas como uma forma de equilibrar a vida pessoal e a profissional.”
Para 23% da geração X, o principal desejo é ter maior qualidade em processos, planejamento e foco estratégico. 22% não dispensam flexibilidade e 8% querem ter mais influência na tomada de decisões.
Millennials (1982-1994)
Representantes da maior parte da força de trabalho atualmente, os millenials englobam os nascidos entre 1982 e 1994 e devem compor 75% dos profissionais até 2025, segundo pesquisa da empresa de pesquisa Pew Research Center.
Conhecidos por valorizar o propósito no trabalho, enfrentam desafios e frustrações enquanto tentam encontrar seu caminho profissional. Segundo a APA (Associação Americana de Psicologia), os millennials experimentam mais estresse e são menos capazes de administrá-lo do que qualquer outra geração. De acordo com um estudo da Deloitte, mais de 50% desse profissionais estão esgotados.
Entre as prioridades dos millennials no trabalho, estão a flexibilidade (38%) e processos e planejamentos bem alinhados (33%). O protagonismo também é uma demanda: cerca de 9% dos profissionais destacam a importância da influência na tomada de decisões. Outras expectativas incluem salários mais competitivos, cargas de trabalho menores e comunicação mais eficiente.
Geração Z (1995 e 2010)
A geração Z, a última a entrar no mercado de trabalho, deve representar 25% da força de trabalho global até 2025, segundo um relatório da consultoria McKinsey.
Nascidos entre 1995 e 2010, são conhecidos por trazerem uma nova gama de prioridades e objetivos para dentro das empresas. “O jovem quer ter autonomia e saber que as suas ações fazem a diferença”, diz Letícia Pavim.
Essa geração tem impulsionado discussões e mudanças no mercado. “Antes, os profissionais eram muito enquadrados no que deveriam fazer. A geração Z está exposta a mais possibilidades e, por isso, é extremamente vocal e com uma velocidade muito maior para mudanças”, explica a CEO da WeWork.
Pesquisas mostram que os líderes têm dificuldade de gerenciar essa geração. “É preciso alinhar expectativas e implementar uma cultura de feedback, algo em que até mesmo as grandes empresas pecam”, diz a cofundadora da Rede Pavim. “O resultado é que o líder fica frustrado com o trabalho do jovem, e o jovem fica frustrado em não saber o que o líder está pensando.”
Entre as principais prioridades desses profissionais, 58% querem trabalhar de forma híbrida ou remota e recusariam ofertas de emprego ou promoções que os fizessem trabalhar presencialmente todos os dias. Além disso, 15% destacam a questão dos processos, planejamento e foco estratégico e desejam ter lideranças inspiradoras, tratamento mais humano e reconhecimento.
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Desafios e oportunidades
Com expectativas e necessidades diversas, as empresas enfrentam o desafio de criar políticas que atendam às demandas de todas as gerações.
A CEO da WeWork sugere que o tratamento personalizado e uma comunicação transparente e inclusiva podem ajudar a atrair e reter talentos em um mercado cada vez mais competitivo. “É muito importante acharmos esse equilíbrio, com uma geração ajudando a outra com o seu melhor.”