Fernanda Torres é a primeira brasileira a receber um Globo de Ouro e consolidou seu lugar na temporada de premiações ao ganhar a estatueta de Melhor Atriz em Filme Dramático durante a cerimônia em Los Angeles, no último domingo (5).
Concorrendo com alguns dos maiores nomes de Hollywood, como Angelina Jolie, Nicole Kidman e Kate Winslet, a protagonista de “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, não só conquistou um marco histórico para o cinema nacional, mas também deixou um exemplo de resiliência, talento e estratégia.
Ao longo de uma carreira multifacetada de mais de quatro décadas, transitando entre teatro, televisão, escrita e cinema, Fernanda Torres acumulou experiências e aprendeu lições valiosas para profissionais de todas as áreas.
Confira cinco lições de carreira que podemos aprender com a vencedora do Globo de Ouro:
1. Reinvenção é um superpoder
Fernanda Torres nunca se limitou a um único papel ou gênero. A atriz fez desde comédias populares na televisão até performances dramáticas no cinema, escreveu livros como “Fim” e “A Glória e Seu Cortejo de Horrores” e os roteiros de “O Juízo” e a adaptação de “Fim” para a televisão, provando que a versatilidade é uma das maiores qualidades de um profissional. “Tenho sempre algo, quatro cinco coisas por vir”, disse em entrevista ao Roda Viva.
A capacidade de explorar diferentes territórios criativos permitiu que sua carreira permanecesse relevante por décadas.
“É uma quantidade tão grande de janelas que você tem que ser capaz de existir em muitos lugares e de se comunicar de muitas maneiras. Hoje, mais do que nunca, uma certa flexibilidade, agilidade e capacidade de ocupar espaços diferentes ajudam um artista a existir e sobreviver.”
Fernanda Torres em entrevista à Forbes Brasil
Andrea Beltrão e Fernanda Torres, protagonistas da novela “Tapas e Beijos”
2. Nada é garantido
Apesar de ser filha de dois grandes nomes da dramaturgia do país: – Fernando Torres e Fernanda Montenegro –, a atriz nunca pensou que seu sucesso já estava ganho, mesmo já com a carreira consolidada.
“Não fico medindo em que grau de sucesso eu cheguei. Desde muito cedo, eu saquei que não existe garantia de nada com o lugar que você atinge. Tive isso dos meus pais: o que importa é o ofício mesmo”, disse em entrevista à Forbes.
Fernanda Torres e Fernanda Montenegro no Festival Internacional de Cinema de Toronto, em 2005
3. O fracasso faz parte do sucesso
Assim como em qualquer carreira, a trajetória de Fernanda teve momentos desafiadores. Filmes que não foram bem recebidos e escolhas arriscadas que poderiam ter desmotivado. “Tudo que eu fiz que nasceu para arrebentar foi um fracasso. Geralmente o que você faz humildemente em um canto é o que faz sucesso”, disse a atriz em entrevista à Forbes.
O fracasso faz parte do sucesso, e a trajetória de Fernanda Torres prova que o importante é aprender com os reveses e transformá-los em combustível para continuar.
“Você vive dos papéis que vai fazendo na vida. Às vezes, você acerta, outras, erra. Mas são as escolhas que você vai fazendo que vão definindo quem você é.”
Fernanda Torres
4. Escreva sua história
Fernanda Torres cresceu vendo seus pais produzirem suas próprias peças e terem a possibilidade de escolher seus trabalhos, o que moldou a forma como ela mesma construiu sua carreira.
“Meus pais sempre me deram uma noção de independência na profissão. Eu produzi minhas peças, fui escrever roteiros, sempre procurei ter projetos meus e não fiquei esperando convites. O convite é algo que acontece por sorte, mas você tem que ser capaz de apontar caminhos para você mesmo. Aprendi isso com eles.”
Em “Ainda Estou Aqui”, Fernanda Torres vive Eunice Paiva, uma mulher que buscou a verdade sobre o desaparecimento e a morte do marido durante a ditadura militar no Brasil
5. O valor das boas parcerias
A trajetória de Fernanda Torres mostra o valor de se cercar de boas parcerias. Ao receber o Globo de Ouro, a atriz agradeceu ao diretor, Walter Salles, a Selton Mello, à sua família e dedicou o prêmio à sua mãe. “Foi uma surpresa o Walter ter me chamado para o papel, porque ele deu o roteiro para eu ler e dizer o que eu achava uns sete meses antes de me chamar. Eu já era mais velha do que a Eunice e estava trabalhando com comédia há muito tempo, então não achei que o Walter me visse no papel”, disse em entrevista à Forbes.
Selton Mello, Fernanda Torres e o diretor de “Ainda Estou Aqui”, Walter Salles
Escolher com quem você trabalha é tão importante quanto escolher o próprio projeto. Seja no teatro, na TV ou no cinema, as colaborações com diretores renomados e elencos fortes contribuíram para o sucesso de suas produções.
