Pedro Faria, CEO da BRF
Pela primeira vez na história da BRF (fusão da Sadia com a Perdigão), o peso do mercado internacional em sua receita passou a ser maior que o do Brasil. No terceiro trimestre deste ano (de julho a setembro), as vendas para o exterior totalizaram 53% de todo faturamento. Historicamente, o mercado externo sempre respondeu por cerca de 40% do faturamento total da gigante de alimentos. “Isso é resultado do trabalho conduzido nos últimos 2,5 anos, com aceleração dos investimentos no mercado externo, o que resultou na aquisição de ativos fora do país e também em projetos greenfield, como a construção da fábrica de Abu Dhabi”, afirma Pedro Faria, CEO da BRF.
Conta-se aí também o fato de o mercado doméstico ter se tornado ainda mais desafiador, com aumento da taxa de juros, inflação e desemprego que, segundo a empresa, tem afetado negativamente o ambiente de negócios e, por sua vez, causado também uma desaceleração no consumo, com uma pressão mais forte em volumes e preços no trimestre encerrado.
Embora já tenha nove fábricas em operação fora do país – seis na Argentina, uma na Holanda, uma no Reino Unido e uma em Abu Dhabi -, de tudo que a BRF vende no exterior, apenas 6% são produzidos em território internacional. Esse número, no entanto, deve crescer rapidamente nos próximos três anos. “Meu sonho é chegar em 20%”, promete Faria. Por conta deste movimento, ele revela que os investimentos no mercado internacional deverão crescer nos próximos trimestres, o que contempla inclusive novas aquisições.
A menina dos olhos da BRF no exterior é o Oriente Médio e a África que, juntos, totalizaram R$1,9 bilhão em vendas no terceiro trimestre de 2015, 26,2% acima em relação ao mesmo período de 2014. Faria diz que seu foco é nos mercados emergentes da Ásia e da América Latina. “A Indonésia, por exemplo, é um país com 200 milhões de habitantes e consumo per capita ainda baixo, de seis quilos de proteína. Este é um mercado promissor”, conta.
Desde o início deste ano, a BRF está aumentando a sua participação no sudeste asiático, principalmente em Cingapura através da BRF SATS, uma joint-venture com uma empresa local. A brasileira também está entrando em novos mercados como Maldiva, Timor e Nova Caledônia.
Françoise Terzian