Você já deve ter ouvido falar do jogo que te permite andar pela vizinhança e ver imagens que parecem ser sobrepostas em prédios de verdade e outros pontos turísticos.
Se isso soa como Pokémon GO, o fenômeno de jogos para dispositivos móveis que ainda não chegou ao Brasil, é claro que você acertou. Você também estaria certo se essa descrição soasse como um meio perfeito para anúncios.
E é. Pelo menos enquanto Pokémon Go for uma febre, que pode durar algumas semanas ou alguns anos. De qualquer maneira, anunciantes estão interessados no aplicativo e John Hanke, CEO da Niantic, empresa que ajudou a desenvolver o jogo, diz que está interessado em ajudá-los.
Hanke, que também encabeçava a companhia que comprou o Google e o tornou Google Earth, disse em uma entrevista ao jornal “Financial Times” que a Niantic pretende permitir que empresas patrocinem localizações nos mapas virtuais do jogo. É provável que isso seja a coisa menos empolgante desde que o game foi lançado.
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Embora Pokémon Go ainda tenha um mercado sólido com as compras dentro do app, Hanke diz que “localizações patrocinadas” podem prover um lucro diferente. Anunciantes podem pagar por visita, assim como pagam por cliques nos anúncios das pesquisas feitas pelo Google.
Pokémon Go dificilmente será a primeira experiência em realidade aumentada a abraçar a ideia das propagandas. O último jogo da Niantic enquanto fazia parte do Google, o Ingress, também tinha lugares virtuais criados em mapas. Marcas como a Duane Reade e a Jamba Juice criaram “portais patrocinados” para o jogo. A startup Blippar vem vendendo há anos uma tecnologia que permite os smartphones reconheçam objetos de uma determinada marca.
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Porém, o diferencial de Pokémon Go é que o app, que já tem quase 10 milhões de jogadores diários, seria uma plataforma gigante para anúncios, justamente o necessário para que vários anunciantes se interessassem.
Já há sinais de que isso poderia ser uma oportunidade rara para um ganho repentino de dinheiro para negócios locais. Uma pizzaria em Nova York alegou que suas vendas cresceram graças aos jogadores. Uma pesquisa da Firm, empresa de anúncios digitais, mostrou que 57% dos jogadores visitaram uma loja ou um restaurante diferente graças ao jogo, e que 81% deles consumiram produtos desses estabelecimentos.
Porém, há um risco nesse negócio. Anunciantes não são conhecidos pela sua discrição, e se os responsáveis pelo jogo permitirem que vários anúncios sejam colocados, isso poderia facilmente afastar jogadores, e Pokémon Go poderia se tornar o novo Farmville. A Nintendo e a Niantic estão cientes disso, mas isso não significa que as pessoas não vão ficar irritadas.
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Também é possível que anunciantes não consigem causar um impacto duradouro com anúncios dentro do jogo. “Pokémon Go é um jogo para ser jogado rápido, portanto não é um local onde as marcas terão oportunidade de se conectar mais de uma vez com os clientes, uma vez que eles foram embora. É necessário entender o efeito das promoções rápidas e o comércio focado nos jogadores”, diz Alan Knitowski, CEO da Phunware, que ajuda marcas a criar apps e serviços online. “Ao invés desses impactos rápidos, anunciantes deviam focar em uma estratégia contínua que os permite reconectar virtualmente e fisicamente com os jogadores mais de uma vez”, acrescenta.
Embora o Google possa se beneficiar indiretamente dos seus investimentos na Niantic, empresa da qual vem a Alphabet, os executivos da empresa-filha podem estar se perguntando se não se separaram cedo demais.