A sonda Curiosity, da NASA, em uma missão em Marte desde novembro de 2011, agora tem a capacidade de escolher seus próprios alvos, se tornando independente das ordens da Terra. Ela usa um software desenvolvido no Laboratório de Propulsão de Jatos (JPL) na Califórnia cujo objetivo é coletar pedras para serem inspecionadas pelo seu laser e pelas suas câmeras telescópicas, parte de seus instrumentos ChemCam (Chemistry and Camera – química e câmera, em tradução livre).
Cientistas na Terra ainda podem mover a Curiosity para observarem mais de perto certos solos ou rochas considerados interessantes à primeira vista, mas o robôzinho agora pode funcionar por si só.
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O software, conhecido como AEGIS (Autonomous Exploration for Gathering Increased Science – Exploração Autônoma para Recolher Dados Científicos, em tradução livre), também foi usado na sonda Opportunity, mas não com tanta frequência. O programa basicamente permite que os cientistas, do planeta, possam analisar o terreno que cerca a sonda com mais clareza.
“Essa autonomia é particularmente útil em momentos em que é difícil ou impossível contatar o time de cientistas – no meio de uma viagem longa, ou quando o movimento da Terra, de Marte e da nave dificultam a comunicação entre as partes”, diz a engenheira mecatrônica Tara Estlin, líder do time de desenvolvimento AEGIS na JPL.
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A AEGIS, geralmente, analisa as imagens capturadas com a câmera da Curiosity, tiradas rotineiramente em toda locação que a sonda para. O software seleciona um ponto dessas imagens e o indicam para que a sonda o siga. Isso tudo antes mesmo que as imagens cheguem na Terra, o que salva muito tempo.
Os cientistas podem mudar o critério de análise de acordo com o local em que a sonda está e dos interesses científicos em uma região específica. De acordo com esses dados, o software modifica seus critérios de pesquisa, se baseando em luminosidades, texturas e tamanhos diferentes.
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“Devido ao seu tamanho pequeno e outros desafios que a sonda enfrenta, acertar esses alvos pode ser uma tarefa difícil, principalmente quando você tem que guiar um laser estando a mais de 60 milhões de quilômetros”, diz Estlin. “A AEGIS permite que esses alvos sejam atingidos na primeira tentativa.”
A ChemCam já coletou dados de mais de 1.400 alvos em quase quatro anos de operação da sonda. O instrumento detecta o espectro de cores gerado pelo plasma quando esse laser é disparado contra um alvo. O objetivo é gravar o comprimento de ondas do espectro para identificar a composição química de vários solos e rochas do planeta vermelho.