Na última semana, a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) recebeu mais de 300 líderes dos setores público e privado para o Global Child Forum, evento com propósito de promover os direitos das crianças e empresas, por meio do pensamento inovador e do compartilhamento de conhecimento e networking. O fórum da América Latina foi realizado em parceria com a Unicef e a Childhood Brasil – braço da World Childhood Foundation (que trabalha com crianças vítimas de abuso e sob risco).
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Na abertura do evento estavam o Rei Carlos XVI Gustavo e sua esposa Rainha Silvia, da Suécia, além do presidente Michel Temer e de Paulo Skaf, presidente da FIESP. Na ocasião, o Global Child lançou, em parceria com o Boston Consulting Group, um estudo sobre a performance de empresas da América Latina em relação aos direitos das crianças.
Os resultados demonstram que ainda há muito a ser feito: de 9, pontuação máxima, a média da região ficou em 2,2. A média global foi de 2,9.
Para compor as notas, foram analisados três critérios de 282 empresas: governança e operações, políticas e sinalizadores, e programas de parceria e caridade. Entre os aspectos levados em conta estão se as políticas de trabalho infantil são seguidas, se há promoção dos direitos das crianças e se a empresa colabora com organizações que promovem os direitos infantis e se engaja com programas de caridade.
As companhias que conquistaram entre 6 e 9 pontos já se mostram alinhadas, pelo menos em alguns aspectos, com a importância das crianças na hora de se pensar o mercado. No Brasil, destacaram-se Banco do Brasil, Bradesco, EDP e Klabin. Entre as empresas sul-americanas, as mais relevantes foram BCP, EcoPetrol, Celesc, Weg, Holcim, Grupo Famillia, Falabella, Telecom e Duratex.
Sergio Piza, diretor de Gente & Gestão da Klabin, enfatizou a importância de cuidar da empresa desde antes mesmo de sua criação. “Há cerca de dois anos, nós tínhamos o desafio de construir uma unidade de produção de celulose muito importante em Ortigueira (PR). Na época, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da cidade era muito baixo. Também fizemos um estudo do impacto socioambiental. Esses levantamentos revelaram que era necessário prestar atenção à questão da exploração sexual de crianças e à violência infantil, associada a construções de grande porte.” Para prevenir, a empresa adotou diversas medidas: contratou trabalhalhadores nativos, disponibilizou acesso à internet, treinou a equipe para assuntos relacionados a exploração e DST’s. Segundo o executivo, o resultado foi positivo, pois deu base para prevenir problemas e prestar assistência.
A empresa de energia EDP Brasil relatou que as políticas contra trabalho infantil são de extrema importância para ela, assim como para todos com quem se relaciona – inclusive investidores – , levando, inclusive, à elaboração de um Código de Ética que deve ser respeitado. A companhia revelou seu compromisso em não utilizar mão de obra infantil em nenhuma etapa da cadeia produtiva, acompanhando empresas terceirizadas de perto. Em caso de descumprimento das regras, elas podem ter seus contratos suspensos.
O BCP (Banco de Crédito del Peru) garantiu sua posição entre as empresas líderes graças aos incentivos à educação: lançou um programa, em parceria com o Ministério da Educação, que ensina finanças para crianças entre 12 e 16 anos. Para Silvia Noriega, gestora da área de responsabilidade social, trata-se de olhar para o futuro: “Nós queremos capacitar os adolescentes com conhecimento financeiro que será extremamente necessário na transição para a vida adulta. Para nós isso também pode implicar em clientes com menos riscos, no caso de empréstimos e liberação de crédito”.
Como uma forma de impulsionar a ação, o Global Child lançou o desafio #30ways30days, que tem o objetivo de fazer com que as empresas tomem iniciativas para garantir os direitos das crianças durante o decorrer deste mês.