Todos os meses, eu e um grupo de amigos, todos proprietários de restaurantes de São Paulo, participamos de uma confraria para discutir e trocar figurinhas sobre o mercado da gastronomia. Além disso, uma ou duas vezes ao ano, somos convidados para conhecer alguma região enogastronômica. Sendo assim, divido com vocês nossa experiência na Espanha.
LEIA MAIS: Por que é preciso se reinventar o mais rápido possível
Além de mim, em nome do Piselli, faziam parte do grupo: Allan Villa (Don Pepe), Marcelo Fernandes (Kinoshita), Paulo Zegaib (Dinho´s), Jamil Aun (Giardino) e Daniel Sahagoff (Cantaloup), entre outros. O grande amigo e parceiro Gabriel Cury (Interfood) nos convidou e nos acompanhou com seu filho João Cury para conhecermos as bodegas espanholas que eles representam.
Começamos pela região do Penedes, principal produtora das Cavas, o champanhe espanhol, na qual fomos acompanhados do diretor do Grupo Codorniu para a América Latina, Danilo Torres. Ali, entendemos que tudo começou por volta do ano 1800, pelo Sr. Jose Raventós que, após passar um tempo na região do Champanhe, na França, retornou para o seu país trazendo na bagagem o método de fabricação do espumante.
O sucesso foi tão grande que, há alguns anos, a França entrou com um pedido diplomático para que não mais fosse chamado de Champanha. Assim, o champagne da Espanha, feito com uvas Macabeo, Xarel-lo, Parellado e Chardonnay, foi rebatizado de Cava.
VÍDEO: 5 maneiras de aproveitar melhor a champanhe
Seguimos viagem e chegamos à região de Lleida, onde ficamos hospedados no castelo da propriedade. Naquela região, são produzidos os vinhos Raimat: o branco (feito com a uva Albarinho), que é seco, frutado e muito agradável, além do tinto, produzido com a uva Tempranillo, que é bem encorpado e acompanhou muito bem os assados que foram servidos no jantar.
O terceiro destino foi Rioja, famosa região dos tintos também feitos com a uva Tempranillo. Fomos recebidos calorosamente pelos proprietários: Jose Luis Muguiro, Xavier Salamero e sua esposa, Maria Luisa Gomes Carrera, que introduziu e, por muitos anos, representou com muito brilho os vinhos do Marqués de Riscal no Brasil.
Para quem não conhece, lá em Rioja produzem um vinho branco excepcional com a uva Verdejo, da região de Rueda (famosa pelos vinhos brancos), além dos tintos com a uva local: a famosa Tempranillo. Os destaques, então, ficam com o Riscal Gran Reserva 2003 e o Baron de Chirel reserva 2005, vinhos tintos potentes e robustos que acompanharam muitíssimo bem as carnes servidas no almoço na casa da família!
VEJA TAMBÉM: Champanhes Armand de Brignac chegam ao Brasil
Na quarta e última parada, foi a vez de desembarcarmos na Ribeira Del Duero. O objetivo ali era visitar a vinícola Legaris, famosa por seus tintos potentes também feitos com uva Tempranilllo. Ficamos impressionados com a modernidade e tecnologia da vinícola que, de quebra, ainda nos encantou com o vinho Legaris reserva 2004, que foi a grande sensação do almoço, acompanhando cordeirinhos assados na lenha, em um restaurante ali próximo.
A prática faz a perfeição. Nós estudamos, lemos, mas o aprendizado, mesmo, vem com a vivência, com a degustação, com a visita. Como um restaurateur, posso contar várias histórias que provam isso, de erros e acertos vividos por eu estar ou não envolvido nos assuntos, mas isso fica para as próximas colunas. Arriverderci!
Juscelino Pereira, 47 anos, é formado sommelier pela ABS, presidente da Confraria dos Restaurateurs de São Paulo e diretor da Associação de Restaurantes de São Paulo (ANR). Sua opinião é pessoal e não reflete a visão editorial de FORBES Brasil.