A aprendizagem personalizada é uma das teorias educacionais em alta no Vale do Silício atualmente. O modelo prega que cada estudante deve aprender de acordo com o seu próprio ritmo, geralmente por meio da ajuda da tecnologia, e é defendido publicamente por bilionários como Bill Gates e Mark Zuckerberg.
VEJA TAMBÉM: 20 maiores bilionários do mundo em 2017
No entanto, de acordo com o site de notícias “Business Insider”, Gates, Zuckerberg e outros grandes nomes do Vale do Silício estariam apoiando uma escola com modelo educacional de abordagem contrária, que persegue ganhos de aprendizado com grade curricular padrão de acordo com o país.
Apesar de ter como missão a oferta de educação de alta qualidade e baixo custo para todos, a instituição atraiu críticas de alguns especialistas e entidades de professores por causa do modelo utilizado para alcançar sua meta.A Bridge International Academies, tema de um artigo recente do “The New York Times”, opera em centenas de escolas em Uganda, Quênia, Nigéria, Índia e Libéria. Apesar de ter como missão a oferta de educação de alta qualidade e baixo custo para todos, a instituição atraiu críticas de alguns especialistas e entidades de professores por causa do modelo utilizado para alcançar sua meta.
As escolas Bridge empregam professores locais para conduzir planos de aulas digitais pré-produzidas que são distribuídos pela rede de instrutores internacionais da empresa. A porcentagem de professores que precisam de certificação varia de acordo com o país, disse um porta-voz. No Quênia, por exemplo, 30% deles precisam ser certificados. Segundo a fonte, 51% dos professores quenianos atendem ao requisito.
Todos os estudantes da Bridge em um determinado país recebem a mesma educação ao mesmo tempo – coisa que os advogados da aprendizagem personalizada classificam como insuficiente ou, pior ainda, ineficaz.
Até 2015, a Bridge havia levantado US$ 100 milhões, diz uma reportagem do “Wall Street Journal”. O dinheiro foi destinado, em parte, por Bill Gates e pela Chan Zuckerberg Initiative, empresa formada por Zuckerberg e sua esposa, Priscilla Chan, para doar 99% de suas ações do Facebook a iniciativas que promovam avanços na ciência e na educação. Além disso, a empresa de investimentos filantrópicos Omidyar Network, o Banco Mundial, outras investidores de risco e o fundo Pershing Square também contribuíram.
LEIA: Para Bill Gates, fotossíntese artificial pode substituir combustíveis fósseis
Gates, contudo, já manifestou sua opinião de que o modelo antigo de aprendizado não é o ideal. “É incrível quão pouco a sala de aula clássica mudou ao longo dos anos”, escreveu o CEO da Microsoft em seu blog “Gates Notes”. Por séculos, professores do mundo todo davam aulas expositivas em frente a uma sala de estudantes sentados em fileiras. “Esse sistema foi desenhado há décadas”, continuou o bilionário, “e não reflete o que os educadores aprenderam sobre ajudar os alunos e os professores a fazerem um trabalho melhor.” Isto é, estudantes aprendem de maneira muito mais eficiente quando a instrução é adaptada a suas necessidades específicas.
A filosofia de aprendizagem personalizada fundamentou a educação especial quando ela começou a ser empregada há mais de 40 anos, e continua a caminhar em direção às escolas públicas dos Estados Unidos. Zuckerberg também já defendeu a personalização, inclusive do tempo, como a melhor abordagem para ensinar.
O fato de Gates e Zuckerberg apoiarem a Bridge do ponto de vista financeiro provavelmente reflete seus objetivos primários de tirar as pessoas da pobreza. Detalhes sobre o estilo específico talvez sejam irrelevantes se os dados mostrarem que o método está funcionando. E a Bridge tem dados para mostrar isso.
Em 2015, a empresa publicou um artigo técnico que comprovou que 2.737 estudantes do jardim da infância, primeiro e segundo anos da Bridge produziram o dobro e, às vezes, o triplo dos ganhos em leitura e matemática em comparação com as crianças de escolas públicas convencionais.
E MAIS: Zuckerberg e Priscilla Chan doam milhões de dólares para imigrantes ilegais
As críticas apontam para um conjunto de outros fatores como desvantagens, no entanto. O custo é a primeira – e talvez maior – barreira, já que a Bridge exige que os pais paguem mensalidade, almoço e, em alguns casos, materiais escolares. A rede de escolas tem altas taxas de atrito e várias situações de inadimplência.
A fundadora da Bridge, Shannon May, informou a “New York Times Magazine” que sua empresa está considerando parcerias com instituições de microfinanciamento para ajudar as famílias a arcarem com os custos.
Um advogado de uma união local de professores também expressou preocupação com a qualidade da educação, argumentando que a Bridge foca menos em educar estudantes pobres do que em atrair estudantes de escolas públicas.
Em dezembro de 2016, o secretário geral Wilson Sossion e a União Nacional de Professores do Quênia (Knut) publicaram uma crítica negativa sobre a Bridge, alegando que a empresa estava operando um negócio ilegal com fins lucrativos. Em junho, a escola processou a Knut e Sossion por difamação.
Mas, de acordo com o modelo de pensamento das pessoas do Vale do Silício como Gates e Zuckerberg, o modelo parece estar preenchendo uma necessidade de mercado genuína. A Bridge está no caminho de educar 4,1 milhões de crianças até 2022, com receita anual de US$ 470 milhões.