Se o assunto é comida, ninguém notoriamente foi mais intenso do que o agora saudoso chef e apresentador de programas gourmet, o norte-americano Anthony Bourdain. O sabor é amargo. Mas a receita é de uma ópera pop. Bourdain nos deixa aos 61 anos, por suicídio. A mesma tragédia que vitimou vários ídolos do entretenimento, do cinema, da música e até da moda, como aconteceu essa semana com a estilista americana Kate Spade.
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Sim, a chamada indústria criativa tem suas mazelas. E existem vários chefs igualmente pop graças ao forno dessa indústria. Mas Bourdain foi além. Seu show foi trepidante como um festival de rock e na busca de emoções, no melhor estilo on the road, rodou o mundo atrás de novos paladares e de boas histórias e, assim, conhecer por completo essa emoção que o homem tem com o alimento. Adorava o Brasil, gravando em cidades como Salvador, Belo Horizonte, Belém e São Paulo o que há de mais simbólico na culinária brasileira como moqueca e caldo de mocotó, bebericando caipirinha e aproveitando para treinar o famoso brazilian jiu jitsu.
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Dizem que ele se interessou pelo assunto comendo uma ostra – uma das iguarias mais, digamos, misteriosas, até em sua forma. A partir daí, foi estudar e com seu talento comandou estrelados endereços nova iorquinos e chegou na televisão, com uma fórmula muito própria. Influenciou um pouco todos nós com essa entrega tão visceral que teve com a cozinha. Hoje, no seu cardápio estão a tristeza e a saudade instantâneas por ele e por suas reportagens. Independentemente da fama ou do anonimato, Bourdain se despede, mas não antes sem abrir o paladar e o sorriso de quem não só busca o prazer do que está na mesa, mas sim uma amplitude da vida. Assim como todo chef pode fazer.