Resumo:
- De forma indevida, a empresa de marketing HYP3R guardava publicações de usuários e registrava as localizações;
- O Instagram e o Facebook relataram que a parceria com a companhia foi cancelada e os aplicativos serão atualizados para evitar práticas semelhantes;
- Em defesa, a empresa afirmou que não cometeu nenhuma infração e seguiu as regras e termos de uso das redes sociais.
O Instagram saiu ileso de um grande escândalo de dados que afetou milhões de usuários desavisados. Na contramão das políticas de uso, da decência e do bom senso, parece que um dos parceiros de marketing “selecionados” da rede social tem capturado e armazenado localizações, postagens e stories de milhões de instagrammers, sem que eles se dessem conta.
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A “Business Insider” informou na quarta-feira (7) que “as práticas de privacidade negligentes do Instagram” permitiram isso, “possibilitando que um parceiro confiável rastreasse os locais físicos de milhões de usuários, salve seus stories em segredo e desrespeite suas regras”.
Embora isso lembre o caso da Cambridge Analytica com o Facebook, o perigo aqui é menor. Nenhuma eleição foi distorcida, nenhuma interferência no Estado foi ativada. Mas, se você é um dos milhões que teve o conteúdo salvo sem autorizar, isso provavelmente não serve de consolo.
Mais um abuso de parceiros é revelado
A empresa parceira é a HYP3R, um negócio que se descreve como “uma plataforma de marketing baseada em localização que ajuda as empresas a desbloquear dados geossociais para adquirir e engajar clientes de alto valor”. O problema para a HYP3R é que, de acordo com o relatório, ela tem extraído grandes volumes de publicações no Instagram, contra as regras da rede social, para permitir que sua plataforma de serviços de marketing funcione.
A empresa baseada em São Francisco levantou dezenas de milhares de dólares para desenvolver a plataforma, que “ajuda” as negócios de marketing a se envolverem de forma inteligente com os usuários. A “Business Insider” relata que aqueles perfis de usuários foram “recortados e costurados” em uma violação das regras, e -até agora, pelo menos- bem “sob o nariz do Instagram” por uma empresa reconhecida como “Parceiro de Marketing do Facebook” selecionado.
Instagram toma providências
O Instagram encerrou negócios com a HYP3R no dia da divulgação do relatório, enviando uma carta de interrupção e desistência. Um porta-voz do Facebook disse que “as ações da HYP3R não foram sancionadas e violam nossas políticas. Nós a removemos da nossa plataforma e fizemos uma alteração de produto que deve impedir que outras empresas copiem páginas de locais públicos dessa maneira”.
Os materiais de marketing online da HYP3R deixam bem claro o que a empresa podia oferecer. Resta saber o que o Instagram (e o pai Facebook) sabiam e desde quando. É mais um exemplo, argumentam os críticos, da falta de confiança que existe na capacidade das gigantes das mídias sociais em proteger os dados e a privacidade dos usuários, quando os retornos financeiros de não tomar essas providências de segurança são tão interessantes.
A HYP3R foi capaz de operar “dessa maneira”, porque a frágil segurança permitiu à empresa coletar “mais de um milhão de postagens de Instagram por mês”, com a empresa afirmando em seu próprio marketing ter “um conjunto de dados único de centenas de milhões dos potenciais consumidores valorosos no mundo”. De acordo com a “Business Insider”, a empresa de marketing foi capaz de “construir perfis detalhados de um grande número de pessoas, localizações, seus hábitos e as empresas que frequentam ao longo do tempo”.
Alegações sérias e grave violação de confiança
A localização de usuários, o armazenamento de stories por tempo indeterminado e a coleta massiva de dados públicos são as três alegações feitas pelo Instagram contra a HYP3R. Aproveitando a lacuna de segurança, a empresa de marketing conseguiu juntar todos os posts públicos em locais específicos com geofence e armazená-los em sua plataforma. Isso não apenas violou a privacidade dos usuários, mas essas postagens e stories foram armazenados “indefinidamente” e não sumiram depois de 24 horas, como o esperado.
O alerta vermelho para o Facebook é o grande volume de dados envolvidos, bem como a longevidade da operação, com o escândalo da Cambridge Analytica ainda fresco. “É preciso pouco esforço para o Instagram proteger os dados de localização acessados pela HYP3R”, disse um ex-funcionário a “Business Insider”. “Por que eles não fizeram isso permanece um mistério.”
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Em resposta, a HYP3R negou quebrar as regras do Instagram. A empresa “permite um marketing autêntico e agradável que está em conformidade com os regulamentos de privacidade do consumidor e os Termos de Serviços de redes sociais”, explicou o CEO da HYP3R, Carlos Garcia. “Não visualizamos qualquer conteúdo ou informação que não possa ser acessado publicamente por qualquer um online”.
Mais um caso para ser levado a sério
É animador que o Facebook/Instagram tenha agido. Se as empresas fariam ou não, sem a repercussão política e pública que isso acarreta, é outra história. Mas, para os milhões de usuários que acessam diariamente as plataformas, o sentimento é conflitante. As redes sociais estão tomando providências agora, mas há cada vez mais exemplos de privacidade e abusos de dados sendo revelados.
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