Eles estão em toda parte. San Diego, Bogotá, São Paulo, Bruxelas, Rio de Janeiro, Recife. Qualquer cidade turística importante contempla, atualmente, o serviço de compartilhamento de patinetes, uma solução de mobilidade desenvolvida para atender a chamada última milha. Mais de uma centena delas já conta com o modal.
Mas há quem aposte que essa tendência vai desaparecer com a mesma velocidade com que surgiu. Isso porque ela despertou a ira de motoristas impacientes com qualquer outro meio de transporte que não seja o carro, levantou preocupações crescentes com a segurança dos usuários e ainda não respondeu todas as dúvidas sobre o impacto no meio ambiente.
Este mês, por exemplo, Singapura anunciou a proibição temporária desses pequenos veículos em suas calçadas e, segundo pessoas com conhecimento do assunto, ela pode acabar se tornando um impedimento total em 2020. De acordo com uma reportagem publicada hoje (22) pela “CNN”, a decisão foi tomada depois que um ciclista morreu ao colidir com um patinete elétrico. Um levantamento local revelou que um único hospital do país registrou seis mortes de usuários de patinetes em 2019.
Por aqui, São Paulo – que chegou a proibir e até apreender os patinetes – foi a primeira a reagir e, por meio de um decreto, em maio deste ano, estabeleceu que as empresas de compartilhamento teriam que se credenciar e cuidar da segurança dos equipamentos e dos condutores. Também determinou a obrigação do uso do capacete, definiu locais autorizados e estabeleceu velocidades. A briga foi parar na justiça, que decidiu que a obrigatoriedade do capacete não cabe ao município e sim ao Governo Federal, por meio do Departamento Nacional de Trânsito. As demais normas foram mantidas.
Em julho, foi a vez da prefeitura do Rio de Janeiro definir as regras – para usuários e empresas – para que o transporte pudesse continuar operando na cidade. Entre elas, o estabelecimento de idade mínima (18 anos); limites de velocidade (40 km/h em vias urbanas, 20 km/h em ciclovias, ciclofaixas e faixas compartilhadas, 12km/h para iniciantes e 6 km/h em parques e praças); proibição de circulação nas calçadas; presença de indicadores de velocidade e sinalização noturna nos equipamentos; profissionais para suporte, orientação e atendimento ao usuário disponibilizados pelas empresas de compartilhamento; seguro; e várias outras. As medidas usaram como justificativa o número de acidentes: dois hospitais cariocas registraram, cada um, quase 50 ocorrências entre janeiro e abril deste ano.
Exemplos não faltam. Em setembro, a França baniu o uso dos veículos nas calçadas depois que um usuário foi atropelado e morto por um caminhão. No Reino Unido, eles são proibidos em todas as vias públicas, calçadas e ciclovias. A estrela do YouTube e apresentadora de televisão Emily Hartridge morreu em julho, aos 35 anos, em Londres, em decorrência de um acidente enquanto andava em um patinete. A verdade é que cada cidade tem sua própria regulamentação – quando tem – e, em boa parte delas, a situação ainda não está clara. Em Nova York, por exemplo, o uso de patinetes era proibido, mas uma mudança recente na lei autorizou os veículos para as pessoas que possuem um. O uso compartilhado, no entanto, continuou sendo proibido.
Um dos argumentos para a adoção desses pequenos veículos era criar uma alternativa aos carros e, como consequência, melhorar o trânsito nas grandes cidades. O problema é que, com a facilidade no processo de devolução dos patinetes, eles acabam sendo abandonados realmente em qualquer lugar: no meio das calçadas e das ruas, em pontes e praças. Teve cidade que já precisou providenciar o resgate de alguns deles de dentro do canal. Isso acaba causando problemas para as demais pessoas, principalmente as portadoras de deficiência. “Essas scooters estão se tornando muito irritantes”, tuitou Simon Minty, especialista em diversidade que apresenta um podcast sobre o assunto na “BBC”.
Claro que os defensores da modalidade têm seus argumentos – e eles passam pela redução nas emissões de CO2. Mas, segundo um estudo da Universidade Estadual da Carolina do Norte publicado em agosto na revista “Environmental Research Letters”, os patinetes podem não ser tão verdes quanto imaginamos. Em vez de analisar a pegada de carbono por trecho, a pesquisa estudou o ciclo de vida dos patinetes como um todo – incluindo o alumínio e a bateria de lítio usados em sua fabricação e a adoção de carros por parte de pessoas encarregadas de recolhê-los pela cidade –, e chegou à conclusão que a modalidade é responsável por uma carga ambiental expressiva. Em resumo: o argumento ambiental só vale se outras formas de transporte, mais poluentes, forem substituídas por essa. O problema é que, segundo o pesquisador, muitas pessoas que costumavam percorrer trechos curtos a pé ou de bicicleta estão, agora, apelando para os patinetes.
Isso tem feito com que alguns fabricantes invistam em ciclos de vida maiores para os veículos. Segundo a matéria da “CNN”, a Bird já fala em 24 meses nos modelos mais recentes, enquanto a Lime, startup investida pelo Uber que chegou ao Brasil em julho, tem patinetes de terceira geração que chegam a durar um ano. “Já tomamos medidas para reduzir nosso impacto ambiental, incluindo a racionalização de nossas operações de carregamento, 100% de energia renovável para o funcionamento dos veículos, compensação das emissões da frota e um programa robusto de reparo e reutilização para prolongar o ciclo de vida dos veículos”, disse um porta-voz da companhia.
Apesar dos contras, principalmente no que diz respeito à segurança, o entusiasmo dos adeptos dos patinetes não mostra sinais de declínio, principalmente entre aqueles que substituíram o carro por alternativas que incluem a micromobilidade e aqueles que nunca tiveram um veículo de quatro rodas – e nem querem. O futuro e a continuidade, no entanto, só o tempo será capaz de mostrar.
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Intercâmbio luso-brasileiro
A especialista em intercâmbio CI acaba de fechar uma parceria com a EduPortugal para graduação e pós-graduação no país europeu. A empresa oferece o serviço de mentoria, que consiste em analisar o perfil e o currículo acadêmico do candidato e fazer um estudo, de acordo com as características das universidades, de onde ele tem mais chance de ingressar. Segundo a empresa, a procura pelo ensino superior em Portugal tem crescido desde 2016, ano em que o país passou a aceitar a nota do ENEM para ingresso em suas instituições de ensino. Em sua operação, o país já aparece como terceiro na busca por ensino superior no exterior.
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A guerra dos juros
Em 2016, quando os economistas Guilherme Nasser (foto), Lereno Soares e Renan Coutinho se uniram ao engenheiro Arthur Bonzi Monteiro e aos holandeses Ruud Sneep (PhD em empreendedorismo) e Jacco de Vos (analista de crédito) para criar a fintech Juros Baixos, a taxa básica beirava o patamar de 14,25% ao ano, enquanto os empréstimos pessoais não consignados chegavam a incríveis 130%. A plataforma foi então lançada para comparar as condições de empréstimos em 18 instituições e ajudar na escolha do crédito mais barato. Hoje, a empresa já emitiu mais de R$ 10 milhões de empréstimos e conta com 1,5 milhão de visitas mensais. “Para 2020, a projeção é triplicar o número de instituições integradas e originar R$ 120 milhões em empréstimos”, explica Nasser, CEO da fintech.
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Avião brasileiro na rota das Ilhas Canárias
A companhia aérea espanhola Binter incorporou o primeiro jato E195-E2 da Embraer à sua frota, tornando-se a primeira cliente europeia a receber a maior das três aeronaves da família E-Jets E2. “Esta aquisição é um passo importante na história da nossa empresa, que está se tornando também uma operadora de jatos. Este novo marco, que coincide com a comemoração dos 30 anos da companhia, agrega mais avanços aos que já fizemos nos últimos anos e que ajudam a perseguir nosso principal objetivo: a melhoria da conexão das Ilhas Canárias, entre as ilhas e também com destinos externos”, disse Pedro Augustín del Castillo, presidente da Binter, durante a cerimônia de entrega da aeronave em São José dos Campos ontem (21), onde fica a sede da fabricante brasileira. A aquisição do E195-E2 é parte da iniciativa geral de modernização de frota da Binter, que já tem encomendadas outras quatro unidades do modelo.
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Vai e vem
Fabricio Bloisi, que há seis meses vem atuando como CEO do iFood ao lado de Carlos Moyses, assume, oficialmente, como principal executivo da foodtech e acumula o cargo com a posição de CEO do Grupo Movile. Moyses passa a atuar como vice-presidente corporativo, com foco no crescimento das operações na América Latina. O iFood Brasil encerrou o mês de setembro com 21,5 milhões de pedidos processados na sua plataforma, que atende 882 cidades do país e possui 116,2 mil restaurantes cadastrados.
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Vai e vem 2
O Tortoro, Madureira & Ragazzi Advogados anuncia a chegada de Cláudia Toledo como nova sócia do escritório, que já conta com mais de 200 profissionais. Com três décadas de experiência, a advogada ficará baseada em São Paulo e vai atuar nas áreas de direito constitucional e família e sucessões. Cláudia é graduada em Direito pelo Instituto Toledo de Ensino (ITE) e doutora em Direito Constitucional na mesma instituição, além de mestre em Direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Ela também é reitora do Centro Universitário de Bauru do ITE.
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