Resumo:
- Os britânicos têm lidado recentemente com especulações de que o príncipe Charles poderia assumir o trono da monarquia;
- O caso do expurgo do príncipe Andrew teria servido para Charles mostrar a dureza e a seriedade necessárias para comandar os assuntos reais britânicos;
- Além disso, a idade avançada da rainha Elizabeth fez com que ela mudasse sua agenda de compromissos;
- Especialistas em assuntos da coroa preveem que a rainha vai se aposentar de suas funções no seu aniversário de 95 anos, daqui 18 meses.
Há rumores na mídia britânica de que a destituição do príncipe Andrew, duque de York, de seu status real começou com uma ligação do príncipe Charles, seu irmão mais velho e herdeiro do trono, para sua mãe de 93 anos, a rainha. “Ele tem de sair”, ele teria dito, e ela respondeu emitindo o pedido.
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Tal como acontece com tantas coisas relacionadas à realeza britânica, a conversa não tem confirmação oficial, mas isso não impediu uma nova onda de especulações, que vai de “é hora de acabar com a monarquia inútil” até “é um expurgo e Charles está por trás disso” e “é hora de a rainha se aposentar e finalmente dar uma chance ao príncipe Charles”.
“Os futuros historiadores podem concluir que a conquista principal do príncipe Andrew foi dar à nação um novo verbo”, concluiu Jamie Doward no “The Guardian”, referindo-se à palavra “de-royaled” (algo como des-realezado”), cunhada pelo historiador Robert Lacey, que assessora a série da Netflix “The Crown” e que compara a rejeição de Andrew à abdicação de Edward 8o em 1936: um membro da família real sendo efetivamente removido devido à pressão do público.
“Após uma semana tumultuada em que sua entrevista sobre um acidente de carro sacudiu a Casa de Windsor com tanta força que parecia que seus palácios estavam em perigo de perder seus muros”, escreve Doward, “o Duque de York agora se vê banido de seus deveres. Seu destino é o equivalente no século 21 ao que aconteceu com a realeza menor de épocas anteriores, que foi trancada em asilos, longe do olhar do público.”
Como sabemos, a monarquia britânica superou muitas crises importantes que antecederam mudanças.
Nesse caso, as circunstâncias parecem dar um prognóstico claro sobre o futuro. Primeiro, é o escândalo de Andrew, que mais uma vez mostrou a natureza fragmentada da popularidade da monarquia e os calcanhares de Aquiles de alguns de seus membros.
O escândalo do príncipe Andrew/Jeffrey Epstein também reviveu as controvérsias sobre outros relacionamentos sórdidos e acordos financeiros sombrios nos quais sua Alteza Real se misturou após sua aposentadoria da Marinha Real em 2001.
Em uma coluna pedindo a abolição da monarquia, a comentarista Suzanne Moore escreve: “Aqui está o príncipe Andrew essencialmente sendo destronado. Seu pecado não é a desumanidade, mas dar uma entrevista sobre sua desumanidade… Andrew não era apenas uma maçã ruim, ele vem de um pomar que produz esse tipo de maçã”.
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Depois, há a recente tempestade na mídia causada por outra entrevista na televisão quando o príncipe Harry e Meghan Markle, duque e duquesa de Sussex, falaram de suas dificuldades pessoais em lidar com a interferência dos tabloides em suas vidas e notícias falsas sobre eles, e durante o qual Harry confirmou rumores de dificuldades com seu irmão, o príncipe William.
Mas o principal é a realidade de que a rainha tem 93 anos e, mesmo estando cercada pelos melhores conselheiros (há muitos especialistas reais que duvidam da competência deles), não deveria ter de lidar com escândalos desse tipo.
A pergunta em muitas mentes britânicas: a monarquia está se tornando fraca como a rainha?
“A realeza é como a maioria das famílias”, disse uma fonte real ao “The Guardian”. “Você precisa de um chefe de família para intervir, alguém duro e severo, que resolva tudo, mas eles não têm ninguém no momento. Está tudo deslizando novamente. A rainha se cansou disso. Eles precisa de uma mão mais forte no leme.”
Transição parece ser a palavra do momento. A monarquia britânica entrou em um período que poderia ser chamado de ‘transição em andamento’ que contribui para sua fragilidade e que, inevitavelmente, envolve discussões sérias sobre sucessão.
Para vários comentaristas e especialistas da realeza, a intervenção do príncipe Charles na remoção de seu irmão de todos os deveres reais mostrou que “Charles pode administrar a empresa”.
“Se não foi o príncipe Charles quem realmente puxou o gatilho contra o irmão rebelde Andrew após o escândalo de Epstein, ele certamente carregou a arma”, refletiu o “The Sun”. “E a saída de seu filho favorito sinalizou o que poderia ser o último grande ato da rainha de um reinado que está chegando rapidamente ao fim com uma dignidade silenciosa típica”.
Citando diferentes “fontes reais”, a mídia britânica está prevendo que a rainha Elizabeth, com Charles no comando dos planos, está se preparando para se aposentar no seu 95º aniversário em 18 meses, mesma idade em que seu marido, o príncipe Philip, se retirou da vida pública.
Em sua idade avançada, compreensivelmente, a rainha Elizabeth reduziu suas aparições em eventos e cerimônias oficiais e praticamente não está mais viajando para o exterior. A maioria desses deveres públicos foram assumidos por Charles.
Em 2018, ela completou 283 compromissos, abaixo dos 332 em 2016, enquanto Charles assumiu 507.
Todas as indicações, de acordo com a revista francesa “Le Point”, são que é a hora de “Bórgia em Windsor: A Queda de Andrew, a coroação de Charles”.
A revista cita o historiador Sir Anthony Holden, que diz que a exclusão de Andrew visa proteger a rainha: “No final, é um problema familiar, não institucional, que diz respeito apenas ao oitavo na ordem de sucessão, uma personalidade muito impopular ao público. A monarquia ainda é forte”.
Nesse quadro, a expulsão de Andrew faz parte de um esforço maior orquestrado por Charles, para diminuir o tamanho da monarquia, ele não escondeu isso de ninguém.
“O príncipe de 59 anos, Andrew, é a mais recente vítima do vasto expurgo orquestrado por seu irmão mais velho para reorientar a família real em sua essência”, escreve o “Le Point”. “A realeza oficialmente designada para representar a rainha deve ser reduzida ao mínimo: Charles, William, Harry, suas esposas e seus descendentes.”
A vida na corte (como retratada na série “The Crown”), não deixa espaço para sentimentos. “Sob seu exterior cortês e calmo, o herdeiro do trono sabe ser brutal em nome da razão de estado e da regra eterna do poder”, acrescenta o “Le Point”.
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Chegou a hora do rei Charles? Muito provável. Ele já está sendo apelidado de ‘Rei das Sombras’ por lidar com o furor do escândalo de Andrew.
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