O dólar voltou a subir e fechou em nova máxima histórica hoje (12), com o real mantendo-se entre as divisas de pior desempenho no dia, sob pressão do exterior e de dados locais indicando recuperação econômica mais hesitante.
A narrativa sobre o risco de uma economia mais frágil – a julgar por dados recentes – e a chance de esse cenário trazer novas quedas de juros têm colocado forte pressão sobre o real neste ano, enquanto analistas destacam que a variável que poderá dar algum alento ao câmbio é justamente uma retomada firme da atividade.
Mais cedo, o IBGE reportou que as vendas no varejo caíram 0,1% em dezembro ante novembro, primeira queda na base mensal desde maio, com alta de 2,6% sobre um ano antes. Ambos os resultados vieram mais fracos que o esperado.
Como resultado dos dados, as taxas de DI – referência para apostas sobre o rumo dos juros no Brasil – caíram, indicando maior disposição do mercado a um cenário de mais quedas dos juros, a despeito de o Banco Central ter, na semana passada, elevado a barra para novo afrouxamento monetário.
Juros mais baixos reduzem o diferencial de retornos entre o Brasil e o mundo, o que deixa o real menos atrativo em relação ao dólar e a outros pares emergentes. Enquanto um título brasileiro de um ano paga 4,26% ao ano, o mesmo papel para o México – que ostenta grau de investimento e é um dos principais “concorrentes” do Brasil por investimento estrangeiro – promete retorno de 6,78%.
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O Credit Suisse vê a taxa de câmbio se estabilizando entre R$ 4,25 e R$ 4,45 (patamar ainda não alcançado), com risco de consolidação dado o “rápido ritmo” do movimento recente de alta. Dessa forma, estrategistas do banco vão aproveitar quedas do dólar para “comprarem na baixa”. “Estruturalmente, a falta de ‘carry’ e a natureza unidirecional do posicionamento no mercado de volatilidade nos deixam pessimistas com o real”, afirmaram estrategistas do banco suíço em nota.
Já o BNP Paribas acredita em alguma apreciação neste ano, mas ainda limitada. “Os nossos modelos de taxa de câmbio (BEER e FEER) sugerem que o real está barato no curto prazo”, disseram estrategistas do BNP Paribas em nota a clientes. Os profissionais veem uma “potencial” apreciação do real em 2020, mas ditada por fraqueza global do dólar, e não por fundamentos locais. “Com o atual prêmio, o real não vai superar seus pares”, concluíram.
O real perde 7,8% ante o dólar no acumulado de 2020, pior desempenho entre 33 divisas. Mesmo moedas consideradas até mais voláteis que o real, como rand sul-africano (-5,8%), lira turca (-1,7%) e peso argentino (-2,4%), depreciaram-se menos neste ano. Na outra ponta da lista, o peso mexicano se valorizou 1,7%.
O dólar à vista fechou em alta de 0,56%, a R$ 4,3506 na venda, maior valor nominal já registrado para um encerramento de sessão.
Assim, a moeda voltou a deixar para trás outro recorde, o de R$ 4,3264 na venda contabilizado ontem (11).
Na máxima durante os negócios, a cotação foi a R$ 4,3543 na venda, novo pico intradiário.
Na B3, o dólar futuro tinha ganho de 0,42%, a R$ 4,3530.
A força do dólar no Brasil nesta sessão também veio na esteira de nova alta da moeda dos EUA ante várias outras divisas, conforme persiste a demanda pela segurança do dólar diante dos temores de coronavírus e da maior atratividade dos juros nos Estados Unidos ajustada pelo risco.
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