O dólar superou pela primeira vez a marca de R$ 4,40 reais hoje (21), em meio a um ambiente externo ainda cauteloso e à percepção de que autoridades locais desejam uma cotação mais alta.
Às 11:09, o dólar avançava 0,20%, a R$ 4,4002 na venda contra o real. Na máxima, a moeda norte-americana chegou a tocar R$ 4,4073, novo pico recorde intradia.
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Esta sessão marcava a quinta consecutiva de alta da divisa norte-americana, que já acumula avanço de 9,5% em 2020 em meio à recente onda de aversão a risco nos mercados globais, a evidências de uma economia brasileira ainda em ritmo lento e a persistentes expectativas de quedas de juros locais.
Segundo Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, esse clima de cautela generalizado segue como resultado das dúvidas dos investidores em relação ao surto de coronavírus na China, segunda maior economia do mundo e agente de peso no comércio internacional.
Temerosos sobre o impacto do surto na atividade econômica, agentes do mercado passam a vender divisas mais arriscadas, o que, hoje, impulsionava o dólar contra lira turca, peso mexicano e dólar australiano. Ao mesmo tempo, o iene japonês, considerado um bom abrigo em tempos de estresse geopolítico, econômico e social, subia contra a moeda dos EUA.
Mas fatores domésticos também estão pressionado o real.
“O ruído sobre o (ministro da Economia, Paulo) Guedes deixar o governo está pesando para que investidores reavaliem sua posição aqui”, disse. “Além disso, voltou a falar que câmbio é flutuante e deve ficar desvalorizado.”
O ministro da Economia, Paulo Guedes, reiterou ontem (20) sua avaliação de que o patamar do dólar deve ser mais alto conforme os juros de equilíbrio caem, o mais recente de uma série de comentários sobre a atual dinâmica do câmbio.
Galhardo vê o dólar mais próximo de R$ 4,50, mas ponderou que uma atuação do Banco Central “pode mudar isso”.
Na semana passada, a disparada do dólar levou o BC a realizar leilão extraordinário de swaps, atitude que ajudou o real a se recuperar momentaneamente na quinta-feira (13) e na sexta-feira (14). Desde então, porém, o BC não voltou a intervir sem aviso prévio e tem se limitado a realizar operações diárias de rolagem de swap cambial.
Em nota, a Commcor DTVM disse que “desta vez, tanto ontem, quanto provavelmente hoje, o movimento (do dólar) está bem alinhado ao movimento externo e sem sinais de disfuncionalidade no cupom cambial, o que esvazia apostas de atuação (do BC).”
O cupom cambial é uma taxa de juros em dólar tida como uma medida das condições de liquidez. A taxa do primeiro vencimento está em 2,28% ao ano, em linha com patamares recentes e em queda ante os 2,35% do fechamento da véspera.
Ontem, o dólar à vista encerrou na máxima recorde para fechamento de R$ 4,3916, após alta de 0,59%.
O Banco Central ofertará neste pregão até 13 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em agosto, outubro e dezembro de 2020, para rolagem de contratos já existentes.
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