A agência de classificação de risco Fitch Ratings comunicou a AES Tietê que colocou em “observação negativa” a nota de crédito nacional de longo prazo ‘AA+(bra)’ (AA mais (bra)), além da nona emissão de debêntures quirografárias da companhia que totaliza R$ 2,2 bilhões.
Isso quer dizer que a agência poderá rebaixar o rating, ou seja, a nota de crédito da empresa, caso seja efetivada a operação de fusão com a Eneva.
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A proposta de fusão enviada pela Eneva no início do mês é para a incorporação das ações da Tietê por meio da entrega de ações ordinárias. Os acionistas da Tietê passariam a deter 22,58% do capital social da Eneva. O negócio prevê, ainda, o pagamento de cerca de R$ 2,8 bilhões aos acionistas da Tietê.
“Pelo cenário-base assumido, que pode acarretar o rebaixamento da classificação da emissora (AES Tietê) em um grau, a Eneva utilizará caixa existente e nova dívida a ser emitida para efetuar o pagamento aos acionistas da Tietê”, afirma a Fitch em comunicado.
Ainda segundo a Fitch, o negócio elevaria a alavancagem financeira consolidada da AES Tietê (no caso da fusão efetivada) para uma faixa de 4,0x a 5,0x nos próximos dois anos, o que não é condizente com a nota atual da companhia.
O índice de alavancagem é obtido pela divisão da Dívida Líquida pelo Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da empresa e dá uma ideia ao acionista de quantos anos levaria para a dívida total da companhia ser paga, uma vez mantidos os números deste cálculo.
De acordo com o estudo da Fitch, as projeções com a fusão são de índices em 4,7x para o final de 2020, e de 4,2x para ao encerramento de 2021. A expectativa era de que a Tietê gerenciaria este índice, individualmente, na faixa de 3,0x a 3,5x, com 3,2x em 2020, segundo critérios da agência.
Nos últimos três anos, a alavancagem líquida da Tietê ficou no patamar de 3,4x a 3,8x. Para a agência, a empresa necessita manter este índice limitado a 3,5x (3,85x por até 36 meses em caso de aquisições) “para não descumprir os covenants financeiros de algumas dívidas”. Covenants são compromissos de contratos de financiamento ou empréstimos que servem para proteger os interesses dos credores.
Em fato relevante publicado hoje (6), a Eneva informou que encaminhou pedido à CVM, a Comissão de Valores Mobiliários, de desconsideração do protocolo de oferta de debêntures feito em 27 de fevereiro no valor de R$ 600 milhões. O pedido foi deferido ontem (5) e o cronograma da oferta está sendo reavaliado para realização de novo pedido junto à CVM em até dez dias.
“O pedido foi motivado pela divulgação pela emissora, em 1º de março de 2020, de fato relevante informando a realização de uma proposta vinculante de combinação de negócios entre a emissora e a AES Tietê Energia S.A.”, informa o documento.
As ações das duas companhias apresentavam desvalorização na bolsa brasileira na manhã de hoje (6). ENEV3 tinha queda de 4,80% a R$ 44,40 e TIET11 perdia 4,58% a R$ 17,72.
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Luciene Miranda é jornalista especializada em Economia, Finanças e Negócios com coberturas independentes na B3, NYSE, Nasdaq e CBOT
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