Se você buscar por “consumo de álcool no mundo na quarentena” no Google, vai encontrar mais de 500 mil resultados. A ingestão de bebidas alcoólicas se tornou um problema tão preocupante que a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a exortar que Governos limitem a venda de álcool durante o período de reclusão.
Não é surpreendente que a pandemia esteja mudando a nossa relação com o álcool. O confinamento fez com que, de certa forma, os dias da semana se assemelhassem aos do fim de semana. Já não há mais um vestuário para o trabalho e outro para o descanso. Já não há mais a necessidade de acordar tão cedo para enfrentar o trânsito.
LEIA MAIS: Você não está dormindo bem? Ninguém está, mas é possível corrigir isso
Tenho visto muita gente se sentir atraída a mimetizar, em casa, a vida pré-coronavírus, em que eram comuns os encontros com amigos e com a família, acompanhados de uma taça ou copo de bebida alcoólica. Esse comportamento vem sendo estimulado grandemente pelos happy hours virtuais.
View this post on Instagram
Dr. Arthur Guerra fala sobre como a quarentena está mudando a nossa relação com o álcool
De certa forma, é compreensível que, em uma época em que nos vemos bombardeados de notícias negativas, as pessoas se sintam compelidas a buscar algo que anestesie a sensação de impotência diante da crise. O álcool faz o papel de “muleta”, ao gerar uma sensação de relaxamento e de euforia.
Do ponto de vista médico, há duas questões importantes a serem ressaltadas. As mudanças de hábitos com relação à bebida devido ao distanciamento social são negativas. Por exemplo, abrir uma garrafa de vinho no meio da tarde, algo impensável antes, ou dificuldade para ficar em apenas uma dose. O álcool tem um impacto considerável na saúde mental, ao afetar o nosso humor, nos deixando mais suscetíveis à ansiedade e à agitação, além de reduzir a imunidade, algo particularmente caro em tempos de coronavírus.
Se você sente que a sua relação com a bebida mudou, um exercício interessante é anotar em um caderno os momentos que despertam a vontade de beber. É provável que você consiga identificar alguns gatilhos do seu consumo de álcool. O caminho para gerenciar essa nova relação com as bebidas alcoólicas é o do meio: entender que há certos limites e que a palavra-chave é moderação.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Tenha também a Forbes no Google Notícias.
Baixe o app de Forbes Brasil na Play Store e na App Store
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.