De origem egípcia e apoiado por diplomatas e líderes como sucessor de Roberto Azevêdo, Hamid Mamdouh é um velho conhecido da Organização Mundial do Comércio (OMC). O executivo fazia parte da Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt, na sigla em inglês), que passava por uma crise existencial e estava à beira da extinção. Com a participação de Mamdouh, a sigla foi reformulada e transformada na atual Organização Mundial do Comércio. “O processo de transição levou anos, mas nós precisávamos disso. A economia do mundo estava passando por mudanças substanciais, assim como o comércio”. O executivo fez parte do time da OMC desde sua fundação, em 1995, até setembro de 2017.
Para o candidato a diretor-geral, a organização passa por um momento similar 25 anos após sua criação e a mudança é economicamente substancial. “Se você olhar em volta vai perceber que, novamente, a economia do mundo e como vivemos está mudando: da forma que produzimos ao consumo. E o comércio é exatamente o elo entre esses dois pontos.”
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Mamdouh aponta sua candidatura como assertiva pela vasta experiência que carrega em termos de negociação, gestão e implementação de acordos comerciais, relações governamentais e com as empresas privadas de todos os setores, e sua posição como conselheiro do G20. “Eu analiso a organização, o meu background e penso: um carro precisa estar em condições ideais para ser conduzido. Se seu automóvel quebra, quem você gostaria que estivesse com você?” E defende: “Claro que o funcionamento da OMC depende de membros e governos, mas não seria válido ter à frente um dos engenheiros que construiu o seu carro e o ajudou a funcionar nos últimos 25 anos? Eu sou a pessoa que pode analisar e oferecer um diagnóstico, uma solução e fazê-lo cair na estrada novamente”.
A ideia de que a entidade precisa passar por uma reforma para voltar ao objetivo central de maximizar os benefícios comerciais, é defendida por líderes empresariais e governamentais, mas vista com cautela por outros pelo receio do desmonte da sigla. “Nós precisamos olhar para a organização do futuro e não ficar obcecados sobre como ela está no agora. O momento demanda uma mente aberta sobre a reforma e o que ela pode significar para as relações comerciais futuramente. Diz Mamdouh que completa: “É preciso expandir os negócios e ajudar o comércio a crescer, com regras que garantam produtividade e estabilidade. Os investidores usam tais fatores como medida de peso no momento de investir. Precisamos olhar o que o futuro pede de nós e ter um propósito maior do que manter o status quo”.
Roberto Azevêdo, atual diretor-geral da OMC, anunciou no último dia 14 sua renúncia à direção da entidade, um ano antes do fim de seu mandato. O anúncio vem acompanhado pelo momento de fragilidade do comércio internacional e paralisação do mecanismo da agência para mediar disputas comerciais entre países. O diplomata deve deixar o cargo ainda em agosto deste ano.
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