Como empreendedor social, crio soluções com meu time para gerar impacto nas periferias e favelas do país.
A gente trabalha tanto que, às vezes, esquece de celebrar. Cresci jogando bola na favela e, entre um gol e outro, a gente sempre se abraçava e isso dava ânimo e energizava o time pra atacar novamente. Você se sentia um tanque de guerra pronto pra outra.
Neste semestre, criamos a Falcons University, braço de formação de líderes da Gerando Falcões. Aprendi com o Jorge Paulo Lemann que, se você quer mudar o Brasil, precisa investir em gente. Eu costumo acatar bons conselhos, ainda mais vindo do criador do sonho grande.
A Falcons é a nossa ferramenta de desenvolvimento de gente. O Nelson Mandela criou uma universidade, informal, na prisão. Nós, com apoio da Accenture, VG Educacional e Voa da Ambev, criamos uma na favela. Porque as grandes coisas da humanidade não estão sentenciadas a nascer em Harvard. Podem vir da favela também.
Nosso plano em execução é desenvolver um ecossistema com 540 empreendedores socais, que vão cocriar soluções inéditas para problemas históricos da sociedade.
Daqui poucas semanas, a primeira turma de 25 indivíduos transformadores das favelas de todo o Brasil vai se formar.
Sob a liderança do Lemaestro, cofundador da Gerando Falcões, numa plataforma híbrida de ensino, a turma foi desenvolvida em nove matérias, como gestão, captação de recursos, comunicação, tecnologia, dados, inovação e políticas públicas, entre outras.
No ano retrasado, eu conheci o Guga, quando recebemos o prêmio de Homem do Ano da “GQ”. Em seu discurso, ele disse: “As pessoas me perguntam quando teremos um novo Guga no tênis? Eu respondo que, se quisermos mesmo isso, teremos de desenvolvê-lo”.
Um outro Brasil não vai cair do céu. Vai dar um trabalho danado. Vamos ter que criá-lo. Tem que colocar o dinheiro e a mão na massa. Uma das principais saídas é termos densidade de talentos, oferecendo os melhores serviços sociais na ponta, capazes de mudar a vida das pessoas, assim como a minha mudou.
O Brasil das favelas, no futuro, vai ser diferente também por conta deste ecossistema de líderes sociais, que usam as suas habilidades para gerar impacto.
Mas ainda temos mais para celebrar. Agora, nosso ecossistema de impacto ficará maior, porque lançamos a Hawks, com apoio da Tide Social, um programa de desenvolvimento de jovens talentos das famílias empresariais, dentro da Falcons.
Como somos fascinados por fabricar pontes entre a favela e o centro, a Hawks da Gerando Falcões vai mobilizar jovens de 52 famílias brasileiras nos próximos quatro anos. Cada edição do programa terá seis meses de duração, com experiências pedagógicas na favela, na prisão, em escolas etc.
Já começamos com Bruno Setubal, Otto Baumgart, Sophia Mattar, Marcelo Moraes Macedo e Rafael Hawilla. Não tem custo. O jovem é escolhido. E o preço é dedicar a vida para mudar o Brasil. Estamos fechando a primeira turma com 15 talentos. Ao final do programa, cada um deles vai escolher um problema para nos ajudar a resolver nas próximas décadas, dentro das favelas.
Estes jovens têm acesso à capital econômico, networking, conhecimento e seria um desperdício não estarmos juntos. Aliás, quanto tempo o Brasil perdeu por não estamos juntos, favela e centro? A solução não virá de um nós, mas de todos nós. Com o tempo, esta tecnologia social vai criar uma explosão de transformação.
Não tem problema nascer rico, afinal, a vida é uma loteria. O problema é viver refém da bolha. Não importa de onde vem. O que importa é pra onde vai. Assim como a favela precisa ir pro centro, o centro também precisa ir pra favela.
Eu já levei Jorge Paulo Lemann e Elie Horn à favela. Por conta desta conexão, passamos a realizar coisas incríveis juntos. Agora, vamos fazer o mesmo com as novas gerações das famílias.
Vamos criar a ponte para que o Setubal, o Baumgart, o Moraes, a Mattar e o Hawilla liderem na favela junto com nossos talentos, como a Oliveira, o Ramos, o Gouveia, o Lemaestro. Isso vai, no longo prazo, diminuir desigualdades históricas no país.
Edu Lyra é fundador e CEO da Gerando Falcões. Foi selecionado pelo Fórum Econômico Mundial como um dos jovens brasileiros que podem mudar o mundo, como parte do Global Shapers. Saiu na lista Under 30 da FORBES como um dos destaques do Brasil com menos de 30 anos.
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