Há uma série de perguntas, neste momento, na cabeça das pessoas de todo o mundo que, de alguma forma, lidam com educação: o que as escolas devem fazer no próximo semestre? Devem permitir que os alunos frequentem as aula pessoalmente? Em caso afirmativo, é possível garantir que professores, funcionários e alunos estarão protegidos do novo coronavírus?
Assim Bill Gates começou o texto publicado ontem (13) em seu blog. “É claro que essas questões merecem ser bastante discutidas – e estão sendo. Mas há outro ponto crucial que não podemos ignorar: como será o futuro para as classes do ensino médio de 2020 e além? Por mais que estejamos focados no que vai acontecer neste semestre, também precisamos olhar para os próximos anos. Se não fizermos isso, a Covid-19 poderia – além do terrível preço que já cobrou – inviabilizar permanentemente os sonhos de centenas de milhares de jovens”, pontuou o bilionário, segundo homem mais rico do mundo, com patrimônio estimado pela Forbes em US$ 113,7 bilhões.
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Gates continua relembrando que, em um artigo escrito por ele há algum tempo, já se previa que, em 2025, dois terços de todos os empregos nos Estados Unidos vão exigir alguma educação além do ensino médio. Isso pode envolver uma ampla gama de credenciais, incluindo certificados de treinamento profissional e diplomas de universidades de curta duração ou convencionais. No texto, Gates simplifica chamando todas elas de “faculdades”.
“A Fundação Bill e Melinda Gates vem trabalhando há anos para ajudar mais alunos a terminarem seus cursos universitários. Por meio desse trabalho, aprendemos que é impossível aumentar o número de formandos a menos que mais jovens cheguem à faculdade para começá-las – e isso requer ajudá-los na difícil transição do ensino médio para o trabalho”, diz Gates, revelando que, segundo as estatísticas, se os estudantes não começarem a cursar a faculdade em um prazo de dois anos após a conclusão do ensino médio, fica cada vez mais difícil ter um diploma quando adulto.
Gates exemplifica com números: 30% dos alunos brancos e entre 35% e 40% dos alunos negros e latinos não se matriculam na faculdade nesse prazo de dois anos depois da conclusão do ensino médio – e esses números estão prestes a aumentar com o impacto da Covid-19.
“Existem muitas razões pelas quais os alunos não começam a faculdade. Alguns não estão preparados academicamente, uma situação agravada agora pelo fato de que os estudantes negros e latino-americanos do ensino médio de famílias de baixa renda são significativamente menos propensos do que seus colegas brancos a fazerem aulas online enquanto as escolas estão fechadas”, diz, enfocando uma situação que é bem parecida no Brasil.
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Outra razão, continua Gates, é que muitos alunos não recebem orientações que esclareçam sobre opções de faculdade, vestibular e que os ajudem a descobrir como potencializar a ajuda financeira recebida. E esse é um problema ainda maior agora, já que fechar escolas também significou fechar esse tipo de instituição.
“A inscrição para a faculdade é especialmente difícil para os alunos que são os primeiros da família a ter essa chance. Já é difícil escolher instituições que atendam aos seus interesses, aspirações e habilidades, superar o vestibular e se inscrever para obter ajuda financeira, tudo isso enquanto provavelmente também trabalham. É ainda mais difícil se você não conhece ninguém que já fez isso. E as apostas são altas, pois apenas uma decisão errada pode tirá-lo do caminho do diploma para sempre”, diz.
Em resumo: por causa das barreiras de longa data agravadas pela Covid-19, centenas de milhares de alunos promissores – a maioria deles negros, latinos ou de famílias de baixa renda – podem nunca começar a faculdade. “Isso seria desastroso para esses jovens e para o país.”
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Para tentar minimizar esse impacto, Gates conta que a fundação, que já destinou US$ 53 bilhões para ações de filantropia desde que foi criada, em 2000, está expandindo as parcerias com três organizações que trabalham para dar aos alunos o apoio de que precisam para obter e permanecer no caminho para um diploma universitário: a College Advising Corps, a City Year e a Saga Education.
“Nossa fundação investiu mais de US$ 23 milhões nas três organizações. Mas o financiamento adicional de outros grupos permitiria que elas se expandissem ainda mais. A College Advising Corps visa alcançar 300 mil alunos adicionais e ajudar 69 mil alunos a entrar na faculdade. A City Year poderia triplicar o número de tutores servindo alunos em redes escolares com taxas de evasão altas. Por fim, a Saga poderia dobrar o número de alunos que recebem ajuda de tutoria, conectando-se com 10 mil, 15 mil jovens.
Para o bilionário, todos os jovens deveriam receber orientação para descobrirem qual a faculdade certa para eles. Por conta da Covid-19, esse trabalho é especialmente urgente para as próximas turmas de formandos. “É impossível listar todas as maneiras como a Covid-19 revolucionou o sistema educacional. Tutoria, mentoria e aconselhamento serão uma parte essencial para manter os jovens no caminho para um futuro melhor.”
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