A cárie dentária é causada por bactérias presentes na boca que colonizam a superfície do dente e formam algo chamado biofilme, algo muito difícil de eliminar, do qual a placa é formada. Essas bactérias se alimentam de açúcar, portanto, quanto mais comemos, mais ativas elas se tornam.
As bactérias levam tempo para formar essas colônias pegajosas e, portanto, podem ser evitadas se escovarmos os dentes regularmente de maneira adequada, mas, ainda assim, quase metade da população adulta global apresenta cáries ou obturações resultantes das cáries. Nos Estados Unidos, os números variam de 16% a 32% dependendo da idade, com crianças e jovens apresentando níveis mais baixos de cárie dentária do que pessoas mais velhas.
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Embora existam tratamentos que podem ser aplicados nos dentes para interromper ou prevenir a cárie, eles geralmente apresentam alguns problemas. O diamino fluoreto de prata, por exemplo, pode ser aplicado nos dentes para impedir a cárie, mas é usado com moderação pelos dentistas porque pode manchar os dentes de preto. Já o tratamento com fluoreto de estanho também é utilizado, mas sua principal função é matar bactérias indiscriminadamente, o que não é o ideal e pode promover resistência aos antimicrobianos.
Existem muitas espécies de micróbios que vivem na boca e no intestino, e os pesquisadores agora sabem que tipos e quantidades são importantes. Se o seu microbioma tiver muitos micróbios “maus” e não o suficiente dos “bons”, você pode ter algumas doenças.
“Queremos, basicamente, reduzir as chances de cáries sem interferir na relação entre o restante das bactérias presentes na boca. E uma maneira de fazer isso é não matá-las indiscriminadamente”, diz Russell Pesavento, professor assistente da Universidade de Illinois, que apresentou a pesquisa no encontro virtual desta semana da American Chemical Society, organização norte-americana de químicos que apoia a investigação científica na área.
“Um dos princípios que assumimos é que as bactérias boas ocupam um espaço próprio no ambiente bucal. Isso significa que quando elas são deslocadas, abrem um espaço que pode ser ocupado por bactérias nocivas. Não é uma equação tão simples.”
O tratamento que ele e sua equipe desenvolveram foi projetado para impedir que bactérias grudem nos dentes, mas sem matá-las, já que isso poderia causar mais problemas de saúde. Ele usa nanopartículas de cério, um metal fraco, que podem imitar algumas das qualidades do cálcio. Pesavento, que tem uma patente para a formulação do tratamento, espera que, no futuro, ele possa ser combinado com flúor e aplicado nos dentes para protegê-los das cáries. A maioria dos subprodutos do cério são brancos ou transparentes, então parece provável que não haverá o mesmo problema com a coloração dos tratamentos à base de prata.
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A pesquisa ainda está em estágio inicial e Pesavento avisa que o produto precisa ser testado em pessoas: até agora o material só foi experimentado em laboratório. Mas mostra sinais promissores de que pode impedir a formação de biofilme.
O tratamento reduziu a formação de colônias da bactéria “ruim” Streptococcus mutans, que pode formar placa nos dentes, em 40% em comparação com nenhum tratamento. Notavelmente, o uso de nitrato de prata (que já é utilizado para combater a cárie) nas mesmas condições não inibiu a formação de biofilme.
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