Mesmo com o número colossal de mortes e infectados pelo novo coronavírus, você deve ter percebido que há, entre os seus conhecidos e familiares, aqueles que dizem estar se sentindo bem e até ótimos.
A primeira reação que talvez cruze o seu pensamento ao ler isto é: “como alguém pode dizer isso quando tantas pessoas perderam a vida por causa dessa doença e tantos empregos foram ceivados devido à crise causada por ela?”
A verdade é que a pandemia não vai desaparecer tão cedo, o que significa que temos de encontrar maneiras de lidar com essa dor, com essa preocupação e com esse medo de uma forma que nos seja emocionalmente sustentável no longo prazo.
Buscar alegria nas pequenas coisas, como se permitir contar uma piada para um amigo e rir dela, iniciar uma atividade física tal como uma caminhada no início da manhã, fazer um pão, é uma dessas estratégias.
É interessante notar que estimulamos as crianças a buscarem alegria nas coisas mais mundanas, mas não conseguimos aplicar a mesma lógica a nós mesmos. Penso que nós, adultos, passamos boa parte do nosso tempo tentando dar conta da complexidade do mundo e nos esquecemos de que nem tudo requer uma resposta sofisticada. Prazer também se encontra na simplicidade e na espontaneidade. Por que não nos permitir jogar as pernas para o alto e ouvir uma boa música ou assistir a uma comédia na TV?
Atividades terrenas como essa ajudam a levantar o nosso estado de ânimo. E situações que nos fazem rir, mostra um estudo publicado na Europe’s Journal of Psychology (há vários outros estudos sobre esse tema), são uma maneira efetiva de nos manter resilientes às situações estressantes como essa que estamos vivendo.
Eu sempre tive uma posição mais positiva em relação à vida – creio que esta coluna reflete isso – e sempre procurei encontrar oportunidades em desafios que me foram impostos. A pandemia só veio reforçar que, apesar de tudo, a vida é capaz de nos trazer muito prazer e que devemos buscá-lo nas mínimas coisas no nosso dia a dia.
Eu mesmo me peguei, na semana passada, me atrasando para um compromisso porque a minha cama estava uma delícia. Resolvi ceder a uns minutos a mais de cama, sem culpa, algo impensável para mim antes do coronavírus. Por que não nos permitir pequenas indulgências ainda que em meio à pandemia? Isso também é cuidar da nossa saúde mental.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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