Aos 29 anos, a mineira Ana Laura Magalhães está em total conexão com o sucesso. Sócia da XP Inc. e influenciadora digital na área financeira – através do canal Explica Ana, criado por ela dentro da gestora de investimentos e presente em todas as redes sociais – dona de uma audiência que já atingiu os 9 milhões de acessos. “É uma boa visibilidade e muita responsabilidade”, avalia ela, criadora de conteúdo de informação sobre investimentos – com informações, dicas e entrevistas – atingindo, sobretudo, o público feminino.
“A questão é cultural”, explica Ana ao comentar sobre o fato das mulheres, até bem pouco tempo, não serem vistas como público-alvo de produtos financeiros de investimento. “Era comum as mulheres terem um homem cuidando do seu dinheiro, fosse pai, marido, irmão ou algum parente”, diz. E chama atenção para o fato de ser procurada por muitas mulheres que querem se separar, mas sem abrir mão da situação financeira que dispunham no casamento. “Para isso, é preciso saber como investir”, resume.
Essa necessidade de uma educação financeira também acontece junto a pessoas com mais idade: “Aquelas que passaram por tantas crises e planos econômicos, que desconhecem os muitos produtos à disposição no mercado e acabam perdendo boas opções de investimento, além das escolhas óbvias como investir em imóveis”, observa.
Mas, calma lá! Ana não é nenhum guru das finanças com dicas infalíveis para se multiplicar dinheiro de maneira prodigiosa. “Mesmo porque não existe receita de bolo”, avisa. O que ela faz é chamar atenção para duas perguntinhas básicas: “Quanto se quer investir?” e “Por quanto tempo?”. E aí cada caso é um caso.
Nascida em Uberlândia, Ana sempre gostou de viajar e achou que o caminho era o serviço diplomático. Porém, sempre muito curiosa sobre como funcionam as engrenagens do mundo, acabou fazendo um mestrado em Economia e Política Internacional. E inspirada por um discurso de Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, que ouviu em um evento de Economia há cinco anos, descobriu o que queria ser quando crescer.
Ana lembra que até chegar ao estágio atual, passou por outras empresas e atravessou 17 entrevistas para ser admitida na XP: “Eu era qualificada, mas eles não sabiam exatamente o que fazer comigo. Até que, segundo ela: “Descobri meu lugar ao sol na assessoria de investimentos”. Decidida a desenvolver um outro tipo de comunicação com investidores, criou o canal Explica Ana e está construindo sua própria história. Adianta que conquistou a tão sonhada independência financeira, porém quer mais.
“Nos meus planos está um doutorado, que só não comecei ainda por conta da pandemia, que adiou tudo. Mas é minha próxima meta, porque eu vou ser a PhD que entende tudo sobre finanças”.
A seguir, Ana Laura Magalhães, #MulherdeSucessoResponde:
Donata Meirelles: Qual o seu maior exemplo de mulher de sucesso?
Ana Laura Magalhães: Profissionalmente, admiro muito, e vejo como grande referência da seara financeira, Christine Lagarde, atual presidente do Banco Central Europeu. Tive a oportunidade de vê-la se pronunciando no Fórum do Banco Mundial e do FMI, em 2015, e a partir daquele momento percebi o quanto ela é inteligente e culta, com uma voz potente e muito relevante. É ouvida e respeitada mesmo em um meio onde a presença masculina é dominante. Outro exemplo de sucesso que tenho, como realização pessoal, profissional e de vida, é minha mãe. Ela é uma mulher de muito sucesso naquilo que acredito seja o ponto máximo: construir uma vida da qual ela se orgulha ao olhar para trás.
DM: Qual sua ideia de felicidade no trabalho?
AM: Acredito que a principal razão de ser feliz no trabalho é conseguir entregar bons resultados. É se dedicar e fazer algo que realmente gosta. Tive outras experiências profissionais onde havia a sensação de que eu estava ali perdendo tempo. Para mim, felicidade no trabalho é ter a possibilidade de empregar meu tempo em algo que me deixa realizada e me proporciona qualidade de vida sem precisar abrir mão da minha família e das relações com o mundo exterior.
DM: Eu achava que sucesso era… e descobri que é…
AM: Achava que sucesso era reflexo do dinheiro, que uma pessoa bem-sucedida era consequentemente muito rica, com alto poder aquisitivo. Mas descobri que sucesso vem do reconhecimento dos outros. Pode-se muito bem ser bem-sucedido em um projeto sem grande retorno financeiro, porém que te traz o reconhecimento e o respeito de seus pares e dos concorrentes. Além da satisfação pessoal, já que tudo partiu de uma ideia sua, alinhada com seu propósito e seus valores.
DM: Depois da pandemia qual será a mudança mais significativa na sua área de atuação profissional?
AM: No meu caso, por lidar com internet e redes sociais – com meu canal Explica Ana – a relação com o virtual é permanente. A diferença é que antes da pandemia criar conteúdo online era mais uma das minhas ferramentas de trabalho, hoje é a principal. Percebi que a audiência diminuiu, os seguidores diminuíram, porque todo mundo se tornou um potencial criador de conteúdo e há um certo cansaço de se passar tanto tempo nas redes sociais. A pandemia dividiu a audiência e ter uma concorrência maior no ramo de investimentos acaba sendo complicado. Até porque antes era possível gerar muito conteúdo offline, como visitar gestoras, fazer viagens, promover encontros, reuniões e conversas presenciais. É muito diferente fazer uma apresentação presencial para um comitê de decisão de um fundo milionário, do que simplesmente transmitir uma conversa via Zoom. Por isso é preciso adaptar o conteúdo online a esse quesito.
DM: Se você pudesse escolher um superpoder, qual seria?
AM: Ter a percepção de quando as pessoas estão sendo realmente transparentes e verdadeiras em suas ações e falas. Tive muitas surpresas negativas com as reais intenções de pessoas próximas, principalmente no trabalho. Então, se pudesse enxergá-las com total transparência, em relação a suas intenções e pensamentos, teria muito menos problemas. Tenho essa mania – vista como muito negativa por muita gente – de acreditar em todo mundo.
DM: Que tipo de hábito ou exercício você recomenda para desligar ou aliviar a mente?
AM: Eu adoro ler e gosto de momentos de “solitude” comigo mesma. Como moro com outra pessoa, até offline eu estou socializando com alguém, por isso valorizo tanto esse espaço só meu. Nos fins de semana procuro não encostar no celular e evito trabalhar. Leio, fico em silêncio, desconecto. Também pratico ioga e gosto muito de pedalar. São meus momentos livres para os devaneios.
DM: Qual mensagem você gostaria de deixar para as próximas gerações?
AM: Uma mensagem que eu gostaria de deixar, pensando principalmente no público feminino, que é uma parcela relevante da audiência do Explica Ana: procure se diferenciar através do conhecimento. Vejo mulheres se vangloriando muito mais por serem bonitas e bem vestidas, do que pela formação, estudo e pelo trabalho que realizam. As grandes referências de sucesso no mundo corporativo ainda são masculinas. Está na hora de termos uma maior representatividade não só nesta, mas também em outras searas.
Com Mario Mendes e Antonia Petta
Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.
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