Existe um novo produtor rural e ele é verde, se preocupa com a preservação, sustentabilidade e bem-estar animal, sendo o pilar do sucesso do agro brasileiro.
A pecuária brasileira, assim como a agricultura, deu um salto em produtividade e sustentabilidade. A revolução agrícola que aconteceu nas décadas de 70 a 90 chegou a pouco mais de 15 anos também à pecuária brasileira. Foram desenvolvidas inúmeras alternativas objetivando tornar a pecuária uma atividade mais sustentável: CCN – Carne Carbono Neutro, ILPF – Integração Lavoura, Pecuária Floresta, BEA – Bem Estar Animal, Biodigestores para tratamento de resíduos, Nutrição de precisão, entre outros.
De acordo com a Embrapa, “os recentes ganhos de produtividade dos rebanhos foram obtidos por meio do aumento da eficiência dos sistemas de produção. Isso diminuiu a demanda por novas áreas de pastagens, reduzindo a pressão de desmatamento e contribuindo para a sustentabilidade da pecuária nacional.”
Buscando alternativas sustentáveis, os pecuaristas brasileiros têm adotado técnicas de mitigação de CO2 como CCN – Carne Carbono Neutro, selo desenvolvido pela EMBRAPA que certifica que no processo de produção de carne o CO2 foi mitigado pelas árvores plantadas nos pastos, com técnicas como ILPF, Integração Lavoura, Pecuária Floresta.
A adoção da ILPF – Integração Lavoura, Pecuária Floresta, no setor pecuário teve um aumento de 10% nos últimos 5 anos. Neste sistema, ocorre, como o nome diz, a integração de árvores com pastagens e lavouras em rotação ou consórcio na mesma área. As árvores melhoram o bem-estar dos animais, trazendo conforto térmico, então o animal desempenha melhor ganhando peso. Várias vantagens vêm da adoção desta prática principalmente a conservação de solo e água, primordiais para uma pecuária sustentável.
Outro aspecto da sustentabilidade são práticas de BEA – Bem-Estar Animal, a dedicação do pecuarista aos cinco aspectos do bem-estar animal, alimentação adequada para que mantenham a saúde, acesso à água, instalações seguras, áreas de descanso onde o animal possa expressar seu comportamento natural e manejo livre de estresse vêm aumentando no país.
Biodigestores, outra opção na busca pela sustentabilidade, têm sido adotados para tratamento de resíduos, acreditando que é possível alinhar redução de custos, adubação, autonomia energética, enquanto se dá destinação aos resíduos. O equipamento proporciona um ambiente controlado para a decomposição da matéria orgânica presente nos dejetos por meio da biodigestão, que tem sido avaliada como uma das tecnologias mais eficientes em termos energéticos e ambientais para a produção de bioenergia. Deste processo resultam um biofertilizante e um biogás. Utilizando o material do biodigestor se economiza adubo, energia e se dá destino aos dejetos dos animais, transformando desta maneira um passivo ambiental em ativo energético.
Os produtores rurais adotam estes tipos de medidas sustentáveis, não somente por altruísmo, mas porque sabem que é necessário seguir o caminho da sustentabilidade por razões comerciais. A grande maioria dos pecuaristas brasileiros sabe do desafio que será imposto a eles e vêm observando as vantagens das práticas sustentáveis.
Em 2050 a população mundial será de 9,8 bilhões de pessoas, a produção de carne precisará aumentar em 200 milhões de toneladas. O Brasil possui o maior rebanho bovino do mundo: 222 milhões de cabeças, produzindo 10,96 milhões de toneladas de carne bovina, das quais 8,75 ficam no mercado interno e 2,21 são exportadas, o que nos torna o maior exportador mundial. A cadeia produtiva da pecuária movimenta R$ 167,5 bilhões por ano, empregando aproximadamente 7 milhões de brasileiros, de acordo com o Ministério da Agricultura.
Segundo cálculos do engenheiro agrônomo Maurício Palma Nogueira, diretor da Athenagro, de 1990 a 2018 a produtividade na pecuária aumentou 176%, neste período a produtividade passou de 1,63 @/ha/ano para 4,5@/ha/ano, a produção de carne cresceu 139% e a área de pastagens diminuiu. Ainda segundo Nogueira, “o desenvolvimento tecnológico da pecuária a partir dos anos 1990 foi suficiente para evitar o desmatamento de 270 milhões de hectares. Chega-se a esse número calculando a área necessária para produzir a mesma quantidade atual de carne com o nível de produtividade de 1990.”
Graças ao aumento da produtividade, foi possível preservar áreas nativas, trazendo enorme ganho ambiental, visto que milhões de hectares de florestas deixaram de ser derrubados e foram preservados. Adotando estas técnicas a pecuária brasileira produziu mais animais por hectare, reduzindo assim a produção de gases de efeito estufa por kg de carne produzida.
O Brasil, como um grande produtor e exportador de carne, tem uma posição estratégica e a cadeia produtiva está caminhando para um modelo de produção mais sustentável.
O desafio da pecuária brasileira é produzir em grande escala, mantendo o crescimento da produção, aliado à sustentabilidade, visto que o Agro não é somente uma força comercial, é também um protetor da flora e fauna brasileiras.
Fontes: FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, sigla do inglês Food and Agriculture Organization), Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, MAPA – Ministério da Agricultura e Abastecimento, Athenagro consultoria.
Helen Jacintho é engenheira de alimentos por formação e trabalha há mais de 15 anos na Fazenda Continental, na Fazenda Regalito e no setor de seleção genética na Brahmânia Continental. Fez Business for Entrepreneurs na Universidade do Colorado e é juíza de morfologia pela ABCZ. Também estudou marketing e carreira no agronegócio. E-mail: [email protected].
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